ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
Souza, T.G. (CESP/UEA) ; Gama, K.M. (CESP/UEA) ; Santos, M.J. (CESP/UEA) ; Silva, J.D.Y. (ESCOLA ESTADUAL BRANDÃO DE AMORIM) ; Souza, A.C.T. (ESCOLA ESTADUAL BRANDÃO DE AMORIM) ; Tavares, G.S. (ESCOLA ESTADUAL BRANDÃO DE AMORIM) ; Guerreiro, M.V. (CESP/UEA) ; Azevedo, K.M.C. (CESP/UEA) ; Ferreira, M.L.G. (SEDUC/PARINTINS) ; Eleutério, C.M.S. (CESP/UEA)
Resumo
Esta oficina foi desenvolvida na Escola Estadual Brandão de Amorim, onde foram envolvidos alunos do Ensino Médio, professores e estagiários do Curso de Química do Centro de Estudos Superiores de Parintins-UEA. Foi aproveitado o óleo residual de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) na confecção de sabonetes com a intenção de resgatar os saberes, as práticas tradicionais e mostrar aos alunos da escola investigada a possibilidade de diálogo com a química do cotidiano, entre o saber tradicional, acadêmico e escolar (função éster). As informações obtidas a respeito dos ésteres estimularam o desenvolvimento de novas experiências que irão promover a sustentabilidade e a educação científica na educação básica.
Palavras chaves
Óleo residual; Sabonetes; Ésteres
Introdução
Esta oficina foi desenvolvida na Escola Estadual Brandão de Amorim, onde foram envolvidos alunos do Ensino Médio da referida escola e acadêmicos estagiários do Curso de Química do Centro de Estudos Superiores de Parintins-UEA. A intenção da oficina era aproveitar o óleo residual de andiroba (Carapa guianensis Aubl.), resgatar os saberes, as práticas tradicionais e mostrar aos alunos da escola investigada a possibilidade de diálogo entre o saber tradicional, acadêmico e escolar. Para isso, optamos pelos ésteres para dar início ao processo dialógico (saber tradicional, acadêmico e escolar). Ressaltamos que a produção de sabonetes que serviu de estratégia para aprofundar o estudo dessa função química assim como, evidenciar a presença da química no cotidiano. Para confeccionar os sabonetes, além de aproveitar o óleo residual de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) foram também utilizadas outras substâncias como: base glicerinada, extrato glicólico, essências de andiroba, corante cosmético (pigmentos), álcool de cereais e lauril líquido. Depois de produzidos os sabonetes foram embalados em plásticos coloridos e transparentes, etiquetados com data de fabricação e tempo de validade.
Material e métodos
O procedimento metodológico foi estruturado da seguinte forma: 1º: Levantamento bibliográfico para fundamentar o estudo sobre os ésteres, evidenciar a presença da Química no cotidiano e aprimorar o processo de fabricação dos sabonetes; 2º: Coleta, seleção e armazenamento do óleo residual; 3º: Separação dos materiais utilizados na confecção dos sabonetes: base glicerinada, essência de andiroba (Carapa guianensis Aubl.); extrato glicólico, lauril, óleo residual de andiroba, espátulas de plástico, panelas esmaltadas, facas, tábua de corte, borrifador, provetas, formas pré-moldadas, plástico filme e etiquetas; 4º: Realização da 1ª Oficina: produção prévia dos sabonetes, realizada no Laboratório de Química do CESP/UEA; 5º: Realização da 2ª Oficina: produção de sabonetes no Laboratório de Ciências da Escola Estadual Brandão de Amorim envolvendo estagiários, professores e alunos do Ensino Médio. Os materiais utilizados para confeccionar os sabonetes e suas respectivas medidas: 1k de base glicerinada branca, 30 mL de essência de andiroba (Carapa guianensis Aubl.); 20 mL de extrato glicólico, 50 mL lauril, 30 mL de óleo residual de andiroba, espátulas de plástico, panelas esmaltadas. Os sabonetes foram embalados em plásticos coloridos e transparentes, etiquetados com data de fabricação e tempo de validade.
Resultado e discussão
O óleo de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) é utilizado no tratamento de picadas de animais peçonhentos, afecções de pele, inflamações musculares, de garganta e como repelente de insetos. Com fundamento em Certeau (2003), afirmamos que nos aldeados e nas comunidades tradicionais, óleos de plantas tem importância farmacológica para aqueles que produzem e utilizam os “remédios caseiros”. Para este autor a medicina popular reconstitui a memória, o saber e resgata as práticas tradicionais desenvolvidas pelas populações da Amazônia. Essas e outras informações contribuiram para a realização da oficina que visava aproveitar o óleo residual de andiroba na produção de sabonetes, evidenciar a química no cotidiano, resgatar saberes e práticas tradicionais, e, sobretudo, mostrar aos alunos a possibilidade de diálogo entre o saber tradicional, acadêmico e escolar.
Os alunos foram informados que os ésteres constituem grande parte das essências aromatizantes extraídas de frutos e flores utilizadas nas indústrias alimentícias como o etanoato de pentila e o butanoato de etila usadas como aroma de banana e abacaxi (Figura:1 e 2). O óleo e a essência de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) são utilizados na produção de sabonetes, shampoos, cremes para o corpo, pomadas ou unguentos.
Foi possível mostrar aos alunos que óleos e gorduras pertencem ao grupo dos ésteres, sofrem reação de hidrólise ácida produzindo glicerol e os ácidos graxos constituintes. Enquanto que a hidrólise básica produz glicerol e os sais desses ácidos graxos. As informações obtidas a respeito dos ésteres estimularam o desenvolvimento de novas experiências que irão promover a sustentabilidade e a educação científica na educação básica.
Conclusões
Esta oficina nos fez compreender a importância de evidenciar na escola e na universidade práticas realizadas nas comunidades tradicionais com a intenção de resgatar, valorizar e tecer diálogos entre o saber tradicional, acadêmico e escolar, por considerar que nossos alunos trazem para esses contextos, saberes próprios, resultados de suas vivências e experiências, quase sempre silenciadas ou ignoradas nos espaços de formação. Portanto, é importante que encontremos estratégias que possibilitem o diálogo e a construção de um conhecimento socializado significativo com vistas uma educação popular.
Agradecimentos
À Gestora, professores e alunos da Escola Estadual Brandão de Amorim. Ao Prof. Marceliano Eduardo de Oliveira. Ao senhor Edmundo Guedes Serrão.
Referências
CERTEAU, Michel de. O tempo das histórias. In: CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. 9. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.