Avaliação da atividade antioxidante do extrato e frações da folha de Erythroxylum deciduum A. St. -Hil. (Erythroxylaceae) coletada em Goiânia, Goiás.

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Produtos Naturais

Autores

Santos, M.R. (UEG - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Melo, L.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Oliveira, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Bastos, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Sousa, W.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Aquino, G.L.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Ferreira, H.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Vila Verde, G.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS)

Resumo

Erythroxylum deciduum possui um habitat diversificado no Cerrado e seus frutos apresentam propriedades tóxicas caracterizadas por convulsões em ovinos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antioxidante do extrato bruto e frações metanólica e acetato de etila obtidos das folhas dessa espécie. A atividade antioxidante foi avaliada através da metodologia de DPPH. Comparado ao extrato bruto e à fração metanólica, a fração acetato de etila apresentou significativa atividade antioxidante com 81,4% de inibição e EC50 de 16,68 µg.mL-1, principalmente quando comparado ao padrão comercial butil-hidroxitolueno cuja EC50 em extrato aquoso é de 54 µg.mL-1 e com a Ginkgo biloba L. considerada um poderoso antioxidante e possui um EC50 de 38,91 µg.mL-1.

Palavras chaves

Erythroxylum deciduum; antioxidante; DPPH

Introdução

As plantas são consideradas uma valiosa fonte de recursos naturais, que tem sido explorada pelo homem há séculos,sendo que a interação do ser humano com o ambiente onde vive e a utilização dos recursos disponíveis marcam a história evolutiva da humanidade (GUERRA,2003; SIMÕES et al., 2004). A maior diversidade vegetal encontra-se nas regiões equatoriais, sendo o Brasil grande detentor dessa biodiversidade com mais de 50.000 espécies (AGUIAR et al., 2004). Como parte desta biodiversidade, encontra-se no Cerrado a espécie Erythtroxylum deciduum, que também conhecida como cocão,guajujura e baga de pomba, trata-se de uma espécie prevalente, encontrada em beira de matas, vassourais e cerrados(LORENZI, 2002). Possui histórico de intoxicação em ovinos por ingestão dos seus frutos (COLODEL et al. 2004).Simoni et al. (2007) em avaliação de extratos de plantas do cerrado, constatou que a espécie tem um grande potencial antiviral contra vírus importantes na veterinária. Em análise fitoquímica das folhas de E. deciduum, Nascimento et al.(2008) isolou o triterpeno hexadecanoato de β-amirina, e os flavonóides 7,4-dimetoxi-quercentina-3-O-β-D- licopiranosideo e quercetina-3-O- α-D- arabinofuranose. Em concentrações específicas, a fração metanólica dos frutos de E. deciduum possui significativa atividade antitumoral (NASCIMENTO, G. et al., 2010). A procura de compostos naturais com alto poder antioxidante faz-se importante, uma vez que este é um processo utilizado para minimizar os sintomas das doenças crônicas degenerativas como Alzheimer e Parkinson. Assim, este trabalho teve como objetivo analisar o extrato etanólico bruto, a fração metanólica e fração acetato de etila provenientes das folhas de Erythroxylum deciduum, visando determinar o seu potencial antioxidante.

Material e métodos

As folhas de E. deciduum foram coletadas em região remanescente de Cerrado no município de Goiânia-GO e registradas nas seguintes coordenadas,latitude: 16°.66’ S, longitude:49°.36’34” O. A identificação botânica foi realizada pelo Prof. Dr. Heleno Dias Ferreira ICB/UFG e depositada a exsicata no Herbário da Universidade Estadual de Goiás sob o tombo de nº.8.192. As amostras foram constituídas de derivados vegetais da folha, sendo: o extrato etanólico bruto, a fração metanólica e fração acetato de etila obtidos segundo a Farm. Bras. 4º. Ed.(1988), Matos (2009) e protocolos de análise de Vila Verde (2011). A avaliação da atividade antioxidante foi feita pelo método consumo do radical livre 1-difenil-2-picrilidrazila- DPPH pelas amostras, através da medida do decréscimo da absorbância conforme Ayscough e Russel (1965). As leituras foram feitas em espectrofotômetro UV- Vis no comprimento de onda 515 nm. Para a curva de calibração do DPPH foram preparados 75 mL de solução estoque de DPPH em metanol na concentração de 30µM, mantida sob refrigeração e protegido da luz. Foram feitas diluições de 25, 20, 15,10 e 5 µM. Para a leitura das amostras foram diluídas em etanol nas concentrações de 15, 10, 5, 2 (µg. mL-1). As misturas reacionais para as amostras foram preparadas adicionando-se 0,1 mL das soluções das amostras e 3,9 mL da solução estoque de DPPH (30 µM). O controle usou-se 0,1 mL de metanol e 3,9 mL de solução estoque DPPH (30 µM), as medidas de absorbância foram feitas a 515 mm, 30 minutos.Como branco foi utilizado 3,0 mL de metanol. Os valores de absorbância em todas as concentrações testadas foram convertidos em porcentagem.A concentração inibitória (EC50) foi calculada pelo programa Microsoft Excel 2010.

Resultado e discussão

As análises demonstraram que o extrato e as frações apresentaram elevada atividade antioxidante frente ao radical DPPH, se destacando o extrato bruto com 67,87 % de inibição, seguido da fração metanólica 80,04 % e da fração acetato de etila com 81,01 % (Fig.1). Compostos que apresentam alto potencial em sequestrar radicais livres possui baixo valor de EC50. O menor valor de EC50 foi obtido pela fração metanólica equivalente a 8,06 µg.mL-1, seguido da fração acetato de etila e do extrato bruto com 8,11 e 11,43 µg.mL-1 , respectivamente (Fig.2).VEIGA et al. (2012) em estudo da atividade antioxidante de 20 espécies da família Lauraceae, uma das mais importantes da Amazônia, destacou que várias espécies do estudo apresentaram alta atividade antioxidante frente ao radical DPPH, dentre elas : E. sericeae (EC50 de 9,77 µg.mL-1), L. martiniana (EC50 de 6,96 µg.mL-1, galhos), M. itauba (EC50 de 10,74 µg.mL-1, folhas), O. minor (EC50 8,21 µg.mL-1, folhas; e 9,08 µg.mL-1, galhos) e S. rubra (EC50 de 10,04 µg.mL-1, folhas; e 8,11µg.mL-1, galhos). O gênero Erythroxylum é conhecido por ter espécies com a presença de compostos fenólicos (CHAVEZ et al., 1996; JOHSON et al., 1998; BARREIROS et al., 2005, NASCIMENTO et al., 2012) sendo que a espécie E. deciduum apresentou quantidade de substância desta categoria (NASCIMENTO, G. et al., 2010). Em estudos com E. campestre St.-Hil., o perfil cromatográfico apresentou picos evidentes de quercetina, um composto fenólico de grande importância farmacêutica (SOUSA, 2013). Em estudos anteriores, Ramos et al. (2013) determinou o teor de flavonóides e fenóis totais no extrato bruto de E. deciduum que correspondeu a 1,87% para os flavonóides e 12,4% para os fenóis totais.

Tabela 1.Percentual de atividade antioxidante (%) do extrato bruto e f

Tabela com os percentuais da atividade antioxidante do extrato e frações (médias +- desvio padrão)

Gráfico 1. Comparativo entre a atividade antioxidante do extrato e fra

Comparativo entre a atividade antioxidante do extrato e frações das folhas de E. deciduum nas diferentes concentrações testadas

Conclusões

Considerando que as substâncias naturais podem ser responsáveis pelo efeito de proteção contra os riscos de muitos processos patológicos. Os resultados descritos neste trabalho demostram a atividade antioxidante significativa dos extratos e frações de E. deciduum, especialmente a fração acetato de etila, quando comparados entre si e inter- espécies. Essa propriedade se deve certamente, à presença de flavonoides e outros compostos fenólicos identificados em estudos anteriores. Assim, ensaios voltados para a pesquisa de atividade biológica desta espécie tornam-se promissores.

Agradecimentos

Universidade Estadual de Goiás pelo suporte técnico e ao Prof. Dr. Heleno Dias Ferreira da Uniiversidade Federal de Goiás pela colaboração.

Referências

AGUIAR, L.M.S., MACHADO, B.M.; MARINHO-FILHO, J. 2004. A Diversidade Biológica do Cerrado. In Cerrado: ecologia e caracterização (L.M.S. Aguiar & A.J.A Camargo, eds.) Embrapa Cerrados, Planaltina, p.17-40.
AYSCOUGH, P. B.; RUSSEL, K.E. Kinetic studies of a phenoxy radical intermediate using optical and electron spin resonance spectroscopy. Canadian Journal Of Chemistry. Vol.45, 1965.
BARREIROS, M. L.; DAVIDA, J. M.; QUEIROZ, L. P.; DAVID, J.P. Flavonoids and triterpenes leaves of Erytroxylum numulária. Biochemical Systematics and Ecology 33 537–540, 2005.
CHAVEZ, J. P.; SANTOS, I. D.; CRUZ, F. G.; DAVID, J. M. Flavonoids and triterpene ester derivates from Erythroxylum leal costae. Phytocheraistry, Vol. 41, No. 3, pp. 941 943, 1996.
COLODEL, E.M.; SEITZ, A.L.; SCHMITZ, M.; BORBA, M.R.; RAYMUNDO, D.L.; DRIEMEIER, D. Intoxicação por Erythroxylum deciduum (Erythroxylaceae) em ovinos. Revista Pesquisa Veterinária Brasileira. 24(3):165-168, jul./set, 2004.
FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 4ª ed. Atheneu, S. Paulo, 1988.
GUERRA, C. B.; BRANDÃO, M.G.L. Plantas Medicinais e Fitoterapia. Belo Horizonte: Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, Gráfica O Lutador, p. 37-45, 2003.
JOHNSON, E. L.; SCHMIDT, W. F. NORMAN, H. A. Flavonoids as markers for Erythroxylum Taxa: E. coca var. ipadu and E. novogranatense var. truxillense. Biochemical Systematics and Ecology. 26, 1998.
LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Vol. 2. Editora Plantarum, Nova Odessa. 368p, 2002.
MATOS, F.J.A. Introdução a Fitoquímica Experimental. 3. Ed. Fortaleza: UFC, 2009.
NASCIMENTO, C. J.; VIOLANTE, I.M.; GARCEZ, W.S.; POTT, A.; GARCEZ, F.R. Biologically active abietane and ent-kaurane diterpenoids and other constituents from Erythroxylum suberosum. Phytochemistry Letters, 402 401–406, 2012.
NASCIMENTO, G.C.; OLIVEIRA, D.R.; SILVA, D.M.; BURGUER, M.C.; LACERDA, E.P.S.; MENEZES, A.C.S. Constituintes Químicos isolados das folhas de Erythroxylum deciduum (Erythroxylaceae). Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação Universidade Estadual De Goías. 10 a 12 de novembro de 2010
PORFIRIO, S.A.P. Estudos de metabolismo in vitro de extractos aquosos de Plectranthus barbatus. Aplicações terapêuticas na doença de Alzheimer. Tese de mestrado. Faculdade de Lisboa, 2009.
RAMOS, D.; SOUZA, L.V.; VILA VERDE, G. M. Perfil cromatográfico do extrato etanólico das folhas de Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. (Erythroxylaceae) e ensaio de letalidade com Artemia salina Leach. Trabalho apresentado na jornada de iniciação cientifica. Universidade Estadual de Goiás, 2013.
SIMOES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, p.1102, 2004.&gid=225&Itemid=1> . Acesso em: 10 nov. 2013.
SIMONI, I.C.; MANHA, A.P.S.; SCIESSERE, L.; HOE, V.M.H.; TAKINAMI, V.H.; FERNANDES, M.J.B. Evaluation of the antiviral activity of Brazilian cerrado plants against animal viruses. Vírus Reviews & Research 12, 2007.
SOUSA, L.V. Perfil cromatográfico do extrato etanólico das folhas de Erythroxylum campestre St.-Hil. (Erythroxylaceae) e ensaio de letalidade com Artemia salina Leach. In: Jornada científica-Semana da Iniciação científica, UEG, Anápolis-GO. 2013.
VEIGA, V. F., ALCANTARA, J. M., YAMAGUCHI, K.L. Investigação do potencial antioxidante e anticolinesterásico de 20 espécies da família Lauraceae. Acta Amazônica, vol. 42(4), 541 – 546, 2012.
VILA VERDE, G.M. Morfologia, Farmacologia e Fitoquímica das folhas de Erythroxylum campestre A. St. -Hil. e Erythroxylum deciduum A. St. -Hil. (Erythroxylaceae). Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós graduação em Biologia Molecular. ICB. Universidade Federal de Goiás. 143p, 2011.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás