PREVALÊNCIA DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS POR ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Conceição, A.S. (IFFLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO) ; Siqueira, L.R.S. (IFFLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO) ; Lima, R.M. (IFFLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo analisar a prevalência no uso de álcool por adolescentes de escolas públicas na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ. Para isto foi aplicado um questionário em escolas do município, onde houve o levantamento dos dados sobre a temática pesquisada. Observou-se que apesar de os alunos de escolas públicas o associarem ao consumo de outras drogas (78%) e a doenças (54%), o consumo se iniciou na presença de parentes. E para 12% deles entre 10 e 12 anos de idade, faixa etária essencial para o desenvolvimento físico e mental do indivíduo. Onde l8% desconhecem os efeitos do álcool no organismo. Sendo assim, se faz necessária uma ação educativa eficaz, com o objetivo de elucidar os adolescentes sobre efeitos nocivos do álcool no organismo, na forma de tema gerador.

Palavras chaves

Educação em Química; Estudantes; Álcool

Introdução

Estamos inseridos num contexto social onde os adolescentes são incentivados a tomar decisões cada vez mais complexas e consistentes. Seja em sua vida educacional, profissional ou em suas relações com o meio social. Essa imposição na vida desses indivíduos os sugere um amadurecimento precoce e, por consequência, eles tendem a igualar ideologicamente os direitos dos cidadãos da fase adulta. Sendo assim, ocorre uma naturalização de práticas desligadas ao seu desenvolvimento psicossocial. Se inserindo o uso frequente e abusivo de bebidas alcoólicas, o consumo de drogas ilícitas e a iniciação sexual. Segundo Carrilo e Mauro (2003), o consumo de álcool, nessa faixa etária possui uma significação amplificada, pois neste momento, há uma constante busca do indivíduo de se integrar e participar de um determinado grupo. Por este aspecto, o consumo de álcool se torna necessário para a socialização do ser e o adolescente, ávido por novas experiências, acaba aceitando às imposições dadas pelo grupo. Segundo Neves (2004) os homens são mais susceptíveis ao consumo abusivo, pois além do fator de integração social, a sua masculinidade é confirmada, ao se considerar sua “resistência” ao álcool, ou seja, ingerir mais doses sem se embriagar, receberá um status frente ao grupo. Ocorre que esses jovens e adolescentes, por muitas das vezes, iludidos pela mídia não conhecem as reais consequências trazidas pelo consumo excessivo de álcool ao organismo, não apenas as fisiológicas, como: Cânceres, doenças do sistema circulatório, doenças do sistema digestivo, cirrose hepática, distúrbios do Sistema Nervoso Central e do Sistema Nervoso Periférico, Blecaute Alcoólico, entre outras, como as psicossociais: violência doméstica, preconceito e acidentes de trânsito.

Material e métodos

O presente estudo apoiou-se na orientação de pesquisa quantitativa. Este é um método de pesquisa que utiliza técnicas estatísticas, o qual normalmente implica a utilização de inquéritos por questionários (CRESWELL, 2010). O estudo consistiu num questionário de 21 questões divididas em suas partes. A primeira com questões socioeconômicas, demográficas, conhecimentos sobre o álcool e prática de esportes. A segunda continha questões voltadas para aqueles que consomem ou já consumiram bebidas alcoólicas abordando questões em torno da idade de início, tempo de utilização, frequência do uso, finalidade do uso, bebidas alcoólicas preferidas, locais de maior ingestão e consumo do álcool entre familiares e amigos. Segundo Creswell (2010), a utilização de questionário é útil quando os participantes não podem ser diretamente observados. Antes de iniciar a coleta de dados o teste foi avaliado por uma psicopedagoga e validado por um pré teste com 25 alunos escolhidos aleatoriamente onde 16 alunos confirmaram consumir bebidas alcoólicas, a determinação do N amostral foi feita conforme descrito por Barbetta(2006) Realizados os cálculos obteve-se um n amostral de 546 questionários, que quando aprovados foram aplicados nas escolas escolhidas em relação à sua relevância sociocultural na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ. Valendo-se ressaltar que o questionário era anônimo, voluntário e levou em média quinze minutos para ser respondido. Os 546 estudantes participantes eram oriundos de seis escolas públicas e quatro escolas privadas. Ressalta-se que os mesmos poderiam desistir a qualquer momento. O objetivo final foi assegurar a compreensão das perguntas pelos adolescentes e a adequação do questionário à realidade dos jovens.

Resultado e discussão

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 80% dos jovens entre 10 e 19 anos de idade já usaram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez ou bebem regularmente e 19% deles já são dependentes do álcool. Neste trabalho observou-se que o índice de consumo pelos estudantes das escolas públicas é menor (62%) do que nas escolas privadas (70%). Uma das evidências mais consistentes na literatura médica é que o uso de álcool ou de cigarro antes dos 16, 17 anos aumenta muito o risco de experimentar maconha e, depois, partir para outras drogas (LARANJEIRA, 2012). Considerando esse fato, os alunos também foram questionados se concordavam que o hábito de ingerir bebidas alcoólicas poderia influenciar o uso e experimentação de outras drogas. A maioria dos alunos de escolas públicas (78%) e privadas (74%) acha que a utilização de álcool favorece o uso de outras drogas. E ao serem questionados sobre quais os efeitos que consideram ser ocasionados pelo consumo de álcool, 54% dos estudantes de escolas públicas e 42% dos estudantes de escolas privadas, o efeito mais preponderante do consumo excessivo são as doenças. Foi observado que o consumo se iniciou entre os 10 e 12 anos de idade para 11% dos alunos de escola pública e 12% da escola privada. Essa iniciação tão precoce dos ado-lescentes possui grande aceitabilidade perante a sociedade, é uma clara demonstração de que as leis não são cumpridas. É importante ressaltar que há fortíssimo estímulo ao con-sumo, desencadeado principalmente pelos meios de comunicação, através das propa-gandas de bebidas alcoólicas (MARQUES, 2013). O grande problema do uso do álcool na adolescência é o afastamento do adolescente de seu desenvolvimento normal, impedindo-o de experimentar outras atividades, importantes nessa fase da vida (DIEHL et al., 2011).

Gráfico 1

Opinião dos estudantes do Ensino Médio entrevistados na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ sobre a influência do álcool no uso de outras drogas.

Gráfico 2

Idade de início do consumo do álcool entre os estudantes do Ensino Médio entrevistados na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ.

Conclusões

O estudo demonstrou que as preocupações em torno do assunto, salientadas pelos artigos estudados, são reais e que se deve dispensar mais atenção na relação entre os jovens e o álcool. O que se expressa nos dados obtidos a partir da pesquisa realizada. O consumo se inicia cada vez mais cedo e sua prevalência durante a juventude foi confirmada. Percebeu-se que os jovens pouco conhecem sobre os efeitos maléficos causados pelo consumo intenso de álcool, ou não consideram as consequências que a substância pode causar aos seus organismos. Ratificando a necessidade de uma ação educativa continuada.

Agradecimentos

Agradecemos ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense .

Referências

Barbetta, P.A. 2006. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 6°ed. Editora da UFSC.
Carrillo, L.P.L.; Mauro, M.Y.C. 2003. Uso e abuso de álcool e outras drogas: ações de promoção e prevenção no trabalho. Revista de Enfermagem UERJ; vol. 11. p.23-25.
Creswell, John W. 2010. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre. P. 5-9.
Diehl, A, Cordeiro, D.C.; Laranjeira, R. 2011. Dependência química-prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre, RS: Artmed 1° ed. 152p.
Laranjeira, Ronaldo. 2012. O Brasileiro bebe álcool diferente. Disponível em: <http://www.uniad.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3679>
Marques, M. J. B. 2013. O consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes do ensino fundamental do município de Tailândia. Artigo apresentado ao Centro Educacional Eliã como requisito final para a conclusão do curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar.
Ministério da Saúde. 2001. Disponível em: www.saude.gov.br.
Neves, D.P. 2004. Alcoolismo: Acusação ou diagnóstico?.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro. 20 ed.(p7-36).

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