ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Produtos Naturais
Autores
Rodrigues, F.S. (UFPA) ; Silva, M.C.R. (UFPA) ; Pinheiro, W.B.S. (UFPA) ; Arruda, M.S.P. (UFPA) ; Santos, K.I.P. (UFPA)
Resumo
O estado do Pará apresenta expressiva atividade madeireira, gerando um grande volume de resíduo. Uma das espécies de maior interesse comercial é a Manilkara huberi (Sapotaceae), conhecida popularmente como maçaranduba, sua madeira é bastante apreciada, devido a sua dureza e principalmente por sua resistência ao ataque de fungos que produzem o apodrecimento. No presente trabalho, foi utilizado o método de HPTLC, para avaliar o perfil fitoquímico e o potencial antioxidante (DPPH) do extrato etanólico de M. huberi (resíduo). Constatou-se o grande potencial antioxidante do resíduo, justificado pela presença de importantes classes de substâncias, como flavonóides, sesquiterpenos, terpenóides e cumarinas, ratificando assim, o grande potencial fitoquímico agregado a este insumo.
Palavras chaves
Perfil Fitoquímico; Potencial Antioxidante; HPTLC
Introdução
O estado do Pará possui expressiva atividade econômica ligada ao setor madeireiro, e é o maior produtor de madeira da Amazônia, apresentando cerca de 40% da produção regional, ocasionando dessa forma, a geração de 7,05 milhões de m3 de resíduos, cerca de 62,39% da biomassa extraída da floresta (VERISSIMO et al. 2002). Os resíduos gerados pela indústria madeireira usualmente tem o destino de aterramento do terreno (72%), a olaria/padaria e a granja (10%), a compostagem/adubação (9%), forno incinerador (5%), a estufa de secagem (2%) e a caldeira de vapor (1%) (PONTES e SANTOS, 2006; SILVA et al. 2007). Uma das espécies madeireiras de maior interesse comercial é a M. huberi (Sapotaceae), conhecida popularmente como maçaranduba, é uma árvore que atinge em média 45 metros de altura e se distribui na por toda região amazônica. Diante da vasta utilização da madeira M. huberi no mercado nacional e internacional e admitindo-se que a mesma gera um grande percentual de resíduo, resultante do processamento da madeira, se faz extremamente necessário um estudo desse resíduo, visando um aproveitamento mais nobre do mesmo, como por exemplo a obtenção de compostos com importante atividade antioxidante. Então, o presente trabalho tem o objetivo de realizar um estudo direcionado à valorização dos insumos oriundos da atividade madeireira na região, que são tratados como resíduos e usualmente causam sérios impactos ao meio ambiente, partindo da definição do perfil fitoquímico via HPTLC (High Performance Thin-Layer Chromatography) e posteriormente, avaliação do potencial antioxidante pelo método de sequestro de radicais livre (DPPH).
Material e métodos
A amostra do resíduo madeireiro de M. huberi foi enviada pela Madeireira Vale Verde, localizada no estado de Roraima - RR. Foi preparado um extrato etanólico (MhREEtOH) e em seguida fracionado, onde se obteve as partições fase acetato (PFAcOEt) e hidroalcoólica (PFAq). As amostras (MhREEtOH, MhPFAcOEt e MhPFAq) foram preparadas à uma concentração de 10.000 ppm (10 mg/L) e inoculadas em 3 volumes diferentes (3µL, 6µL e 10µL) pelo aplicador automático ATS4 (Automatic TLC Sampler 4) em placas HPTLC 10 x 20 da marca CAMAG. A solução padrão foi preparada a uma concentração de 1000 ppm com ácido ascórbico, esculina, brucina, timol e rutina. Para desenvolvimento do método de gradiente amplo, utilizou-se o módulo de eluição AMD2 (Automated Multiple Development 2). A determinação qualitativa do potencial antioxidante das amostras foi realizada pelo método de sequestro de radicais livres de 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH•) segundo a metodologia descrita por Cieśla et al. (2012). Para determinação do perfil fitoquímico utilizou-se reveladores específicos para algumas classes de substâncias, como flavonóides, terpenos, cumarinas, ácidos graxos, terpenóides, derivados de antracenos e alcalóides, segundo os métodos descritos por Wagner e Bladt (1996).
Resultado e discussão
A determinação do perfil químico via HPTLC mostrou a presença de flavonóides, esteróides, terpenóides e cumarinas, conforme exposto na tabela 1.
A avaliação do potencial antioxidante (figura 1), mostrou resultados relevantes,
onde todas amostras apresentaram atividade, com destaque para MhPFAcOEt (inóculos
5, 6 e 7), com grande potencial antioxidante, possivelmente devido a presença de
flavonóides.
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Perfil fitoquímico via HPTLC do resíduo madeireiro de M. huberi.
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Teste qualitativo da capacidade antioxidante do resíduo madeireiro de M. huberi frente ao radical livre de DPPH.
Conclusões
A determinação do perfil fitoquímico do resíduo madeireiro de M. huberi via HPTLC, possibilitou verificar a presença de importantes classes de substâncias como flavonóides, sesquiterpenos, cumarinas e terpenóides, mostrando, o grande potencial fitoquímico agregado a este resíduo madeireiro. Também foi possível avaliar, qualitativamente, o potencial antioxidante do extrato etanólico e as partições fase acetato e hidroalcoólica pelo método de sequestro de radicais livres de DPPH, onde a partição fase acetato apresentou uma acentuada atividade, possivelmente devido à presença de flavonóides.
Agradecimentos
À UFPA, à Madeireira Vale Verde e ao Laboratório Central de Extração.
Referências
CIEŚLA, ŁUKASZ; JAKUB KRYSZEŃ; ANNA STOCHMAL; WIESŁAW OLESZEK; MONIKA WAKSMUNDZKA-HAJNOS. Approach to develop a standardized TLC-DPPH test for assessing free radical scavenging properties of selected phenolic compounds. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, v. 70, p. 126–135, November 2012;
PONTES, S.M.A.; SANTOS, R.C. Resíduos das industrias madeireiras: Um estudo de caso nas serrarias de Rio Branco – Acre. Biomassa & Energia, v. 3, n. 1, p. 17-25, 2006;
SILVA, M. G.; NUMAZAWA, S.; ARAUJO, M. M.; NAGAISHI, T. Y. R.; GALVAO, G. R. Carvao de residuos de industria madeireira de titsespecies florestais exploradas no municipio de Paragominas, PA. Acta Amazonica, v. 37, n.1, p. 61-70, 2007;
VERÍSSIMO, A., LIMA, E. e LENTINI, M.; Pólos Madeireiros do Estado do Pará. Belém : Imazon 2002.
WAGNER, H; BLADT, S. Plant Drug Analysis: A Thin Layer Chromatography Atlas. Springer Science & Business Media, 2 Ed. p384, 1996.