Aprendizagem baseada em problemas: um motivador para a autonomia no ensino de ciências

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Sotério, F.K.P. (IF SERTÃO-PE CAMPUS OURICURI) ; Leandro, F.A. (IF SERTÃO-PE CAMPUS OURICURI) ; Aquino, R.S. (IF SERTÃO-PE CAMPUS OURICURI) ; Miranda, J.O. (E.E. NOSSA SENHORA DE FÁTIMA) ; Marcelino, R.M. (IF SERTÃO-PE CAMPUS OURICURI)

Resumo

O presente trabalho teve o intuito de incentivar o aprendizado autônomo dos alunos do 9º ano de uma escola pública, localizada na cidade de Ouricuri-PE, tendo como base o assunto de separação de misturas, utilizando o método da aprendizagem baseada em problemas (ABP), que diferentemente da metodologia tradicional, incentiva a participação ativa e direta do aluno. Como resultado houve aumento do envolvimento da turma e maior autonomia dos alunos durante a atividade realizada.

Palavras chaves

ensino básico; ABP; metodologia ativa

Introdução

Na tentativa de se distanciar das aulas tradicionais, em que o aluno assume um papel passivo apenas como receptor das informações, sem participar diretamente na construção da aprendizagem, tem-se o desenvolvimento de trabalhos voltados a buscar outros meios de estimular os alunos, colocando- os a frente do conteúdo que está sendo trabalhado, tornando-os sujeitos ativos de sua aprendizagem. Pois quando os alunos são apenas ouvintes o nível de aprendizagem significativa torna-se reduzido, já que esse fica sujeito ao método da memorização. Segundo Paulo Freire (1996) saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou sua construção, com isso, é de suma importância que cada vez mais se tenha atividades que coloquem o aluno como ser autônomo capaz de pensar e criar, ou ainda, que possam criar condições para o desenvolvimento de capacidades e habilidades visando a autonomia na aprendizagem e independência de pensamento dos alunos (LIBÂNEO,1994). Com isso o aprendizado torna-se mais prazeroso e rico, quando comparado a algumas informações que o aluno decora porque vão cair na prova, deixando assim de lado a memorização de conteúdo apenas para passar de ano, em função de uma aprendizagem significativa. A partir disso, o objetivo deste trabalho foi incentivar a autonomia dos alunos em buscar o conhecimento a partir dos problemas propostos, assim como despertar um maior interesse no conteúdo trabalhado, instigando o estudante mediante problemas, pois assim ele tem a possibilidade de examinar, refletir e posicionar-se de forma crítica (BORGES; ALENCAR, 2014).

Material e métodos

O trabalho foi realizado na Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima, localizada na zona urbana da cidade de Ouricuri-PE, com uma turma do 9º com 28 alunos, na disciplina de ciências com o conteúdo Separação de Misturas. A metodologia utilizada para a execução do trabalho foi a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) conforme descrita por Berbel (1998), adaptada para o ensino básico. Os materiais utilizados são acessíveis e de baixo custo. Utilizou-se: água, amendoim, areia com pedrinhas, feijão de dois tipos, óleo e sal. As situações problemas colocadas em pauta foram as misturas de areia e água, areia e pedra, areia e sal, cascas do amendoim, feijão preto e feijão carioca, óleo e água. Sendo que o professor participou apenas como mediador da atividade, não fornecendo as respostas, que seriam os métodos para separar cada mistura, mas incitando o questionamento, de modo que os alunos fossem responsáveis por discutir e buscar métodos para a resolução dos problemas, tendo que encontrar o método adequado para cada situação, como por exemplo, o método da filtração, decantação, floculação etc. Dessa forma, coube ao aluno tornar-se sujeito ativo de sua aprendizagem, construindo-a de maneira ativa, de forma individual e coletiva, pois individualmente analisaram a situação e em seguida discutiram sobre os métodos que julgaram melhor para separar cada mistura. A avaliação do trabalho deu-se de forma qualitativa e comparativa, a partir das observações feitas durante a atividade referente à participação, envolvimento na discussão, interesse em resolver as situações problemas e engajamento frente à atividade proposta, comparando o comportamento dos alunos no decorrer da atividade, com o comportamento em uma aula tradicional, expositiva.

Resultado e discussão

Através das observações feitas durante a execução da atividade (figura 1), e comparando a diferença de comportamento dos alunos durante a atividade realizada com uma aula meramente expositiva, foi possível perceber que os objetivos propostos foram atingidos, como despertar o interesse pelo conteúdo trabalhado, participar ativamente da aula (figura 2), empenhar-se na busca pela resolução de problemas e estimular a pesquisa autônoma dos alunos frente à atividade, sem a necessidade de estimulá-los apenas por uma nota. Pois assim como afirma Silva (2011), a utilização de aulas tradicionais expositivas que usam como único recurso didático o quadro e o discurso do professor, não são alternativas únicas e nem as mais produtivas para o ensino de química, o que acarreta no desinteresse por parte dos alunos. Entretanto no trabalho realizado, os alunos participaram ativamente de todo o processo mostrando curiosidade e interesse, diferentemente da aula em que atuam de maneira passiva apenas como ouvinte. O professor apresentou os problemas, incentivou os alunos a realizar as ações e estimulou a curiosidade, pois assim como Rosso & Tabglieber (1992) afirmam, o ensino- aprendizagem desenvolvidos dentro dos princípios dos métodos ativos fortalecem a motivação intrínseca para aprender e também tornam a aprendizagem mais segura e autônoma a longo prazo. Com isso, o professor assume o papel de motivador da inteligência coletiva dos alunos/grupos com os quais está interagindo, centra suas atividades no acompanhamento e na gestão das aprendizagens: problematiza, desafia, incita a curiosidade, a troca de saberes e assim proporciona a autonomia no processo da aquisição de novos conhecimentos e fomenta o desenvolvimento da cooperação entre os alunos (MACAMBIRA, 2011).

Figura 1

Alunos do nono ano A durante atividade em sala, discutindo e analisando os problemas propostos.

Figura 2

Alunos do nono A ano durante atividade em sala discutindo entre si diferentes métodos de separação de misturas, na figura, o método da floculação.

Conclusões

A partir desta atividade concluiu-se que dentre a metodologia ativa, a ABP é uma proposta interessante para ser utilizada no ensino de química no 9º ano, pois os alunos mostraram-se empolgados e atraídos com o que foi proposto. Durante a execução foi possível observar que a atenção de todos estava voltada para a atividade, assim como foi possível perceber a diferença no engajamento por parte dos alunos durante a atividade em comparação ao desinteresse diante de uma aula expositiva. Com isso, tem-se a necessidade de mais estudos sobre as aplicabilidades da metodologia ativa no ensino básico.

Agradecimentos

Ao IF-Sertão, à Escola Nossa Senhora de Fátima, à professora regente e ao orientador pela disponibilidade e apoio. E também aos alunos por participarem da atividade.

Referências

BERBEL, N. A. N. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos. Interface – Comunicação. Saúde. Educação, nº 2, 138-154, 1998.
BORGES, T. S.; ALENCAR, G. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu em Revista, nº 04, 119-143, 2014.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MACAMBIRA, P. M. F. A aprendizagem baseada em problemas (ABP): uma aplicação na disciplina “gestão empresarial” do curso de engenharia civil. Nf 73. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil) – Instituto de Ciências Exatas e Naturais - Universidade Federal do Pará, Belém: UFP, 2011. Disponível em: <http://www.ufpa.br/ppgec/data/producaocientifica/PAULO%20MACAMBIRA.pdf> Acesso em: 01 ago. 2015.
ROSSO, A. J.; TAGLIEBER, J. E. Métodos ativos e atividades de ensino. Perspectiva 17, 37-46, 1992.
SILVA, A. M. da. Proposta para Tornar o Ensino de Química mais Atraente. RQI, n° 731, 7-12, 2011.

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