A Química da vela: uma Abordagem Experimental Problematizadora no Ensino de Hidrocarbonetos

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Martins Cutrim, F. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Machado da Silva, M.C. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Corvel, R.C. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Carvalho Costa, A. (CENTRO DE ENSINO GONÇALVES DIAS) ; Brandão Cavalcante, K.S. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; de Magalhães Sena de Jesus, A. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO)

Resumo

Este trabalho relata a experiência didática de bolsistas do subprojeto de Química do PIBID-IFMA em uma das suas escolas conveniadas, ocorrida durante uma proposta estratégica experimental problematizadora durante o estudo do conteúdo de hidrocarbonetos. A atividade experimental ‘‘A Química da Vela’’, desenvolvida com alunos do 3º ano, promoveu uma aprendizagem significativa que favoreceu o desenvolvimento de reflexão, debate e autonomia em sala de aula.

Palavras chaves

Problematização; Química ; Hidrocarbonetos

Introdução

Diversas discussões são feitas acerca da importância da experimentação como instrumento motivador da aprendizagem no ensino de química. Segundo Giordan (1999) além de desenvolver maior motivação nos alunos ainda favorece o envolvimento em atividades subsequentes. Apesar das diversas reflexões acerca do assunto, muitos docentes aplicam experimentos que se configuram como simples comprovação do que foi estudado nas aulas teóricas. Experimentos meramente ilustrativos, que não manifestam o caráter reflexivo, questionador e impossibilitam as discussões que contribuem para a construção do conhecimento científico. Dessa forma, é visto a importância da aplicação de experimentos problematizadores que favoreçam a reflexão crítica, desperte a curiosidade e possibilite o debate de ideia entre os alunos. Desta forma, possibilita que os alunos deixem a posição passiva de simples receptor do conhecimento ao qual é geralmente submetido (DELIZOICOV, ANGOTTI e PERNAMBUCO, 2003). Essa técnica de ensino ainda favorece a possibilidade de aprendizagem significativa (teoria da aprendizagem proposta pelo norte-americano David P. Ausubel), que propõe que o conhecimento é compreendido pelo aluno quando este se dá conta do significado do mesmo segundo seus conhecimentos prévios e experiências individuais (PELIZZARI, at all, 2002). Nessa perspectiva, foi desenvolvida a atividade experimental ‘‘A Química da Vela’’ como uma proposta de favorecer a aprendizagem das propriedades dos hidrocarbonetos com o objetivo de realizar com os alunos a investigação da inflamabilidade de alcanos utilizando a parafina da vela e a mistura dos gases propano e butano contidos em acendedores.

Material e métodos

Para a atividade ‘‘A Química da Vela’’ foram necessários oito velas e dois acendedores tipo isqueiro. A estratégia de intervenção pedagógica foi realizada no Centro de Ensino Gonçalves Dias, escola da rede pública conveniada ao PIBID- IFMA, campus São Luís/Monte Castelo. A turma foi dividida em dois grupos, sob a orientação dos bolsistas de iniciação a docência. No início da atividade, os alunos fizeram a leitura de um texto introdutório presente no roteiro de prática no qual foram exposto conceitos acerca da classe de hidrocarbonetos ao qual pertence à cera da vela, ponto de ebulição, combustível e reação de combustão. A vela foi acesa e durante a sua queima foram discutidos alguns questionamentos que instigam os alunos a refletirem - Pensando Quimicamente - presentes no roteiro da prática. Por exemplo, ‘‘Sabendo-se que butano e o propano são gases à temperatura ambiente, enquanto a cera da vela é um sólido. Por que há essa diferença de estado físico entre esses gases e a mistura de alcanos que compõe a cera da vela?’’ e ‘‘Um alcano de cadeia aberta, não ramificada e com dez átomos de carbono está em qual estado físico à temperatura ambiente (25º C)? Justifique.’’ Para proporcionar maior entendimento dessa relação, a cera da vela (que contém uma mistura de alcanos de alto peso molecular) foi comparada com os gases butano e propano (baixo peso molecular) presentes nos acendedores de modo a explanar que os alcanos de cadeia menor são consumidos mais rápido que os de cadeia maior. Após a aplicação da atividade, em uma aula seguinte, foi aplicado um questionário para diagnosticar a aprendizagem adquirida pelos alunos.

Resultado e discussão

O caráter problematizador desta atividade se baseia na oportunidade de possibilitar abordagens que instiguem os estudantes a refletirem, levantarem hipóteses e encontrarem explicações para os questionamentos de maneira autônoma, despertando o seu pensamento crítico e reflexivo. Através da observação da queima da vela e dos questionamentos propostos no roteiro da prática foi promovido debate, reflexão e construção do conhecimento. A discussão das questões presentes no roteiro favoreceu um espaço para discussão e levantamento de hipóteses na qual os alunos foram capazes de dizer as respostas de acordo com o que foi estudado. A pergunta sobre o estado físico dos alcanos favoreceu o debate sobre a relação da estrutura das cadeias carbônicas de hidrocarbonetos do tipo alcano e o estado físico em que ele se encontra na natureza, além de abrir espaço para falar de ponto de ebulição e reação de combustão. Uma das questões presentes no questionário aplicado após a prática foi ‘‘O que você conseguiu aprender sobre as propriedades dos alcanos ou parafinas?’’. Tal questionamento possibilitou aos alunos um espaço para falarem sobre os conhecimentos adquiridos com a prática e a partir das repostas obtidas nele foi possível perceber que a aprendizagem foi significativa segundo a teoria de Ausubel. As respostas obtidas demonstraram a aquisição de competências e habilidades que favoreceram o desenvolvimento crítico e reflexivo, de modo que puderam organizar seus próprios conceitos através do experimento, como pode ser observado pelas respostas dos alunos(Tabela 1). A vantagem dessa atividade foi a possibilidade de desenvolver a reflexão, espaço para debates, discussão professor-aluno, além de favorecer a autonomia do aluno capaz de torná-lo sujeito do processo de ensino-aprendizagem.

Tabela 1

Relato de aprendizagem dos alunos

Conclusões

A abordagem experimental problematizadora ‘‘A Química da Vela’’ possibilitou o desenvolvimento da aprendizagem significativa uma vez que o conteúdo foi apresentado através de questionamentos que valorizaram a experiência e os conhecimentos prévios dos alunos. Desse modo os alunos adquiririam o conhecimento estipulado para o objetivo da prática. Essa atividade proporcionou aos bolsistas de Iniciação a Docência a oportunidade de elaborar uma metodologia diferenciada para os alunos e de reconhecer a importância do diálogo que é capaz de promover a interação entre professor-aluno.

Agradecimentos

Referências

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J.A.; PERNAMBUCO, M.C.A. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2003.
GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova na Escola, n. 10, p. 43-49, 1999.
PELIZZARI, ADRIANA; KRIEGL, MARIA DE LURDES; BARON, MÁRCIA PIRIH; FINCK, NELCY TEREZINHA LUBI; DOROCINSKI, SOLANGE INÊS. TEORIA DA ATIVIDADE SIGNIFICATIVA SEGUNDO AUZUBEL. Revista PEC, n.1, p. 37-42. Curitiba, 2002.

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