ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Produtos Naturais
Autores
Karolling dos Santos, K. (UFPA) ; Pereira Costa, S. (UFPA) ; Corrêa Barbosa, J. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
Chá é todo produto constituído por uma ou mais partes de espécies vegetais, fragmentadas ou moídas, com ou sem fermentação, tostadas ou não, sendo amplo o seu consumo no Brasil. Com objetivo de avaliar a qualidade de chás de canela comercializadas em ervanarias de Belém-PA e Castanhal-PA, foram selecionadas 4 amostras de 3 marcas diferentes, totalizando 12 amostras. As amostras foram submetidas as análises físico-químicas (pH, acidez, teor de extrativos, densidade e condutividade elétrica) de acordo com a Farmacopeia Brasileira (2005). Os resultados obtidos sugerem que os chás de canela são físico - quimicamente diferentes de outros chás e que os parâmetros estudados não são suficientes para promover a distinção perfeita dos chás de canela de acordo com sua origem.
Palavras chaves
chá ; análise multivariada; canela
Introdução
A canela (Cinnamomum zeylanicum Blume, Lauraceae), também conhecida como “canela-da-índia”, é uma árvore de médio porte, sendo que suas folhas e cascas são utilizadas sob a forma de chá (PIKART et al., 2010). De acordo com a legislação brasileira, chá é todo produto constituído por uma ou mais partes de espécies vegetais, fragmentadas ou moídas, com ou sem fermentação, tostadas ou não (BRASIL, 2005). Os chás têm atraído muita atenção nos últimos anos devido a sua capacidade antioxidante. Devido ao aumento no consumo de produtos derivados de plantas, na forma de chás ou medicamentos, é necessário que haja a garantia da sua eficácia e segurança, através de um controle mais rígido da qualidade desses produtos. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade de amostras comerciais de canela-da-índia (Cinnamomum zeylanicum Blume), comercializadas em ervanarias da cidade de Belém-PA e Castanhal-PA, segundo métodos especificados pela Farmacopeia Brasileira (2005), aplicando análise de componentes principais na discriminação das amostras conforme a empresa que a produziu.
Material e métodos
Foram adquiridas quatro amostras de três marcas diferentes de chá de canela (Cinnamomum zeylanicum Blume), aqui denominadas de A, B e C, totalizando 12 amostras. Sendo duas destas compradas em ervanarias de Belém do Pará (A e B) e uma em feira livre de Castanhal (C), no nordeste do Pará. As folhas de canela foram levadas para o Laboratório de Físico-Química da Faculdade de Farmácia da UFPA, onde foram preparados os chás através da pesagem de 1,0 g de folhas de canela que depois foram introduzidas em 100 mL de água destilada fervente, por dez minutos. Após esfriar os chás e serem coados com papel de filtro qualitativo, foram analisados os seguintes parâmetros físico-químicos, seguindo orientações da Farmacopeia Brasileira (2005): pH, condutividade elétrica (CE), acidez, densidade e teor de extrativos (TE). Aos resultados encontrados foi aplicada análise de variância (ANOVA) seguida de teste de Tukey para verificar as semelhanças dos valores dos parâmetros entre as três marcas estudadas e depois foi realizada a análise de componentes principais para a distinção entre marcas, utilizando o programa MINITAB 16.
Resultado e discussão
Os resultados obtidos se encontram na Tabela 1. O pH médio dos chás das três marcas estudadas variou entre 6,12 e 6,84, havendo diferenças significativas entre os três grupos de amostras, com 95% de significância. Estes valores são superiores aos encontrados para o chá de boldo 3,17 e 5,72 (ARAÚJO TORTOLA et al., 2014), indicando que o chá de canela é menos ácido do que o de boldo. A condutividade elétrica teve suas médias variando de 0,12 a 0,74 mS/cm, também havendo diferença significativa deste parâmetro entre as marcas. A acidez variou entre 0,19 a 0,32 g/100 g valores considerados baixos e inferiores aos encontrados por Araújo Tortola et al. (2014) para o chá de boldo, que foi de 1,44 a 4,60 g/100 g, o que também indica uma menor acidez para esse chá. A densidade média variou entre 0,97 e 0,99 kg/m3, não havendo diferença significativa entre as marcas B e C. Esses valores se aproximam aos encontrados por Fonseca e Librandi (2008) para tintura de barbatimão (entre 0,90 e 0,97 kg m-3) e por Alvarenga et al. (2009) para a tintura de guaco (entre 0,89 e 0,97 kg m-3). Os teores de extrativos tiveram médias entre 16,30 e 18,15%, valores estes inferiores aos encontrados por Araújo e Tortola (2014) para chás de boldo do chile, que variaram em média entre 20,07 e 28,80%. A Figura 1 mostra o gráfico das duas primeiras componentes principais para os parâmetros estudados, onde se percebe que a separação das amostras conforme a sua origem não foi perfeita, mas pode ser considerada como boa, porém indicando haver necessidade de determinações complementares para se ter uma perfeita separação.
Legenda: CE= condutividade elétrica; TE= teor de extrativos. Médias de 3 medições mais desvio padrão.
Legenda: As letras A, B e C indicam as origens das folhas de canela.
Conclusões
As amostras de chá de folhas de canela se mostraram distintos de outros chás, em termos de parâmetros físico-químicos, como o de boldo do chile. Ao se aplicar análise de componentes principais (PCA) aos dados físico-químicos obtidos (pH, condutividade elétrica, teor de extrativo, acidez e densidade) se percebeu que não houve uma perfeita separação das amostras conforme sua origem, sugerindo a necessidade de se analisar outros parâmetros para se chegar em uma separação d3 100%.
Agradecimentos
A UFPA E A UFRA
Referências
PIKART, T.G., G.K. SOUZA, F.C. PIKART, R.C. RIBEIRO & J.C. ZANUNCIO,2010. Registro de Acromyrmex disciger Mayr, 1887 (Hymenoptera:Formicidae) em Cinnamomum zeylanicum (Lauraceae) no Município de Braço do Trombudo, Santa Catarina, Brasil, RJ. EntomoBrasilis, 3(3): 89-91.
BRASIL, RESOLUÇÃO RDC Nº 277, de 22 de setembro de 2005 (ANVISA). Regulamento Técnico para café, cevada, chá, erva-mate e produtos solúveis. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 de set. 2005.
FARMACOPEIA BRASILEIRA. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
ARAÚJO TORTOLA, D., CARVALHO DE SOUZA, E., MARTINS SILVA, D., CELI SARKIS MULLER, R., DOS SANTOS SILVA, A. Avaliação da qualidade de amostras do boldo do chile (peumus boldus molina), comercializadas em Belém-Pa, na forma de sachês. In: 54º Congresso Brasileiro de Química. Natal, 2014.
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