ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
Maia, G.C.M. (UEPA) ; Mendes, M.P. (UEPA) ; Venturiere, B. (UEPA)
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo o desenvolvimento uma metodologia capaz de trabalhar a interdisciplinaridade em espaços não formais através da readaptação do jogo “Tabela maluca”. Em termos metodológicos, o jogo “Tabela maluca” readaptado foi realizado no espaço não formal do Centro de Ciências e Planetário do Pará – espaços que abordam o ensino de Ciências de forma dinâmica, divertida e contextualizada –sendo que para a coleta de dados foi aplicado um questionário estruturado em perguntas qualitativas e quantitativas, com utilização de estatística descritiva, por intermédio do software Microsoft Excel. Os resultados obtidos, a partir da análise dos questionários estatísticos, constataram que 100% dos alunos afirmaram que seria possível o aprendizado das Ciências fora da sala de aula.
Palavras chaves
interdisciplinaridade;; “Tabela maluca”; Espaço não formal
Introdução
A importância do ensino de Ciências é reconhecida por pesquisadores de diversas áreas ao redor do mundo. Atualmente, entretanto, a forma de aprendizado encontrada nas escolas representa um modelo descontextualizado, baseado em exercícios e problemas que não exigem a compreensão dos conceitos trabalhados, observam Viecheneski et al. (2012). Nesse contexto, o ensino de Ciências deve permitir a representação de modelos, a discussão de possibilidades e, fundamentalmente, a avaliação de riscos em contextos diferentes envolvendo o conhecimento científico-tecnológico, tornando o aluno capaz de tomar decisões orientadas pela incorporação desse tipo de saber. Para alcançar tal objetivo, os alunos defendem a adoção de práticas interdisciplinares no ensino de Ciências como uma forma alternativa para melhorar o aprendizado da mesma. No entanto, de acordo com Vidal e Melo (2013), é preciso que o professor entenda que o ensino e aprendizado, com contextualização e interdisciplinaridade, não envolve somente a citação de exemplos de eventos cotidianos, mas, sim, vincular esses eventos ao conhecimento científico com o objetivo de facilitar o processo de aprendizagem e, principalmente, atrair o aprendiz à reflexão sobre o assunto em questão. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo fundamental o desenvolvimento de metodologias capazes de trabalhar a interdisciplinaridade – em espaços não formais como o Centro de Ciências e Planetário do Pará – por intermédio do jogo “Tabela maluca”, utilizando os elementos químicos mais presentes no cotidiano e, também, que tratam de certos aspectos biológicos diretamente envolvidos com o corpo humano, com a alimentação e com o meio ambiente.
Material e métodos
O presente estudo foi realizado, no espaço de ensino não formal, Centro de Ciências e Planetário do Pará, localizado na cidade de Belém-PA. Participou da pesquisa uma amostra total de 25 alunos, cursando o 2º ano do ensino médio, em uma escola da rede pública de ensino na capital. Como instrumento de pesquisa, utilizou-se um questionário estruturado em perguntas quantitativas e qualitativas, onde para análise dos resultados utilizou-se o método analítico descritivo. O jogo “Tabela maluca” já existe e, aborda os elementos químicos no cotidiano. O presente trabalho, por tanto, consistiu na readaptação do mesmo. O intuito da readaptação foi proporcionar o ensino dos elementos químicos de forma interdisciplinar, conservando a abordagem dos elementos químicos no cotidiano, todavia, correlacionando com conhecimentos de Biologia. O jogo é composto por 24 cartas, confeccionadas com matérias de baixo custo, sendo que, cada carta corresponde a um elemento químico, além disso, contém 4 dicas correspondentes a aplicação e/ou característica dos elementos. A aplicação do jogo consistiu em selecionar dois voluntários, os quais participaram disputando entre si. No primeiro instante, um dos voluntários escolheu uma carta, sem que pudesse ver qual o elemento havia escolhido. No segundo instante, um mediador (que não disputou o jogo) pediu para um dos alunos iniciarem escolhendo uma entre as quatro dicas. Após escolhido a dica, o aluno mencionava o elemento químico que achava corresponder à dica fornecida, caso acertasse, ganhava um ponto, caso errasse, passava a vez para o oponente. Se nenhum dos participantes acertasse, o ponto era anulado. O vencedor foi o aluno que obteve o maior número de acertos. No término do jogo, aplicou-se o questionário aos participantes e à platéia.
Resultado e discussão
Os resultados obtidos, a partir da análise dos questionários estatísticos,
constataram que 100% dos alunos afirmaram que seria possível o aprendizado
das Ciências fora da sala de aula, principalmente, em espaços como o Centro
de Ciência e Planetário do Pará, que caracteriza-se por ser um espaço não
formal de ensino de ciências. Percebe-se que o ensino de Ciências tornou-se
mais divertido, dinâmico e de aprendizado mais facilitado. Diversos alunos
afirmaram que o aprendizado no Centro de Ciências tornou mais divertido,
intuitivo e facilitado. Outros alunos afirmaram que o Centro de Ciências tem
mais dinamismo. Além disso, quando perguntados acerca do jogo “Tabela
maluca” readaptada, um total de 100% dos alunos entrevistados foram
positivos quanto à resposta, expressando ser um jogo divertido,
interessante, além de educativo. Desta forma, os alunos que apresentaram
algum tipo de dificuldade de aprendizado, podem aproveitar-se do jogo
“Tabela maluca” como um recurso diferenciado na compreensão de conteúdos
distintos. Já quando questionados sobre quais as disciplinas foram possíveis
de serem identificadas no jogo “Tabela maluca”, uma quantidade de alunos em
torno de 80% observaram a presença da interdisciplinaridade, inclusive,
citando as disciplinas de química e biologia, sendo que somente 20% dos
alunos citaram a disciplina de química, demonstrando não terem notado a
presença da interdisciplinaridade. Nestas condições, como sustentam Lima e
Teixeira (2009, p. 03), “ele sai em defesa de uma abordagem interdisciplinar
no ensino”, respaldado no que diz Fourez (2013, p. 122), “que na prática,
para se representar adequadamente uma situação concreta, é raro que baste
uma só disciplina”.
Conclusões
É preciso entender que os espaços não formais de ensino – como o Centro de Ciências e Planetário do Pará – desempenham uma função importante de instigar o interesse dos alunos sobre temas relacionados ao ensino de Ciências em sala de aula, principalmente, da química e da biologia, devido à forma de aprendizado apresentar-se de maneira muito mais dinâmica, divertida e contextualizada. Cabe destacar que a ludicidade tornou-se uma ferramenta metodológica educativa bem aceita pelos alunos, que demonstraram ser mais receptivos, motivados e interessados no aprendizado de conteúdos mais complexos.
Agradecimentos
Referências
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LIMA, Adriel; TEIXEIRA, Francimar. Influência da Interdisciplinaridade nas Finalidades e Prioridades do Ensino de Ciências. Anais do VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, Florianópolis, 2009. Disponível em: http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/1699.pdf . Acesso em: 10/12/2014
VIDAL, Ruth Maria Bonfim; MELO, Rute Claudino. A química dos sentidos- Uma proposta metodológica. Química Nova na Escola, vol. 35, nº 01, P. 182-188, 2013. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc35_3/07-RSA-163-12.pdf . Acesso em: 10/12/2014.
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