CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUIMIOMÉTRICA DO CHÁ DE CIPÓ-PUCÁ (Cissus sicyoides L.), DA FAMÍLIA Vitacea. PLANTA ENCONTRADA EM FEIRAS E HORTAS PARTICULARES NA CIDADE DE BELÉM, NO ESTADO DO PARÁ.

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Produtos Naturais

Autores

Viana Damasceno, T. (UFPA) ; dos Santos Santos, A.J. (UFPA) ; Rocha Dias Góes, L. (UFPA) ; Souza Ferreira, M.A. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

O chá de Cipó-pucá (Cissus sicyoides L.) é usado para tratamento de inflamações, derrame, diabetes, etc. O objetivo deste trabalho foi determinar propriedades físico-químicas deste chá, com o intuito de gerar informações para o controle de sua qualidade. Foram analisadas 3 amostras de 2 lugares distintos, um sendo da feira livre Ver-O-Peso e a outra de uma horta particular. Foram feitos testes de pH, condutividade elétrica, densidade, sólidos solúveis totais do chá, e umidade e cinzas totais das folhas in natura. Em todos os resultados foi aplicado teste t de Student e análise de componentes principais (PCA) para se perceber ou não distinção das amostras conforme sua origem, tendo sido usado o programa MINITAB 16. A discriminação obtida foi perfeita.

Palavras chaves

chá; controle de qualidade; análise multivariada

Introdução

É notável o crescente uso da fitoterapia como prática médica integrativa, por isso, o uso de fitoterápicos é cada vez mais comum. As utilizações de plantas medicinais são facilitadas pela vasta diversidade vegetal e pelo baixo custo que à terapêutica oferece. A preparação do chá ocorre com a coleta da folha seguida de seu preparo por infusão (adição de água fervente à planta e abafado por 2 a 3 minutos) ou decocção (fervura da planta por 2 a 5 minutos) em água (BRASIL, 2010). A planta da espécie Cissus sicyoides L., também conhecida popularmente como “achite”, “caavurana-de-cunham”, “anil-trepador”, “cipó-pucá” e insulina vegetal, é uma planta da família Vitaceae, apresenta gavinhas simples e raízes pêndulas, possuindo folhas ovadas-cordiformes, com atividade terapêutica comprovada (SILVA; ARAÚJO; OGA; AKISUE, 1996). Segundo Da Silva (1994, apud SOUZA; NETO, 2009) o chá do Cipó-pucá é utilizada pela população nos casos de inflamação muscular, epilepsias, derrame, ativador da circulação sanguínea e ainda empregada para tratamento contra a diabetes. O objetivo deste trabalho foi investigar parâmetros físico-químicos do chá de cipó-pucá (Cissus sicyoides L.), com o intuito de analisar e comparar os chás produzidos a partir de folhas encontradas em locais diferentes, hortas domésticas e no mercado do Ver-o-Peso, da cidade de Belém, no Estado do Pará.

Material e métodos

As folhas de Cipó-pucá (Cissus sicyoides L.) foram obtidas em dois locais distintos, a amostra A foi colhida em horta particular e a amostra B, foi adquirida na feira do Ver-O-Peso, entre os meses de junho e julho de 2015. Todas as análises foram feitas no laboratório de Química Farmacêutica, na Faculdade de Farmácia (UFPA). Primeiramente, foi preparado o chá do cipó-pucá com 1 g da planta e 150 mL de água destilada fervente. Após 30 minutos em repouso, foram realizados os seguintes testes: pH, determinado com o auxílio de um pHmetro portátil; condutividade elétrica (CE), com o emprego de um condutivímetro manual; densidade, em uma proveta com volume de 10 mL, verificou-se a massa indicada do chá para esse volume; sólidos solúveis totais (SST), com o auxilio de um refratômetro manual, sendo seu resultado medido em graus Brix; cinzas (da folha), com a queima da amostra em mufla a 550º C até formação de cinza branca (BRASIL, 2005); umidade (da folha), com eliminação à 105ºC dos compostos voláteis presentes no chá do cipó-pucá. Aos resultados encontrados se aplicou análise de componentes principais (PCA) para se buscar uma separação das amostras de acordo com sua origem (amostras A ou B).

Resultado e discussão

A tabela 1 apresenta os resultados obtidos neste estudo, expressos em termos de média e desvio padrão referentes a análises em triplicata. Os valores obtidos após as análises feitas mostraram que em relação aos parâmetros físico-químicos tanto a amostra encontrada no Ver-o-Peso quanto a obtida em horta doméstica, em alguns parâmetros não possuíram diferenças significativas em seus resultados. Não foi encontrado na literatura dados para as analises aqui tratadas. O pH médio dos chás das duas amostras variou entre 7,01 e 8,26, mostrando um caráter neutro para as soluções preparadas. A condutividade elétrica (CE) encontrada para as duas amostras marcas, foram muito baixa, não havendo diferença significativa deste parâmetro entre as marcas. Para as análises de sólidos solúveis totais (SST) observou-se valores próximo mostrando uma pequena diferença entre as duas amostras. Para as densidades médias os valores aproximam-se aos valores encontrados por Fonseca e Librandi (2008 apud TORTOLA et al., 2014) para tintura de barbatimão (entre 0,90 e 0,97 kg m-3) e por Alvarenga et al. (2009 apud TORTOLA et al., 2014) para a tintura de guaco (entre 0,89 e 0,97 kg m-3). A umidade das folhas de cipó pucá ficou entre 25,20 e 80,70%, mostrando uma grande diferença em relação aos valores encontrados na literatura para chás de outras drogas vegetais: 27,65% para Calendula officinalis L. SOUZA et al. (2010 apud TORTOLA et al., 2014) em especial para a amostra B, que obteve valores entre 75, 91 e 80,70%. Ao se aplicar a análise de componentes principais aos resultados obtidos, se obteve o gráfico da Figura 1, onde se pode perceber que houve uma perfeita separação das amostras conforme suas origens, indicando uma variação dos parâmetros estudados com o ambiente onde se encontram os vegetais.

Tabela 1: Resultados dos parâmetros estudados do chá das folhas do Cip

Legenda: CE=condutividade elétrica; SST=sólidos solúveis totais. Letras iguais indicam não haver diferença significativa (p<0,05) via teste t Student.

Figura 1- Gráfico das componentes principais

Legenda: A e B indicam as origens das amostras. Percebe-se uma perfeita distinção entre os dois grupos de amostras.

Conclusões

Em apenas um parâmetro estudado (densidade), não houve diferenças significativas em seus resultados. Os demais parâmetros se mostraram muito dependentes do local de cultivo do cipó, o que também foi confirmado pela análise de componentes principais (PCA), pois isso ajudou na perfeita formação dos dois grupos no gráfico das PC’s. A PCA também pode ser empregada para a verificação da origem desses cipós.

Agradecimentos

A UFPA e a UFRA

Referências

BRASIL. Métodos Físico-químicos para análise de alimentos. Brasília: Ministério da Saúde, 2005 (Série A. Normas e Manuais Técnicos). IV edição.
SANTOS, R.L. et al . Análise sobre a fitoterapia como prática integrativa no Sistema Único de Saúde. Rev. bras. plantas med., Botucatu , v. 13, n. 4, p. 486-491, 2011 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-05722011000400014&lng=en&nrm=iso (Acesso em 18/07/ 2015)
BRASIL. Esclarecimentos sobre a regulamentação de chás: informe Técnico nº 45, de 28 de dezembro de 2010. Disponível em <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/40512000474583248e6ede3fbc4c6735/informe_45.pdf?MOD=AJPERES> (acesso em 18/07/2015).
SILVA, A.G.; ARAÚJO, L. C. L.; OGA, S.; AKISUE, G. 1996. Estudo toxicológico e farmacológico dos extratos fluídos de Cissus sicyoides L. Rev. bras. farmacogn. vol.5 no.2 São Paulo 1996. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rbfar/v5n2/a01v5n2.pdf> (Acesso em 18/07/2015);
de Araújo Tortola, D.; Carvalho de Souza, E.; Martins Silva, D.; Celi Sarkis Muller, R.; dos Santos Silva, A.. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE AMOSTRAS DO BOLDO DO CHILE (Peumus boldus Molina), COMERCIALIZADAS EM BELÉM-PA, NA FORMA DE SACHÊS. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 54°., 2014, Rio Grande no Norte, 2014. Disponível em < http://www.abq.org.br/cbq/2014/trabalhos/7/5341-18573.html> (Acesso em 20/07/2015).

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