A APROPRIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA NO ENSINO MÉDIO

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Souza, D.O. (UFPE) ; Lira, M.R. (UPE)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar o desempenho dos estudantes do Ensino Médio sobre o conteúdo de Química Orgânica (QO) fazendo uma relação com a proposta dos conteúdos de Química apresentados no ENEM no período de 2011-2014. A metodologia adotada foi o estudo de caso, e como instrumento, aplicação de 20 questões de QO aos estudantes de uma escola localizada no município de Vitória–PE. Através das observações, vemos que no universo de 80 estudantes, cerca de 15% tiveram um bom aproveitamento, isso nos mostra uma pequena apropriação deste conteúdo. Portanto, este conteúdo pode ficar preterido devido à pequena possibilidade de solicitação na avaliação do ENEM, os professores podem ter uma tendência de trabalhar conteúdos apenas com os temas mais recorrentes nos exames.

Palavras chaves

Química Orgânica; Avaliação; ENEM

Introdução

Sabe-se que a avaliação é um instrumento relacional que possibilita a qualificação dos diferentes aspectos do currículo e da sala de aula. Entretanto, ela se constitui como ponto de grande complexidade, tornando-se necessário o desenvolvimento de metodologias avaliativas coerentes com os processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos. Nesse sentido, um dos objetivos centrais do ENEM, proposto pelo MEC, é o de avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade básica, para aferir o grau de desenvolvimento das competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania (MEC/INEP, 1998). Dentre as áreas de conhecimentos avaliadas pelo ENEM, encontra-se a Química. Para Schnetzler e Santos (2000) o conhecimento químico se enquadra nas preocupações com os problemas sociais que afetam o cidadão, os quais impõem posicionamentos quanto às possíveis soluções. Dois pontos importantes precisam ser revistos e que será discutido a parti de um breve levantamento realizado nas avaliações do ENEM entre o período de 2011 a 2014. O primeiro trata-se do quantitativo de questões destinadas a Química Orgânica no ENEM no referido período de 2011-2014 e o segundo até que ponto os professores do Ensino Médio discutem questões relacionadas à Química Orgânica em sala de aula e a valorizam no ensino. O objetivo deste estudo é analisar o desempenho dos alunos do Ensino Médio sobre o conteúdo de Química Orgânica fazendo uma relação com a proposta dos assuntos de Química apresentados no ENEM no período de 2011-2014.

Material e métodos

O trabalho configura-se no contexto de uma pesquisa empírica numa perspectiva do estudo de caso (YIN, 2005), com isso, foram analisados os cadernos de provas do ENEM dos anos 2011 a 2014, referente às Ciências da Natureza e suas Tecnologias (que é composta de 45 questões, onde são divididas em biologia, física e química), tendo como enfoque a Química. Desse modo, foi aplicado um exercício de 20 questões objetivas de Química Orgânica a 80 estudantes do Ensino Médio de uma escola pública estadual localizada no município de Vitória de Santo Antão – PE. As questões foram distribuídas conforme os conteúdos abordados em Química Orgânica, tais como: elementos químicos, ligações químicas e propriedades da química orgânica.

Resultado e discussão

Com a tabela 1, observamos que os conteúdos de Química encontram-se bastante diluídos atingindo o maior número de quatro questões. Tratando das questões especificamente do conteúdo de Química Orgânica no quadriênio referido, encontramos um percentual que varia entre 0,6% a 26%, atingindo esse maior percentual no ano de 2013 com 04 questões. A partir dos resultados obtidos com a aplicação dos exercícios com 20 questões, pode-se constatar que os estudantes que participaram não apresentaram conhecimentos suficientes em Química Orgânica para obter um bom resultado nas avaliações do ENEM, apesar do quantitativo referente a este conteúdo ser relativamente baixo. Na tabela 2, referente ao quantitativo de acertos por conteúdos de Química Orgânica, podemos constatar que o número de acertos foi menor que 30%, e um ponto preocupante é sobre o conteúdo elementos químicos, considerado o mais elementar e essencial para se compreender os demais conteúdos de Química, que apresentou um percentual de apenas 20% de acertos. Estes dados confirmam as dificuldades e o pouco conhecimento dos estudantes sobre notações químicas e tabela periódica, uma vez que o conceito de elemento químico é um dos mais importantes da disciplina podendo ser considerado, conforme Oki (2002) como um conceito estruturante para o desenvolvimento dessa ciência e que serve de base para outros conteúdos como átomo, ligação química, reação química e química orgânica.

Tabela 1

Dados referentes as provas do ENEM

Tabela 2

Quantitativo de acertos referente ao exercício com 20 questões

Conclusões

Podemos indicar que a não solicitação de determinados conteúdos no ENEM pode contribuir para que estes não sejam trabalhados no EM. O baixo rendimento se deve a algumas razões, dentre elas: os conteúdos não foram abordados devidamente; não tiveram professores durante o período letivo por completo, entre outras. Portanto, para que os estudantes estejam realmente preparados, há a necessidade de que os professores trabalhem em sala de aula os conteúdos específicos da QO não apenas para obter bons resultados no ENEM, mas também pela importância da aplicação desses conhecimentos no cotidiano.

Agradecimentos

PROAES - Universidade Federal de Pernambuco.

Referências

BRASIL. MEC/INEP. Relatório Final do Exame Nacional do Ensino Médio, 1998.
OKI, M. C. M. O conceito de elemento: da antiguidade a modernidade. Química Nova na Escola. São Paulo, n. n.16, p. 21-25, 2002.
SCHNETZLER, R. P.; SANTOS, W. L. P. Educação em Química: compromisso com a cidadania. 2 ed. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2000.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

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