ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
Freitas, T.L. (IFG) ; Alves, C.A. (ULBRA) ; Alves, (UEG) ; Santos, R.G. (UEG) ; Costa, M.A. (IFG) ; Vieira, T.S. (UEG) ; Santos, D.F. (UEG) ; Varão, L.H.R. (UFU) ; Silva, T.A.L. (UFU)
Resumo
Defende-se um ensino de Química que não seja reduzido à transmissão de informações, exigindo somente a memorização e inviabilizando o entendimento do conteúdo. Desse modo, objetivou-se com este trabalho a abordagem e contextualização dos princípios químicos da tatuagem no estudo do conceito e formulação dos sais. O mesmo foi desenvolvido em forma de minicurso, durante 4 horas, a alunos da 1ª e 2ª séries do Ensino Médio de uma escola estadual da cidade de Itumbiara-GO. Utilizou-se em seu desenvolvimento, aula expositivo-dialogada, vídeo, aplicação e resolução de atividades inerentes ao tema e conteúdo. Notou-se que os alunos demostraram-se mais interessados pela Química, visto que puderam associá-la ao seu cotidiano, especialmente no que se refere à importância e aplicabilidade da mesma.
Palavras chaves
Contextualização; Tatuagem; Sais
Introdução
O ensino de química ao ser relacionado com os conceitos científicos, quando utilizados sem o envolvimento de situações cotidianas, torna a disciplina desmotivadora para o discente. A abordagem da Ciência Tecnologia e Sociedade (CTS) constitui-se uma ferramenta importante para que o docente possa destacar a relevância dos conceitos ensinados, deste modo preparando o aluno para elaborar considerações mais amplas das aplicações e implicações da ciência e tecnologia na sociedade como um todo (VIANNA, J.; PIRES e VIANNA, L., 1999). Contudo, muitas vezes propõe-se o ensino com uma grande quantidade de conteúdos a serem abordados, na maioria das vezes com detalhamento exagerado, fazendo com que se tenha necessidade de “correr com a matéria”, desconsiderando a participação efetiva do aluno no diálogo mediador da construção do conhecimento (BRASIL, 1999). O diálogo, por sua vez, é fundamental na sala de aula, pois possibilita ao aluno comparar suas formas de pensar e falar com as do professor, entre os colegas e até mesmo com os livros. Proporcionando interação e visões do mundo de maneiras diferentes, pois mostra os conhecimentos construídos em suas diversas experiências (MACHADO e MORTIMER, 2007). A proposta de um ensino vinculado ao cotidiano faz com que os alunos, ao aprenderem e descobrirem a origem dos fatos que lhes cercam, sintam-se motivados e capazes de ampliar seus conhecimentos. Nesse ínterim, objetiva- se com esse trabalho usar os princípios químicos da tatuagem na abordagem contextualizada do conteúdo químico de sais, de modo a ressaltar a importância destes, não apenas na produção da tatuagem, mas também em várias outras áreas da sociedade, visto que o tema proposto encontra-se presente no cotidiano de todos os discentes, seja direta ou indiretamente.
Material e métodos
O presente trabalho foi desenvolvido em forma de um minicurso para 10 alunos da 1ª e 2ª série do Ensino Médio em uma escola estadual da cidade de Itumbiara-GO, no dia 25 de fevereiro de 2010, o tema central abordado foi “Os princípios químicos da tatuagem”, de modo a associar o tema com a definição e formulação dos sais. O minicurso teve duração de 4 horas, sendo realizado na própria escola das 14 às 18 horas. O desenvolvimento do mesmo ocorreu de forma expositivo-dialogada utilizando-se de vídeo, aplicação e correção de exercícios inerentes ao tema e conteúdo propostos.
Resultado e discussão
Primeiramente, discutiu-se com os alunos que a pigmentação das tatuagens é
obtida por meio de sais de metais de transição, o que justifica o estudo dos
“sais”, ainda mais devido suas inúmeras outras aplicabilidades. Para tanto,
elucidou-se os pigmentos usados nas tatuagens, destacando-se os sais (Quadro
1).
Posteriormente, retomou-se o conceito de ligações iônicas, pois seria
essencial à compreensão do conteúdo. Após, visando sondar o conhecimento
prévio, fizeram-se algumas indagações: O que é um sal e como pode ser
formado? No cotidiano, onde o sal encontra-se presente?
Devido às dificuldades de se expressarem, explicitou-se que os sais são
produzidos pela combinação de cátions e ânions durante as reações de
neutralização, que foram explicadas. Após, entregou-se uma ficha para
resolução conjunta e montagem de possíveis fórmulas de sais tendo como
referência uma tabela de cátions e ânions também fornecida. Os alunos
conseguiram propor inúmeras fórmulas de sais. Ainda, concomitantemente à
resolução das atividades, abordou-se a nomenclatura dos sais.
Em seguida, como os alunos conheciam apenas o sal de cozinha, discutiu-se a
existência de vários outros tipos de sais com cores e aplicabilidades
diferentes, como conservante, anticárie, na produção de cloro, vidro,
alumínio, entre outros.
Ademais, apresentou-se um vídeo da TV escola, denominado “De onde vem o
sal?” (https://www.youtube.com/watch?v=eC9KUswbQ5k), tendo o intuito de
auxiliar no processo de aprendizagem, pois atrai a atenção dos alunos e os
aproxima do cotidiano (MORAN, 1995). Também abordou-se a solubilidade dos
sais em água por meio da análise da Tabela 1.
Para finalizar, foi entregue uma lista com atividades sobre os conteúdos
trabalhados, da qual obtiveram-se resultados significativos
Pigmentos responsáveis pela atribuição de algumas cores das tatuagens
Representação da solubilidade de alguns sais em água tendo como base seus íons principais
Conclusões
Constatou-se que os discentes não sabiam conceitos básicos de Química relacionados aos sais, e devido a essa dificuldade, não eram capazes de relacionar satisfatoriamente tais conceitos com algo do cotidiano. Entretanto, verificou-se que a referida abordagem apresentou resultados significativos no que concerne às dificuldades iniciais dos discentes, o que certamente pode ser atribuído, em grande parte, à contextualização do conteúdo trabalhado. Pois aulas como essa despertam o interesse, a motivação e a participação, que são indispensáveis para um processo de ensino-aprendizagem significativo.
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias/Ministério da Educação Média e Tecnológica. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
MACHADO, A. H.; MORTIMER, E. F. Química para o ensino médio: Fundamentos, Pressupostos e o Fazer Cotidiano. In: ZANON, Lenir Basso; MALDANER, Otávio Aloísio (Org). Fundamentos e propostas de ensino de Química para a Educação Básica no Brasil. Ijuí: Unijuí, 2007, 224p., p. 21-41.
MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação e Educação, abr. 1995. Disponível em: <http://www.fecap.br/PortalInstitucional/extensao/artigoteca/Art_015.pdf>. Acesso em 08 mar. 2010, 10:11:52.
PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química: na abordagem do cotidiano. Volume único. 2. Ed. São Paulo: Moderna, 2002.
USBERCO, J.; SALVADOR,. Química: volume único. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
VIANNA, J. F.; PIRES, D. X.; VIANNA, L. H.. Processo químico industrial de extração de óleo vegetal: um experimento de química geral. Química Nova. Vol. 22, n. 05, São Paulo, 1999.