ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Produtos Naturais
Autores
Melo da Silva, P.M. (UFPA) ; da Silva Pinheiro, D. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
Com o objetivo de avaliar a qualidade de chás de hortelã comercializados em supermercados de Belém-PA, foram selecionadas 3 amostras de 3 marcas distintas, totalizando 9 amostras. As amostras foram submetidas a análises físico-químicas (pH, acidez, densidade, condutividade elétrica e teor de extrativos) de acordo com a Farmacopeia Brasileira (2005). Considerando que a espécie medicinal Mentha apresenta inúmeras indicações terapêuticas e é comercializada na forma de droga vegetal e em sachês, evidencia-se a importância do controle da qualidade deste produto, seguindo as normas preconizadas pela legislação nacional vigente. Aos resultados encontrados para os parâmetros físico-químicos foi aplicada análise de componentes principais para distinção das marcas dos chás.
Palavras chaves
chá ; controle de qualidade; análise multivariada
Introdução
Originária na Ásia, o hortelã é uma planta herbácea da família Lamiacea com inúmeras variedades cultivadas, pode ser utilizado como tempero em inúmeros pratos, como planta medicinal em infusão e também fornece óleos essências que podem ser extraídos da planta. Na fitoterapia, é indicada como estimulante gástrico nas atonias digestivas, flatulências, cólicas uterinas, anticético bocal, tremores nervosos e calmante (JUNIOR e LEMOS, 2012). Segundo Mendes et al. (2012) as aplicações da planta do gênero Mentha são variadas quanto nas indústrias farmacêutica, cosmética, de alimento, de bebida, fumageira, e na culinária doméstica. Dentro as espécies compõe o gênero, dentro da quiotaxinomia são consideradas por conterem uma serie de componentes, incluído ácidos cenâmicos, agliconas, flavonoides acetilados e glicosídeos esteroidais. Tendo em vista o controle de qualidade do produto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar alguns parâmetros físico-químicos dos chás de hortelã em sachê, comercializados em supermercados de Belém do Pará e aplicar análise de componentes principais (PCA) para investigar uma possível discriminação das amostras conforme a empresa que as produziu.
Material e métodos
Adquiriu-se três amostras de três marcas distintas de chá de hortelã na forma de sachês, compradas em supermercados de Belém do Pará, entre os meses de abril e julho de 2015. A escolha do produto teve como base a disponibilidade dos mesmos nos estabelecimentos visitados. Tais marcas foram aqui denominadas de A, B, e C. Os pós dos chás foram levados para o laboratório de Físico-química do laboratório de Farmácia da UFPA, onde foram preparados conforme orientações contidas nas caixas do produto: 1 sachê de 1 g introduzido em 100 mL de água destilada fervente. Após esfriar os chás, foram analisados os seguintes parâmetros físico-químicos, seguindo orientações da Farmacopeia Brasileira (2005): pH, condutividade elétrica (CE), acidez, densidade e teor de extrativos (TE). Todas as determinações foram executadas em triplicata. Aos resultados encontrados foi aplicada análise de variância (ANOVA) seguida de teste de Tukey para verificar as semelhanças dos valores dos parâmetros entre as três marcas estudadas e depois análise de componentes principais (PCA) para a distinção entre marcas, utilizando o programa MINITAB 16.
Resultado e discussão
Os resultados estão na Tabela 1. O pH médio dos chás das 3 marcas estudadas variou entre 5,52 e 5,51. Estes valores estão dentro da faixa encontrada para a tintura de barbatimão (3,81 a 5,75) (FONSECA e LIBRANDI, 2008), e são inferiores a faixa encontrada para a tintura de guaco (5,77 a 6,34) (ALVARENGA et al., 2009). A condutividade elétrica encontrada para as 3 marcas foram elevadas variando entres 0,83 e 1,37 mS cm-1, comparando com os valores obtidos por Pinho et at. (2012) nos chás de Aroeira, 0,7 mS cm-1, e Tortola et al. (2014) para chá de boldo do Chile, que variou entre 0,2 e 0,3 mS cm-1. A acidez se mostrou baixa sendo que somente a marca C se mostrou significativamente difrentes das outras marcas. No que diz respeito aos valores encontrados na literatura, a acidez encontrada para o chá de boldo no chile e chá de aroreira estão em media 1,44 e 15,24% (TORTOLA et al, 2014; PINHO et al., 2014). A densidade média encontrada foi de 0,99 kg/m3 para as 3 marcas, o que é compatível para o chá de boldo (0,96 e 1,24 kg/m3) (TORTOLA et al, 2014). Valores encontrados por Fonseca e Librandi (2008) para tintura de barbatimão (entre 0,90 e 0,97 kg m-3) e por Alvarenga et al. (2009) para a tintura de guaco (entre 0,89 e 0,97 kg m-3) estão concordantes com o do presente trabalho. O teor de extrativos dos chás de hortelã foi de 44,94; 35,72 e 29,46% para as marcas A, B e C, respectivamente e os resultados registrados na literatura para chás de outras drogas vegetais: 27,65% para Calendula officinalis L. (SOUZA et al., 2010), ou seja, somente a marca C está concordando com o autor, pois as marcas A e B estão com valores mais elevados. A aplicação de PCA (Figura 1) aos dados obtidos revelou uma separação total entre as amostras das 3 marcas.
Legenda: As letras A, B e C representam as três fábricas de chá sob estudo.
Legenda: C.E.= condutividade elétrica. Letras iguais significam não haver diferença significativa entre as marcas, conforme teste de Tukey (p < 0,05).
Conclusões
Alguns parâmetros estudados se mostraram divergentes aos valores encontrados na literatura para outros chás: a condutividade elétrica se mostrou elevada, a acidez apresentou valores a baixo do padrão e os teores extrativos das marcas A e B não concordam com os resultados encontrados na literatura. Os resultados obtidos serviram para diminuir a lacuna existente na literatura sobre parâmetros físico-químicos de chás, mesmo que de forma modesta.. A PCA se mostrou satisfatória na discriminação das amostras de chá de hortelã conforme a empresa produtora.
Agradecimentos
Ao Laboratório de Físico-Química da Faculdade de Farmácia da UFPA
Referências
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