ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO CONTEXTUALIZADO PARA O ESTUDO DAS PROTEÍNAS

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Pereira, D.T. (IFG) ; Pacheco, E.P. (IFG) ; Santos, J.P.V. (IFG) ; Andrade, L.V. (IFG) ; Goulart, S.M. (IFG)

Resumo

Este trabalho propõe um material didático sobre o tema proteínas, contextualizado com os produtos queijo e requeijão do norte de origem africana e afro-brasileira, voltado para os cursos Técnico em Química e para a EJA (Educação de Jovens e Adultos), trabalhando a lei 10.639/03, que determina o ensino da cultura africana nas escolas. O material didático foi avaliado, através de questionários, por cinco professores que ministram aulas na área de Química, com o objetivo de verificar a qualidade e necessidade de alterações. A partir da análise dos resultados houve a necessidade de fazer algumas adequações conforme as sugestões, porém o material foi considerado muito bom pelos avaliadores em relação ao conteúdo, ilustrações, organização e propostas de atividades práticas.

Palavras chaves

Contextualização; Ensino de Química; Lei 10.639/03

Introdução

O Brasil é um país constituído por miscigenação de índios, brancos, negros entre outras etnias. Nesse contexto, a cultura negra especificadamente possui representações culturais que foram difundidas com a cultura do Brasil como: o samba, a capoeira e a feijoada. Contudo, a cultura africana e afrodescendente não se resumem a estas representações, é muito mais diversificada e contém itens ainda desconhecidos da população, por falta de aprofundamento, de oportunidades ou de reflexão (AMARAL, 2010). A Lei n°. 10.639/03, posteriormente alterada pela Lei n° 11.645/08, inclui a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” nos currículos oficiais das redes de ensinos (BRASIL, 2003). A cultura dos africanos trouxe para o nosso país processos que influenciaram a fabricação de queijos e requeijão do Norte, como por exemplo os queijos Beda, Sardo, Misch, produzidos pelos egípcios situado no nordeste da África, Ayib produzido na Etiópia, Wara desenvolvido na Nigéria, Caravane produzido na Mauritânia, dentre outros. O requeijão do Norte surgiu no sertão do nordeste brasileiro pela necessidade de conservar o leite recém ordenhado, proporcionando maior durabilidade e aproveitamento deste produto. A fabricação foi difundida pelos escravos africanos que fabricavam esses produtos a partir do leite ácido que sobrava nas fazendas produtoras de leite (BRASIL, 2010). Pensando nesta proposta de adaptação do conteúdo e correlação com o contexto étnico racial, a presente pesquisa teve como principal objetivo desenvolver material didático para a EJA e para o curso Técnico Integrado em Química, possibilitando ao aluno o aprendizado da química das proteínas de maneira contextualizada.

Material e métodos

Foi elaborado um material didático, com o intuito de auxiliar os docentes e discentes para que possam reproduzir e subsidiar o trabalho realizado em sala de aula. A estrutura desse material seguiu os seguintes critérios: 1º Introdução ao tema de proteínas; 2º história dos queijos; 3º citação de alguns queijos de origem africana e afro-brasileira, local em que são encontrados, informações sobre o processo de fabricação, utensílios utilizados, tempo de maturação, dando ênfase ao requeijão do norte que também possui origem africana e afro- brasileira; 4º conteúdo sobre o conceito de proteínas, a constituição das proteínas e algumas funções das proteínas no nosso organismo, estrutura das proteínas, etc.; 5º processo de coagulação e formação da massa para a produção de queijos; 6º conclusão. Para finalizar, foram apresentadas sugestões de exercícios relacionados ao tema, propostas de experimentos, além de referências para quem deseja saber mais sobre o assunto. Para avaliação do trabalho foi realizada uma entrevista estruturada, através da aplicação de questionário, de acordo com o recomendado por (LUDKE, 1986) em que a entrevista deve ter relação de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde e permitir uma imediata captação da informação desejada. Os questionários foram respondidos por cinco professores que ministram aulas de Química para o curso Técnico Integrado em Química e para a EJA Integrado à Educação Profissional - Técnico em Agroindústria, com o objetivo de avaliar o material. O material didático foi alterado de acordo com as sugestões apresentadas pelos professores.

Resultado e discussão

Na questão de número um foi pedido aos professores que fizesse uma avaliação quanto a qualidade do material produzido nos seguintes quesitos: Conteúdo apresentado, Ilustração, Organização e Atividades práticas (Figura 1). Dentre esses quesitos apenas no quesito ilustração os resultados apresentavam a necessidade de mudanças apontadas pelos avaliadores. Na mesma questão foi solicitado sugestões de mudanças. De acordo com o professor A algumas figuras e tabelas estão desconfiguradas, o professor C aconselhou que fosse reorganizado a disposição dos conteúdos, pois estava separado entre teoria e prática, sugerindo uma interação, com isso, modificamos a posição das propostas de experimentos alternando a teoria e a prática; o professore D propôs mudanças em relação ao conteúdo que poderia ser mais abrangente, como por exemplo, fazer uma breve introdução sobre carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio citados na introdução. Na questão de número dois, foi perguntado para os professores se eles utilizariam esse caderno didático para trabalhar ou subsidiar o trabalho realizado em sala de aula nos cursos. Todos os cincos professores responderam que utilizariam o material. O professor A comentou que o material é muito bom, que contextualiza o tema proteínas, inserindo-o na dinâmica social; o B achou que o conteúdo do material é muito bom, o que viabiliza sua utilização. O material elaborado está de acordo com o que preconiza Chassot (2003) sobre as propostas pedagógicas para o ensino de ciências que devem possuir componentes que estejam orientados na busca de aspectos sociais e pessoais dos estudantes e também os OCEM (Orientações Curriculares para o Ensino Médio) (BRASIL, 2008).

Figura 1:

Avaliação do material pedagógico pelos professores de Química.

Conclusões

O material didático elaborado possibilita orientar o educando e o educador no processo de ensino e aprendizagem, podendo ser trabalhado nas disciplinas de Bioquímica, Processos Químicos Industriais, Processamento e Tecnologia de Alimentos, Química Geral e Química de Alimentos. A apostila é importante, pois, considera o contexto social dos alunos, proporcionando uma linguagem acessível, bem ilustrada, promovendo a compreensão dos conteúdo referente ao tema e possibilitando a valorização da cultura africana e afro-brasileira.

Agradecimentos

Ao IFG pela bolsa PIQS (Programa Institucional de Qualificação do Servidor) e ao NUPEQUI (Núcleo de Pesquisas em Química do Estado de Goiás).

Referências

AMARAL, E. Aplicando a lei 10639/03 numa turma do quinto ano do ensino fundamental. 2010. Trabalho de conclusão de curso, Faculdade de Educação Federal do Rio Grande do Sul.
BRASIL, Presidência da República, Casa Civil: subchefia para assuntos jurídicos. Lei n° 10.639, de 09 de janeiro de 2003: incluir no currículo oficial da rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira. Brasília, 09 jan.2003. Disponível em:<http//www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei/2003/I10.639.htm>. Acessado em 19 de maio de 2013.
BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. v.. 2.Brasília: MEC/SEB, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da educação profissional e tecnológica. Lacticínios: Cartilha temática lacticínios miolo. Brasília, 2010.
CHASSOT, Á. I. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Educação, n° 22, 2003.
LUDKE, M., ANDRE, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. 1° ed. Pedagógica e Universitária, 1986.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás