ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Produtos Naturais
Autores
Lopes, A. (UTFPR) ; Fernandez, C.M. (UNIOESTE) ; Gonçalves, J. (UNICESUMAR) ; Bastian, L.F. (UTFPR) ; Frohlich, P.C. (UTFPR) ; Costa, S.I.G. (UTFPR) ; Lobo, V.S. (UTFPR)
Resumo
No intuito de avaliar a qualidade dos óleos essenciais de Capim Limão disponíveis no comercio, buscou-se a realização de testes, verificando-se os valores de suas respectivas características físico-químicas. Foram adquiridas 6 amostras de diferentes regiões do mercado nacional. As amostras foram submetidas a testes de caracterização, assim como a amostra padrão, extraída e armazenada nas condições adequadas na UTFPR–câmpus Toledo. Foi possível observar grande discrepância nas amostras 2, 3, 4 e 6, contendo baixo índice de refração e densidade elevada, além da composição química desses óleos em comparação á literatura. A amostra 1, assim como a amostra padrão, se mostraram mais próximas da indicação de pureza, ficando-se evidente sua instabilidade perante a luz.
Palavras chaves
Óleo essencial; Capim Limão; Fotodegradação
Introdução
Os óleos essenciais (OE) possuem diversas propriedades que permitem sua aplicação na estética, indústria alimentícia, pecuária, agrícola e outras inúmeras; como o fato de serem anti-sépticos. Em geral, os OE na presença de oxigênio, luz, calor, umidade e metais são muito instáveis, sofrendo inúmeras reações de degradação, o que dificulta a sua conservação, fazendo com que o seu processo de armazenamento seja fundamental para a manutenção de sua qualidade. Guimarães (2008) conclui ainda em seus estudos com relação ao óleo essencial de Cymbopogon citratus, que, para fins de comercialização, deve ser estocado ao abrigo da luz, não necessitando de temperaturas muito baixas para seu armazenamento. A maioria dos óleos voláteis possui alto índice de refração e são opticamente ativos, sendo que essas propriedades são utilizadas na sua identificação e no controle de qualidade. Os óleos voláteis também podem ser avaliados através de outros ensaios: miscibilidade com o etanol, índice de refração, poder rotatório, densidade, determinação dos índices de acidez, de ésteres, de carbonilas, além de análises cromatográficas (CCD cromatografia de camada delgada, CG cromatografia gasosa, CLAE cromatografia líquida de alta eficiência) (SIMÕES et al., 2004). Devido a esta vasta empregabilidade, tanto em sua forma mais simples, ou seja, puro ou diluído, como isolando-se compostos presentes, o presente estudo pode prever reações de decomposição e de formação realizada pela degradação dos compostos presentes nos OE devido à interação com os parâmetros de influência utilizados para os estudos, como a luminosidade, o calor, o pH e até mesmo outros compostos utilizados como solventes. Além de avaliar a qualidade intrínseca dos óleos essenciais de Capim Limão, adquiridos de diferentes fabricantes.
Material e métodos
Foram utilizadas 6 amostras de 6 diferentes fabricantes, obtidas em diferentes regiões do pais, aleatoriamente, mantidas à temperatura ambiente, mesmo modo que os locais de comercialização e estocagem. Como padrão, foi utilizada uma amostra de OE extraído através de hidrodestilação pelo método de Clevenger, de plantas cultivadas na região de Toledo-PR. Este OE foi armazenado em Ependorf, envolto por papel alumínio, refrigerado á aprocimadamente 5 ⁰C. Obteve-se as densidades relativas das amostras, através da adaptação da FARMACOPEIA (1988), mesmo princípio utilizado por Santos (2014). O índice de refração foi determinado utilizando-se um aparelho de Abbe conforme norma NBR 5785 (ABNT, 1985). Através do espectrofotômetro UV-VIS (PG INTRUMENTS T80+), utilizando-se cubetas de quartzo obteve-se os espectros de absorção dos componentes presentes. As amostras foram diluídas com Etanol PA 95% de acordo com a curva de calibração adequada para a concentração ideal. As amostras foram submetidas à avaliação cromatográfica utilizando um cromatógrafo CG/MS (modelo Cg 7890B), acoplado á um espectrômetro de massa MS 597ª, com coluna HP 5MS preenchida de sílica, com fragmentação entre 40-500µ, a razão de 0,5scan/s; injetor e temperatura de interface a 220ºC e 240ºC, respectivamente, com razão de fluxo 1:20. Com um aumento de 3ºC/min, após 10ºC/minuto para 270ºC, mantendo a temperatura final por 5 minutos. Os componentes foram identificados por comparação com a base de dados NIST (1998). O OE extraído foi submetido à degradação luminosa utilizando-se lâmpada de Hg em um fotoreator, durante intervalos de 15, 30, 45, 60, 90 e 120 minutos, acompanhada por espectrometria UV-VIS. A lâmpada de Hg fornece irradiação tanto na região do UV quanto na região do visível conforme VIEIRA (2010).
Resultado e discussão
É possível visualizar a diferença entre as amostras 2, 3 e 4 (1,446; 1,467;
1,455 respectivamente), comparando-as com as amostras 1, 5, 6 e padrão
(1,488; 1,485; 1,490; 1,487 respectivamente), e também com os valores
literais de 0,9257±0,02 para a densidade relativa e 1,4813 para o Índice de
refração, conforme afirma Santos (2014). As amostras 2, 3 e 4 apresentaram
densidades acima de 1,0 em desacordo com o padrão literal. Com isto, é
possível denotar diferenças entre suas tonalidades e viscosidade. Mantendo-
se a amostra padrão em 30ppm, conforme a curva de calibração ideal realizou-
se a degradação luminosa acompanhando-se por espectrometria UV-VIS conforme
Figura 1. As amostras comerciais foram submetidas à avaliação espectral,
onde é possível comparar com a degradação na Figura 1. Pode-se afirmar que
as amostras 2, 3 e 4, possuem o mesmo comportamento espectral que as
amostras 1, 5 e P, porém com níveis mais baixos de concentração. Denota-se
que a amostra 6 possui uma característica espectral diferenciada, com uma
elevação em 280nm, caracterizando um outro produto. Observa-se que as
amostras 2, 4 e 6 possuem menores teores de Citral, constituinte majoritário
(CRAVEIRO 1993). As amostras 1 e P apresentam maiores teores destes
constituintes, próximos dos valores de Guimarães (2008). Nas amostras 2, 3 e
4, observa-se a presença de Dipropilenoglicol, que conforme Mapric (2014) se
trata de um solvente plástico possivelmente utilizado para a diluição destes
OE e também a presença de Pulegol, que segundo Brito (2007) são compostos
presentes em plantas mentoladas, em baixas concentrações no Capim Cidreira e
na Erva Cidreira. O Ftalato de Dietila em altos teores nas amostras 5 e 6,
segundo Soares et al. (2014) um composto sintético, muito utilizado em
fragrâncias e cosméticos.
Sobreposição de Espectros, Degradação vs Comerciais.
Constituintes dos OE Comerciais e OE Padrão, Obtidos por CG/MS.
Conclusões
Com base nos compostos apresentados, pode-se afirmar que as amostras 2, 4 e 6, foram diluídas, pode-se ainda denotar que a amostra 6 não se trata de Cymbopogon Citratus, ou ainda pode estar extremamente degradada ou alterada, devido ao baixo teor de Citral e outros Terpenos mais comumente encontrados, além da sua discrepância a forma espectral e de seus valores de densidade e índice de refração. E também a presença de compostos oriundos de plantas da família das Mentas e Hortelãs em algumas amostras, provavelmente oriundos de residuais do processo de fabricação.
Agradecimentos
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 5785: Óleos essenciais: determinação do índice de refração, 1985.
BRITO, A. M. G.; Avaliação da atividade antileishmanial dos óleos essenciais das plantas Cymbopogon citratus (DC.) Stapf., Eucalyptus citriodora Hook., Mentha arvensis L., e Mentha piperita L. 2007. 75 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Ambiente) – Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente – Universidade Tiradentes, Aracaju, 2007.
FARMACOPÉIA Brasileira. 4 ed. São Paulo, Atheneu, 1988.
GUIMARÃES, L. G. L. Influência da luz e da temperatura sobre a oxidação do óleo essencial de Capim Limão (Cymbopogon citratus). Química Nova, Vol. 31, No. 6, pág. 1476-1480, 2008
MAPRIC, Dipropilenoglicol (Baixo odor), Disponível em: <http://www.mapric.com.br/anexos/boletim327_15042008_111515.pdf>, Acesso em 09 de dez. de 2014.
SANTOS, M.S.; et al; Extração e Caracterização Fisico-Química do Óleo Essencial de Capim-Limão (Cymbopogon citratus) Disponível em: <http://www.abq.org.br/cbq/trabalhos_aceitos_detalhes,4817.html> CBQ – Congresso Brasileiro de Química, 2014
SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento, 5ª ed., Florianópolis: Editora UFSC, 2004.
SOARES, L. de S.et al. Determinação de Acetaldeído e Contaminantes em Embalagens de PET e Pós-Consumo Reciclado, Disponível em: <http://www.revistaanalytica.com.br/artigos/16.pdf>, Revista Analytica, Editora Eskalab, São Paulo, 2014.
VIEIRA, R. Estudo da Fotossensibilidade do Óleo Essencial de Rosmarinus officinalis Acompanhada por Espectroscopia UV-VIS. 2010. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Toledo, 2010.