ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
de Carvalho Cassini, G. (IFRJ) ; de Oliveira Quaresma, A.C. (IFRJ) ; da Silva Pereira, L. (IFRJ) ; dos Santos Vieira, L. (IFRJ) ; Silva de Oliveira, M. (IFRJ) ; Braga da Silva, M. (IFRJ) ; Baptista de Miranda, P.A. (IFRJ) ; Lisboa Leitão, R. (IFRJ) ; Bernardo dos Santos, A.P. (IFRJ)
Resumo
A desvalorização social e econômica do docente, e infraestrutura deficiente do ambiente escolar contribui de forma significativa para a desmotivação de alunos ingressantes nos cursos de licenciatura que optam pelo curso como uma espécie de seguro desemprego, ou para facilitar seu acesso posteriormente a cursos com maior prestigio social como bacharel e engenharia. Envolver licenciandos desde o 1º período do curso em atividades e projetos de pesquisa e de extensão voltados para o ensino de Química e Ciências com foco em divulgação científica, pode servir como forma de apresentação das áreas de atuação docente, além de permitir uma aproximação com alunos de Ensino Médio e Fundamental.
Palavras chaves
Modelos Atômicos; Tabela Periódica; Motivação de calouros
Introdução
Os resultados insuficientes dos alunos da educação básica em exames nacionais e internacionais (como ENEM e PISA) têm se tornado pauta dos noticiários nos últimos meses, colocando o sistema educacional no centro da discussão. Embora a ação docente receba mais destaque, é necessário enfatizar que a existência de outras variáveis como aspectos políticos, sociais, culturais e econômicos, dentre outros estão envolvidos. No tocante a carreira docente, a desvalorização social, os baixos salários e as más condições de trabalho, causam desprestígio e desmotivação quanto à escolha desta carreira. Sendo assim, os jovens visam o curso como a última opção num ranking de preferências, funcionando como uma espécie de “seguro desemprego”. Dessa forma, colocam os cursos de engenharia e bacharel, de maior prestígio social, como primeira opção, visando manter ou superar o padrão de vida conquistado pela família (GATTI, 2010; GATTI et al.,2011). Estratégias como maior divulgação do curso, maior integração universidade- escola; recepção e acompanhamento contínuo das atividades realizadas ao longo de toda a graduação pela coordenação e professores do curso; bem como inserção dos alunos em projetos de iniciação científica, sempre que possível com bolsas de estudo e de assistência estudantil, parecem agradar os alunos causando motivação o que colabora para a retenção dos graduandos (MACHADO et al., 2005; RATIER, 2010; ZUCCO, 2007). Esse trabalho teve por objetivo envolver alunos ingressantes do curso de Licenciatura em Química do IFRJ – CDUC em projetos de pesquisa junto à disciplina de Química Geral I como mecanismo motivacional para a permanência no curso; e permitir a interação com alunos do Ensino Médio e Fundamental.
Material e métodos
Em atendimento a proposta citada, 55 calouros participaram de 2 atividades distintas junto a disciplina de Química Geral através do desenvolvimento de projetos voltados para o Ensino de Química e das Ciências utilizando temáticas com base nas diretrizes do Currículo Mínimo e visando divulgar as Ciências. A 1ª proposta junto aos licenciandos teve por objetivo promover a alfabetização científica de alunos do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) através do desenvolvimento de imagens que respondesse a pergunta “De onde as coisas vêm?” e passasse necessariamente pela ideia do átomo como forma de apresentação inicial. Divididos em 9 grupos, os licenciandos tiveram 2 semanas para o desenvolvimento da atividade. A 2ª proposta teve como objetivo promover a contextualização dos elementos presentes na tabela periódica através de suas principais no dia a dia, destacando sua origem e incluindo alguma curiosidade, tendo como foco alunos do Ensino Médio, embora possa ser aplicado junto aos alunos do Ensino Fundamental como um contato inicial ao assunto. Desejando divulgar as Ciências Naturais nas redes sociais, os projetos, à medida que foram finalizados, foram divulgados na página do facebook “Ciências para os Pequeninos”, levando-se em consideração a forte adesão de crianças e adolescentes as redes sociais.
Resultado e discussão
No 1º projeto os licenciandos relacionaram os átomos a materiais presentes
ao universo das crianças como biscoitos, peças de encaixe, dispositivos
portáteis, massa de modelar e substâncias como a água e o oxigênio, dentre
outras; assim como utilizaram histórias em quadrinhos, charadas e rimas para
uma linearização da linguagem. A página do facebook “Ciências pra
Pequeninos” foi utilizada como meio de divulgação da proposta.
Para o desenvolvimento do 2º projeto, a turma foi envolvida na construção de
uma tabela periódica interativa confeccionada com materiais reutilizados com
foco no 1º ano do Ensino Médio. A turma, dividida em 2 grupos (montagem da
estrutura e pesquisa bibliográfica), utilizaram madeira, caixas de suco
tetra pak, tampas de garrafa PET, dentre outros. Assemelhando-se a estrutura
de um ábaco, o material interativo foi apelidado de “Ábaco da Tabela
Periódica”, que inclui: a apresentação dos elementos contendo símbolo, nome,
número atômico e de massa, e distribuição eletrônica; a origem do elemento
na natureza; uma curiosidade; e uma aplicação na maioria das vezes associada
ao cotidiano.
Ambas as propostas foram aplicadas junto a alunos do Ensino Médio de 2
escolas do município como parte de um dos eventos do projeto de pesquisa
“Quem é o atual professor de Química”, das profs. Maria Celiana e Gabriela
Salomão (da mesma instituição) as quais tiveram a iniciativa junto à
coordenação do curso, de realizar a semana de recepção aos calouros do 2º
semestre de 2014.
Conclusões
O envolvimento dos calouros em projetos de pesquisa atendeu as expectativas da maior parte do grupo e contribuiu para o fortalecimento da auto estima e motivação, com redução significativa das faltas. Ao longo de todo o semestre pode-se notar um entrosamento da turma através da criação de grupos de estudo, bem como a participação em eventos da instituição. A participação contínua dos calouros nas atividades oferecidas pelo curso permitiu um melhor aproveitamento da disciplina e uma redução da evasão (12%) dos graduandos em comparação ao mesmo período dos 2 semestres anteriores (35%).
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ-CDUC) e as professoras Maria Celiana e Gabriela Salomão pelo supor
Referências
GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. S.; ANDRÉ, M. E. D. A. Políticas docentes no Brasil – um estado da arte. Brasília, Ministério da Educação - UNESCO, 25p, 2011. Disponível em < http://www.fe.unb.br/catedraunescoead/areas/menu/publicacoes/livros-publicados-pela-unesco/politicas-docentes-no-brasil-um-estado-da-arte> acessado em maio de 2014.
GATTI, B. A. Formação de professores no Brasil: características e problemas. Educação & Sociedade, 31, 113, 1355-1379, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/16.pdf, acessada em janeiro de 2015.
MACHADO, S. P.; MELO FILHO, J. M.; PINTO, A. C. A evasão nos cursos de graduação de Química. Uma experiência de sucesso feita no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro para diminuir a evasão. Química Nova, 28, S41-S43, 2005.
RATIER, R. Por que tão poucos querem ser professor. Revista Nova Escola, 2010. Disponível em: http://www.fvc.org.br/pdf/atratividade-carreira.pdf, acessada em janeiro de 2014.
ZUCCO, C. Graduação em Química: avaliação, perspectivas e desafios. Química Nova, 30, 6, 1429-1434, 2007.