INTERAÇÃO PROFESSORES E ALUNOS NO ENSINO DA DISCIPLINA DE QUÍMICA

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Rodrigues de Sousa, H. (UFPI) ; Alves de Abreu e Sousa, P. (UFPI)

Resumo

Compreender a ação prático-pedagógica da aprendizagem se faz necessária, pois no contexto social do qual participamos, essa pratica encontra-se precária, havendo total descaso por muitos educadores por este motivo esse estudo teve como objetivo compreender a relação e o comportamento entre professores e alunos no dia a dia do ensino da disciplina de química em algumas escolas públicas do município de Teresina-PI, através do estudo de campo e bibliográfico, em vista que como essa disciplina está entre as principais dificuldades de muitos alunos, procura- se saber o tipo de ensino adotado pelo educador, as metodologias abordadas e as ferramentas de ensinos utilizados por este profissional, para foçar a atenção dos alunos nas aulas e procurar um melhor método a ser utilizado nessas.

Palavras chaves

Ensino de química; Dificuldade; Metodologia

Introdução

Compreender a ação prático-pedagógica se faz necessária, pois no contexto social do qual participamos, essa pratica encontra-se precária, havendo total descaso por muitos educadores, que fazem uso errôneo de técnicas em sala de aula. Técnicas que incluem desde o máximo aproveitamento do tempo em sala de aula, como a utilização de estratégias metodológicas, recursos didáticos, relação professor / aluno e domínio de conteúdo, que são de extrema importância para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno. O tempo em uma aula de Ensino Médio varia entre 40 e 50 minutos e é neste tempo que o professor deve aplicar o conteúdo e avaliar se os alunos atingiram os objetivos planejados. Observa-se então uma grande dificuldade dos professores de rede pública, já que nestas há uma maior desorganização por parte dos corpos docente e discente fazendo com que os professores optem por aderir aos modismos. Aula não se aplica somente a aula expositiva, mas a todas as formas didáticas organizadas e dirigidas direta ou indiretamente pelo professor, tendo em vista realizar o ensino e a aprendizagem. Em outras palavras a aula é toda situação didática na qual se põem objetivos, conhecimentos, problemas, desafios, com fins instrutivos e formativos, que incitam as crianças e jovens a aprender (LIBÂNEO, 1994 p178). Antes de entrar na classe e iniciar a aula, o professor precisa preparar-se através de um planejamento sistemático de uma aula ou conjunto de aulas. A preparação sistemática das aulas assegura a dosagem da matéria e do tempo, o esclarecimento dos objetivos a atingir e das atividades que serão realizadas, a preparação de recursos auxiliares do ensino (LIBÂNEO, 1994 p178). Sendo assim o professor deve variar os procedimentos didáticos, usando os mais adequados aos objetivos propostos e a natureza do conteúdo estudado. Eles devem favorecer a compreensão, a assimilação e a construção do conhecimento por parte do aluno (HAIDT, 1996. pp. 143-153.). Frequentemente, ao trabalhar os conteúdos, os educadores deparam-se com frágeis instrumentos de trabalho, o que pode gerar dependência ao uso do livro didático. Como alternativas, o educador hoje dispõe da internet, kits didáticos e de revistas científicas que oferecem atualização sobre os mais diversos temas científicos. Outra fonte, de grande relevância, é a formação continuada, necessária para a atualização do conhecimento e criação conjunta de novas metodologias de ensino (LIMA, et al,2006 p127). Um professor desta nova era da educação deve desenvolver competências e habilidades não só na matéria que ministra, mas em relacionamento e comportamento dos alunos; conhecer mais sobre este item causa mudança de paradigmas, mudança de atitudes, mudança de conceitos, mudança de hábitos, que são necessárias para estabelecer um relacionamento nutritivo, que motive não só o aluno como também o professor (FONTOURA, 1999 p87). A busca por estratégias Metodológicas que despertem no estudante a curiosidade e a motivação para o seu envolvimento. Faz-se necessário, portanto, o uso de estratégias que desenvolvam questões químicas com as quais o aluno se depara no seu dia-a-dia. O professor deve levar o aluno a atuar de forma autônoma. O profissional de hoje precisa ter uma postura reflexiva capaz de mostrar ao aluno que não basta que este utilize do livro didático em sala de aula para que se aprenda. A relação professor-aluno, deve se caracterizar com o diálogo que é fundamental. A atitude dialógica no processo de ensino e de aprendizagem é aquela que parte de uma questão problematizadora para desencadear o diálogo, no qual o professor transmite o que sabe, aproveitando os conhecimentos prévios e as experiências anteriores do aluno. Assim, ambos chegam a uma síntese que elucida, explica ou resolve a situação-problema que desencadeou a discussão (HAIDT, 1996. pp. 55- 93). Na sua grande maioria, as escolas superlotam-se de professores incapacitados de ministrar os conteúdos programados de maneira satisfatória. A realidade mostra que esses conteúdos são simplesmente transmitidos e fragmentados. Não há uma preocupação em contextualizá-los com a realidade dos alunos. Diante das dificuldades encontradas pelos professores para ministrar a disciplina de Química surge um grande problema no ensino médio: Como está sendo realizada a prática de ensino (ação docente) por professores de Química no ensino médio? E o nível de aprendizado dos alunos? Professor e aluno falam a mesma língua? As observações realizadas em algumas escolas da rede pública de Teresina-PI tiveram como objetivo geral analisar a interação entre professores e alunos observando a prática de ensino realizada por professores de Química no ensino médio, partindo da observação da didática aplicada pelo professor e identificando que contribuições essa prática trará para o desenvolvimento do processo de ensino e de aprendizagem.

Material e métodos

Nesta pesquisa, utilizou-se uma investigação qualitativa a fim de estudar um fenômeno específico: o cotidiano da sala de aula e os laços entre professores e alunos. Para a realização desta pesquisa, foi feita, além da pesquisa bibliográfica, uma pesquisa de campo. Para a escolha do lócus da pesquisa, priorizaram-se três instituições que proporcionasse um bom ensino de química aos seus alunos. Tais instituições aceitaram participar da pesquisa com prontidão, permitindo assim a realização desse trabalho. Para a obtenção desses dados, foram utilizados os seguintes passos:  Primeiramente realizou-se uma observação em sala de aula (avaliação diagnóstica), com o intuito de avaliar a metodologia adotada pelo professor e comportamento dos alunos durante as mesmas;  Após a observação, realizou-se um questionário sobre o conteúdo abordado em sala pelo professor a fim de verificar o impacto desta perante os alunos, além de avaliar a aprendizagem pelo método empregado pelo professor.  Em seguida, com o resultado da avaliação anterior foi proposto o uso de recursos audiovisuais, como slides e vídeos educativos/demonstrativos do conteúdo, além da exposição do conteúdo no quadro.  A fim de verificar o impacto dessa nova abordagem, aplicou-se um novo questionário, para fins de avaliar o nível de assimilação do conteúdo apresentado por esta nova proposta de abordagem do conteúdo; Além disto, realizou-se análise documental (inclui plano de aula, diário de classe), para fim de ter maiores informações, referente metodologia adotada pelo professor ao abordar os conteúdos. A população da pesquisa foi formada pelos estudantes e professores de química de algumas escolas públicas estaduais da cidade de Teresina-PI.

Resultado e discussão

Desde o primeiro contato, os professores de química das instituições, foram bastante solícitos com a realização da pesquisa. Na avaliação diagnóstica foi percebido que a relação professor-aluno é formal e distante, não sendo exclusividade das aulas de Química (informação dada pelos alunos) na U.E. Profº Felismino Freitas o professor de química demonstra ter uma idade mais avançada que os das demais escolas analisadas, tendo um ensino montado no paradigma tradicional e não abertos às novas tecnologias existentes. Um ponto observado foi que nessa escola não há uso das novas tecnologias (internet, revistas e artigos científicos, kits didáticos), logo o ensino é focado na memorização, tornando a aprendizagem em química desestimulante. Durante a avaliação por observação, foram identificados os seguintes aspectos gerais dentro de sala de aula:  Em diversos momentos, detectou-se que apesar de o professor tentar instigar os alunos com perguntas desafiadoras, os professores não estipulavam um tempo para que a turma pudesse participar. Logo, respondiam e explicavam sem interação com os estudantes.  A relação entre professores e alunos só havia respeito, muitas vezes quando o professor instigava o medo, através de ameaças com notas.  A maioria das aulas era expositiva, sem propiciar a participação dos alunos;  Muitas vezes, os professores ignoraram a falta de participação dos alunos, atendendo individualmente apenas as dúvidas daqueles que estavam fazendo exercícios e queriam tirar suas dúvidas;  Os alunos se mostravam desinteressados, apáticos e dispersos pelas aulas, por vezes, realizam atividades de outras disciplinas. Para fim de avalia o nível de compreensão do conteúdo abordado pelo professor, elaborou-se um questionário contendo 10 itens, referente ao conteúdo de ligações químicas, envolvendo o a interpretação e o conceito de ligações iônicas e covalente, levando em consideração eletronegatividade e regra do octeto, conteúdos ministrado pelo professor. Observou-se que de um total de 55 alunos, 29% deste conseguiram atingir uma pontuação satisfatória a cima de 70% na resolução do questionário, demostrando que a turma possui um índice muito baixo de assimilação deste conteúdo. Após esta verificação, foi realizada a aula expositiva, utilizando-se de recursos áudio visual, como slides e vídeos, demostrando de maneira mais atrativa o conteúdo de ligações químicas, constatou-se que a totalidade da turma estava mais concentrada na metodologia abordada. A turma permaneceu em silêncio durante a apresentação do vídeo, e na exposição do conteúdo os estudantes foram muito participativos. Ao se fazer uma nova aplicação de questionário, pode-se observar uma considerável melhora dos índices em comparação ao questionário anterior, pois se verificou um aumento de 29%, para 96,36% dos alunos que obtiveram o nível de acertos acima de 70% da quantidade total de 10 itens. Evidenciando que compreender a ação prático-pedagógica se faz necessária, por parte do professor, pois no contexto social do qual participamos, essa pratica encontra-se precária, havendo total descaso por muitos educadores, que fazem uso errôneo de técnicas em sala de aula. Nas demais escolas em que o professor dava início a um novo conteúdo instigavam os alunos com situações contextualizadas ao cotidiano deles, levando-os a desenvolver o pensamento autônomo e crítico, o que causava certa agitação entre os alunos. Eles desejavam serem ouvidos pelo professor além de ficarem ansiosos por comentar com o colega ao lado alguma situação vivenciada. Essas aulas foram percebidas como um dos momentos mais ricos no processo de aprendizagem. Durante a observação realizada, foram identificados os seguintes aspectos gerais:  Os professores sempre procuravam relacionar a explicação do conteúdo com problemas cotidianos;  Na maioria das vezes em que corrigia os exercícios, procurava explicar como um profissional Químico deveria agir nas indústrias e nas escolas;  Os professores se mostravam atenciosos às dúvidas dos alunos;  A maioria dos professores não fazia o planejamento das aulas por escrito nem o uso do “Diário de Classe” diariamente, justificando tal atitude por não tolerar a burocracia, ressalvo que isso não era acordado com a coordenação das escolas. A fim de avaliar os conteúdos abordados por estes professores, aplicou-se questionários, sobre o conteúdo de ligações química, onde se observou um níveis de compressão do conteúdo elevado por parte dos alunos, atingindo um índice de 87,69% de um total de 65 alunos na U.E. Professor José Amável e 92,85% de um total de 70 alunos na escola U.E. Professor Moacir Madeira, revelando que o rendimento foi acima da pontuação satisfatória de 70% do total de questionário. Logo após esta avaliação, foi ministrado uma aula expositiva, utilizando recursos áudio visual, como slides e vídeos, após este momento, ao se realizar um novo questionário afim de se verificar o impacto dessa forma de abordagem, se verificou que na escola U.E. Professor José Amável, os alunos que antes atingiram 87,69% de acerto para cada 7/10 questões subiu para 90,76%, enquanto que na U.E. Professor Moacir esse índice foi de 92,85% para 95,71%. Após, estes resultados, pode se observar que a forma de abordagem do conteúdo explanado pelo professor, e sua relação com os docentes, tem grande impacto sobre a relação ensino e aprendizagem, logo novas metodologias e estratégias de ensino são fundamentais para minimizar as dificuldades no ensino e aprendizado em química.

Conclusões

As observações conduzidas nas escolas tiveram como foco principal a ação docente dos professores de Química e a ação discente dos alunos do ensino Médio da rede pública de Teresina o que nos leva a concluir que, alguns professores ainda norteiam seu trabalho no paradigma tradicionalista, carregando consigo muitos princípios e práticas considerados, atualmente, ultrapassados. Aliados a isso, estão embutidos problemas como a falta de compromisso de muitos professores com o processo de ensino-aprendizagem e a defasagem das condições físicas e estruturais de muitas escolas, o que limita a ação dos docentes. Mas a grande maioria dos professores já evoluiu em relação a esse pensamento tradicionalista, buscando cada vez mais se aperfeiçoarem e buscando trazer essas tecnologias e essa realidade para dentro da sala de aula. Em virtude disso, e embasado nos paradigmas inovadores da ciência que levam a produção do conhecimento, constatou-se que são necessárias muitas mudanças e melhorias no campo da didática dos professores de Química, para que o alunado adquira, neste ambiente escolar municipal, uma educação em Química adequada e realmente efetiva.

Agradecimentos

Agradeço a Deus e a todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho.

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