ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Produtos Naturais
Autores
Costa, A.O. (UFMA) ; Barbosa, L.M.P. (UFMA) ; Mendonça, C.J.S. (UFMA) ; Maciel, A.P. (UFMA) ; Furtado, J.L.B. (UFMA) ; Dall'oglio, D.F. (UFMA)
Resumo
Neste trabalho, foi analisado alguns parâmetros físico-químicos, como densidade, viscosidade cinemática e índice de acidez, nos óleos da polpa e da amêndoa da macaúba, extraídos via Soxhlet. Os resultados indicam que esta espécie apresenta boas características como fonte de óleo vegetal para fins energéticos e/ou industriais. Os rendimentos dos óleos foram determinados e verificou-se pequena diferença entre eles, porém pode-se destacar melhores resultados para o óleo da amêndoa. As análises cromatográficas revelaram que os óleos da amêndoa e da polpa apresentam constituintes majoritários diferentes, desta forma podem ser distintamente empregados para fins com potencial energético, farmacológicos e alimentícios.
Palavras chaves
óleo de macaúba; extração via Soxhlet; ácidos graxos
Introdução
O clima tropical do Brasil é ideal para o desenvolvimento de plantas oleaginosas nativas como babaçu, pequi, macaúba etc (MOURA, 2007). Dentre as espécies que apresentam estas características destacam-se as palmeiras de macaúba (Acrocomia aculeata) onde seus frutos apresentam teores de óleo que variam de 50 a 60% em base seca e de 20 a 25% em base úmida. As palmeiras de macaúba são altamente resistentes às pragas e doenças, suportam grandes variações climáticas e apresentam produtividade em óleo que pode chegar a 6000 kg de óleo por hectare (RETTORE; MARTINS, 1983). Além disso, por ser uma planta perene, apresenta baixo custo de manutenção e por isso não é necessário grandes investimentos anuais com o plantio. Os óleos vegetais são compostos de ésteres derivados de glicerol que podem ser classificados em saturados (derivados de acido láurico) e insaturados (derivados do ácido oleico e ácido palmítico) (CETEC, 1983). A principal utilidade da macaúba é a produção de óleos que são extraídos de seus frutos (MOURA, 2010). Em menor quantidade é usada também como matéria prima para rações animais devido ao seu alto valor nutritivo. Entretanto, o óleo pode sofrer deterioração através de reações oxidativas que provocam rancidez, modificações na cor, aroma, sabor e diminuição na qualidade nutricional. Assim, para a utilização de óleo da macaúba, como matéria prima para fins alimentícios, farmacêuticos e energéticos, é necessário analisar as propriedades físico- químicas para avaliar a qualidade do mesmo. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo determinar os parâmetros: índice de acidez, densidade, viscosidade cinemática e rendimento dos óleos extraídos da amêndoa e polpa da macaúba, além da estrutura lipídica após o processo de transesterificação.
Material e métodos
Para a obtenção do óleo, o fruto da macaúba foi coletado na zona rural do município de Nina Rodrigues–MA. As amêndoas foram separadas da polpa e o material foi levado à estufa de circulação de ar forçado, por um período de 86 horas, em temperatura de 65 °C, até atingir peso constante. Os óleos da amêndoa e da polpa foram extraídos via Soxhlet, utilizando hexano como solvente orgânico. O processo de recuperação do hexano foi realizado em rotaevaporador, técnica aplicável em destilações sob temperaturas controladas e vácuo constante. Para a caracterização dos parâmetros físico-químicos (índice de acidez, massa específica a 20°C e viscosidade cinemática a 40°C) foram empregadas as metodologias do Instituto Adolf Lutz (2008). Para obtenção dos cromatogramas, o óleo da amêndoa e da polpa foram transesterificados através da catálise homogênea, utilizando como catalizador o KOH e o metanol como reagentes. Foi preparada uma solução de metóxido de potássio, por meio da diluição de 0,1 g de KOH em 4 ml de álcool metílico. A reação foi realizada sob agitação a temperatura de 60 °C por 1 hora. Para a identificação dos ésteres metílicos, as amostras foram conduzidas a um cromatógrafo a gás, acoplado ao espectrômetro de massas (CG-EM) da marca Shimadzu, com uma coluna capilar (60 m de comprimento x 0,25 mm de diâmetro interno x 0,25 μm de espessura de filme). A amostra foi introduzida em um injetor Split/Splitless onde a coluna capilar fez a separação dos componentes (ésteres) individuais que foram detectados pelo espectrômetro de massa, e seus espectros de massa foram mostrados, analisados e comparados a espectros padrões encontrados na biblioteca contida no equipamento.
Resultado e discussão
A fim de avaliar a qualidade do óleo de macaúba extraído tanto da polpa quanto
da amêndoa, análises físico-químicas foram realizadas nas amostras. O índice de
acidez foi de 0,647 e 2,17 mg KOH/g, para o óleo extraído da amêndoa e da
polpa, respectivamente, os quais são coerentes com a literatura (Lima 2005;
Souza et al 2013). Valores referentes a densidade foram 0,903 e 0,876 g/cm3
para o óleo da amêndoa e da polpa, respectivamente. A
densidade encontrada por Amaral (2007) no óleo extraído da amêndoa foi de 0,913
g/cm3 e para a o óleo da polpa de 0,908 g/cm3 os quais se assemelham com os
resultados obtidos no presente trabalho. A análise de viscosidade cinemática a
40°C para os óleos extraídos da amêndoa e polpa foram, respectivamente, 18,04 e
21,90 mm2/s. A Figura 1 apresenta a identificação dos ésteres metílicos das
amostras dos óleos transesterificados extraídos da amêndoa e a Figura 2 da
polpa.
Através do perfil cromatográfico, Figura 1, foi possível observar que a fase
lipídica do óleo extraído da amêndoa é formada majoritariamente por ácidos
graxos saturados, onde o éster metílico do ácido láurico (C12:0) é o principal
constituinte, isto corrobora com o estudo de Pimenta et al (2010). Em relação
ao perfil cromatográfico do óleo extraído da polpa, Figura 2, a estrutura
lipídica é constituída predominantemente por ácidos graxos insaturados como os
ésteres metílicos do ácido oleico (C18:1) e ácido palmitoleico (C16:1). O
principal éster saturado da polpa foi o palmítico (C12:0). Estes
resultados também estão em concordância com os resultados de Pimenta et al,
(2010). A obtenção de óleo da amêndoa e polpa da macaúba, via extração por
Soxhlet, mostrou rendimentos de 48,33% e 30,85% respectivamente
Perfil cromatográfico (CG-EM) do óleo da amêndoa de macaúba.
Perfil cromatográfico (CG-EM) do óleo da polpa de macaúba.
Conclusões
Os testes físico-químicos realizados no óleo da amêndoa e da polpa apresentaram valores semelhantes aos encontrados por outros autores. O óleo extraído da amêndoa é rico em ácido láurico. Já o óleo da polpa é majoritariamente constituído ácido oléico. Sendo assim, o óleo tanto da amêndoa quanto da polpa mostra viabilidade da exploração da macaúba como matéria prima para fins farmacêuticos, cosméticos e energéticos.
Agradecimentos
À FAPEMA pelo suporte financeiro e o CCAA/UFMA pela disponibilidade estrutural.
Referências
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