ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
Oliveira, T.F. (IFG) ; Santos, R.G. (UEG) ; Alves, (UEG) ; Costa, M.A. (IFG) ; Freitas, T.L. (IFG) ; Mendes, F.C.R. (IFG)
Resumo
Este trabalho traz o relato de experiência realizado com 4 turmas da 3ª série do ensino médio do Colégio Estadual Polivalente Dr. Menezes Júnior, em Itumbiara-GO, no ano de 2014. A referida abordagem tratou-se de uma atividade experimental que subsidiou o estudo do conteúdo de funções orgânicas, especificamente a função álcool. Para tanto, foi proposta a fabricação do álcool em gel, objetivando-se compreender quimicamente como o mesmo é produzido, a função das substâncias empregadas em seu preparo, trabalhar a Química de forma contextualizada e explicitar a importância e aplicação desta para a sociedade. Esta atividade possibilitou aos alunos uma maior aproximação e interesse para com o estudo da Química, uma vez que associou a teoria com a prática, e estas com o cotidiano dos discentes.
Palavras chaves
Atividade Experimental; Álcool em Gel; Funções Orgânicas
Introdução
Muito é debatido sobre o caráter passivo dos alunos em relação ao ensino tradicional, no qual cabe ao aluno apenas assimilar e internalizar as informações transmitidas pelos professores. Entretanto, observa-se que tais informações dificilmente se relacionam com os interesses e conhecimentos prévios dos alunos, o que, por sua vez, faz com que os mesmos não desenvolvam uma aprendizagem significativa (GUIMARÃES, 2009). Diante do exposto, faz-se necessário que os professores abordem temas e conteúdos pertinentes ao cotidiano dos alunos, fazendo com que eles sintam- se, de fato, protagonistas do seu próprio aprendizado. Assim sendo, dentre as várias abordagens para que se consiga tal finalidade, principalmente no se refere ao ensino de química, pode-se destacar o uso de aulas experimentais, pois a experimentação, além de propiciar ao aluno aprender fazendo, muito contribui para a compreensão dos conceitos teóricos estudados em sala de aula, deste modo, corroborando para a inter-relação entre teoria e prática (ALVES, 2007). Ainda, segundo Delizoicov e Angotti (1994) as atividades experimentais geram bastante interesse nos discentes, pois propiciam aos mesmos uma situação de investigação, a qual torna o processo de ensino-aprendizagem mais atrativo e significativo. Nesse ínterim, objetivou-se com este trabalho a abordagem do conteúdo de funções orgânicas, em especial a função álcool, por meio de uma atividade experimental de produção de álcool em gel, e a partir da mesma, associar não apenas a teoria vista em sala de aula com a prática, mas ambos, de forma contextualizada, com o cotidiano dos alunos, assim, preparando-os, também, para o ingresso na sociedade, uma vez que a função álcool está presente na vida de todos, seja direta ou indiretamente.
Material e métodos
O presente trabalho foi desenvolvido como parte da disciplina de Química Orgânica em 4 turmas da 3ª série do ensino médio no Colégio Estadual Polivalente Dr. Menezes Jr., turno matutino, no município de Itumbiara-GO, no ano de 2014, supervisionado pelo professor regente. Na realização desta abordagem foram utilizadas duas aulas. A primeira, introdutória ao conteúdo da função oxigenada álcool; a segunda, desenvolvida como atividade experimental no próprio laboratório de ciências da escola, ressalta-se que nessa aula também discorreu-se acerca de atividades constantes no roteiro da aula prática. Para o desenvolvimento da atividade experimental, dividiu-se a turma em dois grupos, sendo entregue a cada aluno um roteiro da aula prática, este adaptado do site “Metamorfose Digital” (http://www.mdig.com.br/index.php? itemid=7146). Ressalta-se que o mesmo iniciava-se com um texto introdutório sobre a utilização do álcool em gel como antisséptico, principalmente sobre a relação de seu crescente uso devido ao surgimento da influenza A ou H1N1. Adicionalmente, havia os objetivos, materiais e reagentes, procedimentos metodológicos e questões para discussão. Utilizaram-se como materiais e reagentes: 1L de álcool 70%, 30 mL de glicerina, 10 g de carbopol 940 (polímero), AMP 95 (trietanolamina), corante, essência, colher, coador, liquidificador e vasilhame de 2 L. As questões versaram sobre a razão de se usar o álcool na concentração de 70%, se este era eficaz contra H1N1, a classificação dos álcoois, a eficácia do álcool em gel em relação à água com sabão, implicações de seu uso na pele, efeito da adição de umectantes ao mesmo e sobre as fórmulas e funções das demais substâncias utilizadas.
Resultado e discussão
Na 1ª aula os alunos prestaram bastante atenção, sentindo-se motivados desde
o início, pois inicialmente discutiu-se a presença e aplicação da função
álcool no cotidiano, citando-se como exemplos a glicerina, o metanol, o
etanol e o etilenoglicol. Após, trabalhou-se a teoria sobre os álcoois,
conceitos e definições. Depois, discorreu-se sobre as bebidas alcóolicas
destiladas e não-destiladas, enfatizando-se os efeitos destas ao organismo.
Esta atividade foi muito atrativa aos alunos, pois muitos já faziam uso de
bebidas alcóolicas, o que intensificou a importância da aula, contribuindo
na conscientização deles enquanto cidadãos, já que foi ressaltado que a
bebida é uma das maiores causas de vícios, acidentes e mortes.
A 2ª aula versou sobre a fabricação artesanal do álcool em gel, Quadro 1.
Ao término da fabricação do produto, iniciou-se a discussão das questões
para aprofundamento, as principais encontram-se no Quadro 2.
Concernente à questão 1, embora 80% dos alunos afirmarem que sim, não
souberam justificá-la. Assim, explicou-se que na concentração de 70% possui-
se 30% de água, esta ajuda o álcool a penetrar nos micro-organismos para que
este os “desidratam”. Na questão 2, apesar da opinião da sala ficar dividida
(55% sim e 45% não), explicitou-se que não há diferença de eficácia entre os
dois métodos, mas, havendo sujicidade, prefere-se o sabão. Tratando-se da
questão 3, ao notarem a palavra hidratante, 90% afirmou que os lipídios
hidratam a pele, mas, não souberam responder o início da questão, pois não
sabiam o que era um lipídio, o que foi explicado. Em relação à questão 4, os
alunos souberam explicar as funções do álcool, do corante e da essência,
souberam apenas a fórmula do etanol, as outras fórmulas das substâncias e
funções foram logo apresentadas.
A referida figura ilustra todos os reagentes, materiais e procedimentos metodológicos utilizados para a produção do álcool em gel
A figura elucida os principais questionamentos que permearam as discussões acerca da aula prática realizada.
Conclusões
Concluiu-se que ao associar a teoria da sala de aula de forma contextualizada com atividades práticas, os alunos mostram-se mais receptivos quanto ao estudo da Química, pois compreendem a importância da aplicabilidade dessa ciência para a sociedade como um todo, o que reflete diretamente no processo de ensino-aprendizado dos mesmos. Ademais, notou-se nos alunos o desenvolvimento de habilidades e competências essenciais ao convívio social e ao mundo do trabalho, já que a atividade apresentou um caráter informacional do conhecimento, como observado na discussão das questões para aprofundamento.
Agradecimentos
Referências
ALVES, W. F. A formação de professores e as teorias do saber docente: contexto, dúvidas e desafios. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33. n. 2. p. 263-280. maio/ago. 2007.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia no ensino de ciências. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 1994.
GUIMARÃES, Cleidson C. . Experimentação no ensino de química: caminhos e descaminhos rumo a aprendizagem significativa. Química Nova na Escola, v. 31, p. 198-202, 2009
http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=7146 – Acesso em Janeiro de 2014.