ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Produtos Naturais
Autores
Oliveira, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; de Amorim Barros, D. (UEG) ; Peixoto, J.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Aquino, G.L.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Paula, J.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Vila Verde, G.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS)
Resumo
Pterodon emarginatus Vogel é conhecida como "sucupira branca" ou "faveiro". Seus frutos são utilizados na medicina popular em tônicos hidroalcoólicos para alívio de amigdalites. Fitoconstituintes fenólicos podem apresentar propriedades terapêuticas e, por isso, o presente trabalho teve por objetivo quantificar a concentração dos mesmos nos frutos de P. emarginatus. Para o doseamento de fenóis totais e taninos utilizou-se o método de Hagerman e Butler e para o de flavonoides, o método de Rolim et al. Os teores calculados a partir das amostras de frutos indicam quantidades significativas de fenóis (1,26%) e flavonoides (0,92%) e traços de taninos (0,04%).
Palavras chaves
sucupira; doseamento; fenóis
Introdução
O gênero Pterodon spp. pertence à família Fabaceae, também conhecida como Leguminosae (HANSEN et al., 2010). Esta é uma das maiores famílias entre as dicotiledôneas no Brasil com 3200 espécies distribuídas em 3 subfamílias: Papilionoideae, Caesalpinoideae e Mimosoideae. Ela é bem representada nos biomas brasileiros, sendo a mais significativa no Cerrado com cerca de 777 espécies de 101 gêneros (ALVES et al., 2013; MENDONÇA et al., 1998).Pterodon emarginatus Vogel é popularmente conhecida como "sucupira branca" ou "faveiro". É uma espécie arbórea e aromática medindo de 5 à 10 m de altura (LORENZI e MATOS, 2002; DUTRA et al., 2008 a; ALVES et al., 2013),facilmente encontrada no Cerrado, florescendo entre abril e maio, frutificando entre maio e junho e liberando seus frutos entre junho e agosto (MASCARO et al., 2004). A medicina tradicional utiliza os infusos hidroalcoólicos das sementes de P. emarginatus Vogel. como antirreumático, anti-inflamatório, problemas de coluna, depurativo e fortificante (SANTOS et al., 2010b). Os frutos são direcionados para tratamento de dores musculares, torções, artrites e artrose devido à ação analgésica e antiinflamatória (MORS et al., 1967). O uso mais comum na medicina tradicional da espécie P. emarginatus refere-se ao tratamento às desordens na orofaringe e disfunções respiratórias, tais como: amigdalites e bronquites (DUTRA et al., 2009 a). O óleo amargo quando misturado com água ou tônico hidroalcoólico é empregado na forma de gargarejo obtendo resultados positivos contra a amigdalite (RIZZO e FERREIRA, 1990; BRANDÃO et al., 2002; SILVA et al., 2005). Assim, o presente trabalho teve por objetivo quantificar a a concentração de fenóis totais, taninos totais e flavonoides dos frutos de P. emarginatus.
Material e métodos
Os frutos foram coletados em Jaraguá-GO nas proximidades da BR-153 a 16º53’21’’S 49º15’12’’W. A espécie foi identificada pela Dra. Josana Peixoto e a exsicata depositada no Herbário da UEG sob o tombo 9324. Os frutos foram triturados e para o doseamento dos fenóis totais e taninos nos frutos utilizou-se o método adaptado de Hagerman e Butler descrito por Waterman & Mole (1994). Para flavonoides utilizou-se o método adaptado de Rolim et al. (2005). As amostras foram preparadas utilizando-se 0,75g do material e adicionou-se 150 mL de água destilada e após fervura manteve-se em banho- maria sob refluxo a 80-90ºC por 30 min. O conteúdo foi transferido para balão volumétrico de 250 mL. Em tubos de ensaio, adicionou-se 2 mL de solução de LSS/Trietanolamina, 1 mL de solução de FeCl3; 0,5 mL de amostra preparada e 0,5 mL de água. Após 15 min. de repouso efetuou-se a leitura em espectrofotômetro UV na absorbância de 510 nm. O branco foi preparado da mesma maneira, substituindo a amostra por água destilada. Para a construção das curvas de calibraçãos foram pesados 25 mg de ácido tânico e transferidos para balão volumétrico de 25mL, completando-se o volume com água destilada. Alíquotas de 100, 200, 300, 400 e 500µL desta solução foram transferidas para tubos de ensaio contendo a solução de LSS/ trietanolamina e a solução de FeCl3. Em seguida o volume foi completado para 4 mL com água destilada. Após homogeneização e repouso por 15 min., foi realizada a leitura a 510nm e obteve a curva. Para o doseamento de flavonóides, utilizou-se a rutina. No preparo da amostra utilizou-se 0,75 g do material vegetal em 50 mL de solução metanol:ácido acético 0,02 M (99:1) sob refluxo a 90-100º C por 40 min. e posterior filtração. Em tubos de ensaio adicionou-se 2 mL das amostras e efetuou a leitura da absorbância na faixa de 361nm. O valor da absorbância foi substituído em y, da equação y=a+bx, obtendo-se a concentração (x) em mg/mL. Para cálculo do teor %, empregou-se a equação: % fenóis = x (mg/ mL) . 250 . 102 / m (mg), em que: o número 250 corresponde ao fator de diluição da amostra; x: concentração de polifenóis, em mg/mL, obtida pela equação da reta.
Resultado e discussão
Os frutos foram coletados em Jaraguá-GO nas proximidades da BR-153 a
16º53’21’’S 49º15’12’’W. A espécie foi identificada pela Dra. Josana Peixoto
e a exsicata depositada no Herbário da UEG sob o tombo 9324. Os frutos foram
triturados e para o doseamento dos fenóis totais e taninos nos frutos
utilizou-se o método adaptado de Hagerman e Butler descrito por Waterman &
Mole (1994). Para flavonoides utilizou-se o método adaptado de Rolim et al.
(2005). As amostras foram preparadas utilizando-se 0,75g do material e
adicionou-se 150 mL de água destilada e após fervura manteve-se em banho-
maria sob refluxo a 80-90ºC por 30 min. O conteúdo foi transferido para
balão volumétrico de 250 mL. Em tubos de ensaio, adicionou-se 2 mL de
solução de LSS/Trietanolamina, 1 mL de solução de FeCl3; 0,5 mL de amostra
preparada e 0,5 mL de água. Após 15 min. de repouso efetuou-se a leitura em
espectrofotômetro UV na absorbância de 510 nm. O branco foi preparado da
mesma maneira, substituindo a amostra por água destilada. Para a construção
das curvas de calibraçãos foram pesados 25 mg de ácido tânico e transferidos
para balão volumétrico de 25mL, completando-se o volume com água destilada.
Alíquotas de 100, 200, 300, 400 e 500µL desta solução foram transferidas
para tubos de ensaio contendo a solução de LSS/ trietanolamina e a solução
de FeCl3. Em seguida o volume foi completado para 4 mL com água destilada.
Após homogeneização e repouso por 15 min., foi realizada a leitura a 510nm e
obteve a curva. Para o doseamento de flavonóides, utilizou-se a rutina. No
preparo da amostra utilizou-se 0,75 g do material vegetal em 50 mL de
solução metanol:ácido acético 0,02 M (99:1) sob refluxo a 90-100º C por 40
min. e posterior filtração. Em tubos de ensaio adicionou-se 2 mL das
amostras e efetuou a leitura da absorbância na faixa de 361nm. O valor da
absorbância foi substituído em y, da equação y=a+bx, obtendo-se a
concentração (x) em mg/mL. Para cálculo do teor %, empregou-se a equação: %
fenóis = x (mg/ mL) . 250 . 102 / m (mg), em que: o número 250 corresponde
ao fator de diluição da amostra; x: concentração de polifenóis, em mg/mL,
obtida pela equação da reta.
Doseamento de fenóis presentes em 0,75 g de amostra do fruto de P. emarginatus Vogel.
Conclusões
Os teores calculados a partir das amostras de frutos de sucupira indicam quantidades significativas de fenóis (1,26%) e flavonoides (0,92%) e traços de taninos (0,04%). Tais compostos são importantes por possuírem propriedades antioxidantes, antibacteriana, antiviral, anti-inflamatória, antitumoral e outras. Possuem importância econômica como flavorizante e corante de alimentos e bebidas. Participam da inter-relação entre animais e vegetais expressadas pela alelopatia e atração de polinizadores. Este trabalho contribuiu para a determinação para o perfil farmacognóstico da espécie em questão.
Agradecimentos
À CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro. À Universidade Estadual de Goiás pelo apoio técnico. À UFG pela cooperação-técnica.
Referências
ALVES, S. F.; BORGES, L. L.; PAULA, J. A. M.; VIEIRA, R. F.; FERRI, P. H.; COUTO, R. O.; PAULA, J. R.; BARA, M. T. F. Chemical variability of the essential oils from fruits of Pterodon emarginatus in the Brazilian Cerrado. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 23, n. 2, 2013.
BRANDÃO, M.; LACA-BUENDIA, J. P.; MACEDO, J. F. Árvores nativas e exóticas do Estado de Minas Gerais. Informe Agropecuário, v. 23, n. 217, 2002.
DUTRA, R. C.; BRAGA, F. G.; COIMBRA, E. S.; SILVA, A. D.; BARBOSA, N. R. Atividades antimicrobiana e leishmanicida das sementes de Pterodon emarginatus Vogel. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 19, n. 2-A, 2009a.
DUTRA, R. C.; LEITE, M. N.; BARBOSA, N. R. Quantification of phenolic constituents and Antioxidant Activity of Pterodon emarginatus Vogel seed. International Journal of Molecular Sciences, v. 9, 2008a.
HAGERMAN, A. E.; BUTLER, L. G. Choosing appropriate methods and standards forassaying tannin. J. Chem. Ecol.,v.15, 1989.
HANSEN, D.; HARAGUCHI, M.; ALONSO, A. Pharmaceutical properties of "sucupira" (Pterodon spp.). Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 46, n. 4, 2010.
LORENZI, H. F., & F. J. A. MATOS. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Ed. Plantarum, 2002.
MASCARO, U. C. P.; TEIXEIRA, D. F.; GILBERT, B. Avaliação da sustentabilidade da coleta de frutos de "sucupira branca" (Pterodon emarginatus Vog.) após queda espontânea. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 7, n. 1, 2004.
MENDONCA, J. O; CERVI, A. C.; GUIMARAES, O. A. O gênero Erythroxylum P. Browne (Erythroxylaceae) do estado do Paraná, Brasil. Braz. arch. Boil technol, vol.41, n.3, 1998.
MORS, W. B.; SANTOS, M. F.; MONTEIRO, H. B. Chemoprophyloactic agent in schistosomiasis: 14,15-epoxygeranylgeraniol. Science, v. 157, p. 950-951, 1967.
RIZZO, J. A. e FERREIRA, H. D. Ferreira. Hancornia sp. no Estado de Goiás. In Congresso Nacional de Botânica, 36. Curitiba, Paraná. 533 p. Resumos, 1990.
SANTOS, U.; RAMOS, C. O.; SANCHES, N. M.; SOUSA, F. F. Propriedade antibacteriana dos frutos de Sucupira branca (Pterodon pubescens). Revista Eletrônica de Biologia, v. 3, n. 4, 2010b.