O PIBID Química PUC Goiás: Reflexões sobre a formação dos futuros professores

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Longhin, S.R. (PUC GOIÁS/IFG) ; Santos, W.Q. (PUC GOIÁS) ; Santos, J.R.N. (PUC GOIÁS) ; Silva, K.F. (PUC GOIÁS) ; Souza, M.T.P.S. (PUC GOIÁS) ; Lima, D.N. (CEPMHCR)

Resumo

A Educação brasileira é tema recorrente nas discussões. O Plano Nacional de Educação (2014/24) estabelece que o professor(a) deve possuir formação em curso de licenciatura na área de atuação. A formação de professores tem sido um desafio, algumas instituições formadoras com pensamento empírico e tecnicista impedem, desmerecem e desestimulam práticas inovadoras. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) tem o objetivo de melhorar a formação inicial e continuada de professores. O objetivo desta pesquisa foi investigar a formação inicial de acadêmicos da PUC Goiás participantes do PIBID Química. Os resultados mostram que a aquisição da maturidade reflexiva dos acadêmicos é uma condição que só pode ser conquistada com a vivência orientada suportada em estudos teóricos.

Palavras chaves

Ensino de química; Formação de Professor; professor reflexivo

Introdução

A Educação brasileira tem sido tema de muitas discussões, o Plano Nacional de Educação (2014/24) em sua Meta 15 estabelece que todo o professor(a) deve possuir formação específica de nível superior, em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atua. A formação de professores tem sido um desafio para as Instituições de Ensino Superior necessitando de um aprofundamento nas discussões dos autores que abordam este tema, pois as instituições formadoras com pensamento empírico e tecnicista devem rever esta visão que impede, desmerece e desestimula práticas inovadoras; por entenderem como dispensável o apoio pedagógico como instrumento de acesso a novas metodologias; o amparo ao professor e a renovação e atualização da didática; os momentos de formação e planejamento dos docentes (MEDEIROS e PIRES, 2014). É comum o entendimento de que a profissão de ser docente se aprende somente na prática e que o teórico das graduações não dão fundamentos para atuar na profissão (PIMENTA, 2005). Em 2007 o Mistério da Educação em conjunto com a Coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação instituiu o programa PIBID, com o objetivo de melhorar a formação inicial e continuada de professores da educação básica. O PIBID Química da PUC Goiás atua no ensino médio regular e na Educação de Jovens e Adultos com duas coordenadoras, quatro supervisoras e trinta bolsistas. A equipe que atua no ensino regular trabalha em parceria em escolas de grande porte de Goiânia, com IDEB e realidades socioculturais distintas. O objetivo desta pesquisa foi investigar a influência do PIBID na formação inicial de acadêmicos da Licenciatura em Química por meio das atividades desenvolvidas em escolas de ensino médio regular.

Material e métodos

O PIBID da PUC Goiás tem como objetivo principal o desenvolvimento de metodologias de ensino. Assim durante o desenvolvimento do projeto, ações foram realizadas junto aos alunos de bolsista de iniciação a docência (BID) visando à fundamentação teórica e o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitassem o desenvolvimento de metodologias de ensino a partir de uma visão crítica e reflexiva sobre a escola campo. Em um primeiro momento os BID estudaram o Projeto Pedagógico das Escolas (PPE) e o apresentaram na forma de seminário de maneira a abrir a discussão com relação às duas realidades. Em um segundo momento realizaram leituras de artigos e capítulos de livros o que possibilitou aos mesmos compreenderem que o ensino se constitui em um fenômeno social e que a reflexão sobre os valores que envolvem a docência são fundamentais na atuação de um professor, entendendo também que a ciência não é uma verdade absoluta, estabelecida, necessitando de diálogos e colaboração para a construção e reconstrução do conhecimento. Os BID participaram de oficinas temáticas organizadas pela coordenação, envolvendo temas como a Inclusão, que possibilitaram a aprendizagem de escrita em Braille, construção de modelos etc. A partir desta etapa, os BID organizaram oficinas temáticas que foram realizadas com os alunos das escolas parceiras, com orientação das professoras supervisoras, utilizando abordagens metodológicas diferenciadas de acordo com o objetivo a ser alcançado. Os resultados das ações foram discutidos de maneira critica-reflexiva em reuniões semanais, a vivência dos BID e a interação aluno – escola teve como foco a busca pela melhoria da educação básica.

Resultado e discussão

A analise dos documentos escolares pelos BID mostrou o confronto do currículo teórico proposto no PPE com a realidade escolar, o que pode ser atribuído a diversidade sociocultural dos alunos e pela estrutura da gestão, pois uma das escolas possui um currículo com formação no modelo positivista. A observação de como essas diferenças assume uma característica de desafio reforça a necessidade de se conhecer os propósitos da instituição. O organizacional deve ser analisado, pois as atitudes da gestão influenciam na mediação do professor e na sua ética e motivação do ensinar (LIBÂNEO, 2009), não sendo possível melhorar a aprendizagem sem uma gestão que dê suporte ao educador. A oportunidade de vivenciar as aulas na escola e discutir a subjetividade das metodologias dos professores e a gestão escolar propiciou momentos de reflexão durante os debates nas reuniões. Assim assegurou-se uma maior capacidade de correlação observacional entre a interlocução do cenário escolar com a mediação didático-pedagógica da teoria pois a pesquisa desenvolvida em sala de aula pode ser analisada, entendida e praticada como instrumento metodológico, assegurando um movimento para a teorização e para a inovação (DEMO, 1997). A construção e aplicação das oficinas possibilitou a observação de que o professor depende de uma atividade teórico-prática, sendo que a prioridade na sua formação é a interação dessas atividades, que não deve ser nem só teoria nem só prática, mas uma prática que é sempre teórica (LIBÂNEO, 2012). O dinamismo de modificar as aulas de acordo com o cenário escolar é uma necessidade, uma observação unanime entre os BID devido a vivência possibilitada pelo PIBID, mostrando a importância da pesquisa na ação dos profissionais, denominada por muitos autores de professor-pesquisador.

Conclusões

Avaliamos que a aquisição da maturidade reflexiva para aplicar diferentes metodologias em sala de aula de forma a abranger as diferenças subjetivas dos alunos é uma condição que só pode ser conquistada com a vivência orientada suportada em pressupostos teóricos. Os alunos BID se integraram a uma sociedade compacta (Escola), onde estão inseridos indivíduos com diferenças socioculturais. Os BID desenvolveram um olhar crítico e reflexivo, valorizando sua formação humanística. Assim afirmamos que o PIBID contribuiu para a formação inicial desses acadêmicos, futuros educadores na área de química.

Agradecimentos

MEC/CAPES, PUC Goiás, IEG, CEPMHCR.

Referências

BRASIL. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação, Ministério da Educação/Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (MEC/SASE), 2014, http://pne.mec.gov.br/images/ pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. acesso em 10/07/2015.
DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores associados. Pesquisa e construção de conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.
LIBÂNEO, J. C. As práticas de organização e gestão da escola e a aprendizagem de professores e alunos, Revista de Educação, CEAP- Salvador, 2009.
LIBÂNEO, J. C. Ensinar e aprender/aprender e ensinar: o lugar da teoria e da prática em didática. In: LIBÂNEO, J. C.; ALVEZ, N. (Orgs.), Temas de Pedagogia – diálogos entre didática e currículo. São Paulo: Cortez, 2012. p. 35-60.
MEDEIROS, J. L. e PIRES, L. L. A. O PIBID no bojo das política educacionais de formação de professores. Cadernos de Pesquisa, São Luís, v. 21, n. 2 (37-51), 2014.
PIMENTA, Selma G.; LIMA, Maria S. L.Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poiésis, Vol. 3, nº 3 e 4, PP. 5-24, 2005/2006.

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