ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
Ferreira Carcará da Silva, A.C. (IFPI) ; Elliton Feitoza de Almeida, E. (IFPI) ; Nunes da Silva Lopes Júnior, N. (IFPI) ; Santos Silva, E. (IFPI) ; da Cruz Oliveira Júnior, P. (IFPI) ; Fernandes de Sousa, G. (IFPI) ; da Silva Araújo, E. (INCURSOS) ; Wilbur Lopes Andrade, A. (UFPI) ; Augusto dos Santos Nascimento, C. (BENJAMIN BATISTA) ; Batista da Costa, F. (IFPI)
Resumo
Os produtos naturais são substâncias pertencentes a diversas classes químicas sintetizadas por seres vivos. Estes produtos podem apresentar atividade farmacológica, potencial para utilização como materiais poliméricos ou compósitos entre outras aplicações de interesse econômico. O presente trabalho teve como objetivo explorar o conhecimento científico envolvido nas técnicas de extração de substâncias componentes de plantas medicinais para enriquecer o ensino de química em turmas de ensino médio. Aplicando-se as técnicas de extração e identificação dos princípios ativos das plantas, este experimento permitiu a aproximação de saberes populares com conhecimentos científicos, principalmente interações intermoleculares e ação farmacológica de extratos de diferentes espécies vegetais.
Palavras chaves
Alunos; Química; Produtos naturais
Introdução
Os produtos naturais podem ter diversas aplicações dentro do mercado agropecuário, na indústria, na medicina popular e no setor farmacêutico. Por produto natural entendem-se substâncias pertencentes a diversas classes químicas sintetizadas por seres vivos. Estes produtos podem apresentar atividade farmacológica, potencial para utilização como materiais poliméricos ou compósitos entre outras aplicações de interesse econômico. Assim, a biodiversidade é a fonte de matéria-prima de produtos naturais e países como o Brasil tem-na em abundância em suas florestas tropicais. O Brasil detém aproximadamente um terço da flora mundial. Porém, os países desenvolvidos, como os EUA, Japão e os europeus são os que mais manufaturam e comercializam produtos naturais (ALMEIDA et al., 2005). A escolha da metodologia a ser empregada no processo extrativo deve levar em conta as características da parte da planta utilizada e as propriedades físico-químicas das substâncias a serem extraídas para que se alcancem as frações e/ou substâncias de interesse. Quando o que se busca é um fármaco,a escolha da planta parte de um levantamento bibliográfico, selecionando-se as espécies por meio de pesquisa quimiotaxonômica, cujosaspectos morfológicos, associados à identificação de segmentosbotânicos, podem indicar a presença de determinados grupos químicos que tenham atividade farmacológica (KLEIN, et al., 2009). Devem ser levados em conta também os dados etnobotânicos, advindos da observação do uso popular de plantas para fins terapêuticos nas diferentes sociedades (ALMEIDA et al., 2005). O presente trabalho teve como objetivo explorar o conhecimento científico envolvido nas técnicas de extração de substâncias componentes de plantas medicinais para enriquecer o ensino de química.
Material e métodos
Participaram da pesquisa três turmas (80 alunos) de 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública estadual de Teresina-PI. Orientou-se aos alunos realizarem uma busca etnobotânica. Selecionou-se a planta e as suas partes a serem utilizadas no experimento. Utilizaram-se as partes sadias e limpas, livres de insetos ou doenças, seguindo da lavagem desta em água corrente (FREITAS, [s.n.]). Os alunos coletaram algumas plantas, erva cidreira e boldo, sendo que retiraram parte do caule e folhas. Depois procedeu-sea escolha das partes que poderiam ser utilizadas e a lavagem em água corrente do material coletado. A seguir,dividiu-se a turma em dois grupos, sendo que cada grupo responsabilizou-se por um tipo de planta. Eles fizeram as técnicas de maceração que consiste em pegar parte da planta e pisar. Depois disso foi feita a infusão a quente, que consiste em colocar o material em um recipiente com agua fervente, como se estivéssemos fazendo um chá, e a seguir foi realizada a cromatografia em papel, usando como eluente o clorofórmio. Com uma caneta fez-se vários riscos no papel filtro e os alunos puderam diferenciar as espécies com cada cor que aparecia no papel.
Resultado e discussão
As plantas medicinais representam fator de grande importância para a manutenção das
condições de saúde das pessoas. Aplicando-se as técnicas de extração dos ativos das
plantas estudadas e a identificação destes por cromatografia em papel os alunos
adquiriram novos conhecimentos de extração das diferentes partes da planta.
Depois de aplicada a metodologia nas três salas, percebeu-se que os alunos
mostraram-se interessados pelo conteúdo e através de questionário aplicado vimos que
aprenderam de forma satisfatória o conteúdo.
Algumas questões levantadas no questionário foram:
“Quais plantas você utiliza na sua casa como ‘cura’ para algum tipo de doença?”
85% dos alunos disseram que usam sempre plantas como boldo, cidreira, casca de
laranja; 15% não responderam.
“Você concorda que esse experimento lhe ajudou a entender alguns saberes sobre
plantas que já possuía?”
90% dos alunos disseram que sim, aproximou-lhes da realidade em que vivem; 10% não
souberam responder.
“Com relação a cromatografia em papel, você soube dizer porque apareceram diferentes
cores quando colocamos em contato com as plantas?”
70% dos alunos responderam terem entendido do assunto, 20% tiveram dúvidas; 10% não
responderam e para estes, explicamos novamente o fenômeno.
Este experimento permitiu a aproximação de saberes populares utilizados e difundidos
ao longo de várias gerações com a aquisição de novos conhecimentos científicos pelos
alunos, principalmente, interações intermoleculares e ação farmacológica de extratos
de diferentes espécies vegetais.
O processo de ensino-aprendizagem em química deve ser organizado com base em temas
amplos de estudo. Os alunos são intensamente envolvidos na execução de atividades
problematizadoras em que buscam e sistematizam conhecimentos.
Conclusões
O mais importante dos nossos resultados foi a participação dos alunos, sempre de forma bastante interativa.Queremos que ocorra sempre a vontade de revisar e assim entender o conteúdo. Isso possibilitará à turma uma maior criatividade e desempenho diante do trabalho que será apresentado.
Agradecimentos
Agradecemos a todos que nos ajudaram com esse trabalho. Ao Pibid, ao colégio Benjamin Batista e Ifpi pelo apoio que nos foi dado.
Referências
ALMEIDA, A. A. Verificação da qualidade dos fitoterápicos sene e boldo-do-chile comercialização na região deCampinas. Revista de Ciências Médicas, v. 14, n. 3, 2005.
FONSÊCA, S.G.C. Farmacotécnica de fitoterápicos. Universidade Federal do Ceará. Ceará, 2005.
FREITAS, M. R. F. Coleta e preparação de plantas medicinais. S.n.
KLEIN, T. et al Fitoterápicos: um mercado promissor. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. V. 30, n 3, p. 241-248, 2009.
RASKIN et al. Plants and human health in the twenty-first century.Journal Trends in Biotechnology. v. 20, n. 12, p. 522-531, 2002.
SCHANEBERG etal.The role of chemical fingerprinting: application to Ephedra. Phytochemic, v. 62, p. 911-918, 2003.