O trabalho em química e suas interfaces com a economia política: os plásticos

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Moradillo, E.F. (UFBA) ; Pimentel, H.O. (UFBA) ; Carvalho, J.R.M. (UFBA) ; Pinheiro, B.C.S. (UFBA) ; Messeder Neto, H.S. (UFBA) ; Sá, L.V. (UFBA) ; Santos, M.S. (UFBA)

Resumo

A química dos plásticos é um dos temas da disciplina, "O trabalho em química e suas interfaces com a economia política", cursada pelos alunos de graduação em química. Foram abordados aspectos técnicos e pedagógicos sobre a produção, a utilização e os problemas ambientais desses materiais. O estudo sobre os plásticos serviu para mostrar que, apesar da grande utilidade social, trouxe grandes consequências para o meio ambiente. As intervenções dos futuros profissionais, durante as atividades, indicaram grande interesse pelo identificação desses materiais, através da simbologia padrão e, principalmente, pela possibilidade da reciclagem e reaproveitamento dos mesmos. Na avaliação final, evidenciou-se a necessidade que essa discussão ultrapasse os limites da universidade para o bem comum.

Palavras chaves

trabalho em química; plásticos; ambiente

Introdução

Este trabalho resultou das discussões entre docentes e discentes sobre os plásticos, e envolveram os aspectos éticos e ambientais, de segurança química, e as relações com a economia política. Foram discutidos através de uma abordagem sócio histórica, visando a compreensão de como as determinações materiais de produção e reprodução da vida condicionam, de forma reflexiva, outras dimensões da vida social (MORADILLO; PIMENTEL, 2013). Durante o curso intensivo de 68 horas, com a participação efetiva de 27 alunos, os plásticos de utilização geral foram estudados quanto os aspectos técnico pedagógicos, aliados às análises da economia política, pela variedade de plásticos quanto a estrutura físico-química, quanto ao uso por parte da indústria e do consumidor, e à possibilidade de reciclagem e as consequências no ambiente. A metodologia adotada se baseou na variedade dos plásticos disponíveis no comércio, com atividades em sala de aula e pesquisa bibliográfica, para identificação das propriedades dos diferentes plásticos e a possibilidade de reciclagem. Constata-se no Brasil, ainda, uma carência de políticas e atos sociais e individuais em relação à reciclagem dos plásticos. Esses são depositados precariamente em depósitos de lixo urbano, conhecidos como lixões. Os plásticos são espalhados e encontrados nas ruas, esgotos, canais e estradas, nos rios, lagoas e oceanos. Dentro dessa complexidade, do ponto de vista prático, no curso, destaque especial é dado aos conhecimentos relativos aos símbolos encontrados nas embalagens plásticas e sua relação com a estrutura físico-química, os cuidados ambientais e de saúde humana (MANRICH et al., 2007). Na avaliação final, evidenciou-se a necessidade de tornar o tema um estudo obrigatório para os futuros profissionais da química.

Material e métodos

Materiais: Durante o curso, em conformidade com a norma ABNT NBR 13230/1994 que trata do ciclo padrão de reciclagem nas diversas embalagens, com números do polímero original de “1” a “7”, foram utilizados os materiais produzidos a partir das matérias primas, 1) PET (Polietileno tereftalato etileno): refrigerantes, sucos, água mineral, detergentes. 2) HDPE (high density polyethylene) ou PEAD (polietileno de alta densidade): canecos, garrafas para leite, água sanitária, detergentes, xampus e sacolas. 3) PVC (polivinil cloreto): filme, garrafas, “botas de borracha”, lonas, boias, bonecos. 4) LDPE (low density polyethylene) ou PEBD (polietileno de baixa densidade): sacolas, garrafas. 5) PP (polipropileno): recipientes para armazenar alimentos, mamadeiras. 6) PS (poliestireno): bandejas de isopor, caixas de ovos, copos, embalagem para alimentos e talheres opacos. 7) Outros: produtos não classificados nos números anteriores. Discute-se também a normatização dos plásticos pela ABNT NBR 13230/1994 que recomenda o ciclo padrão de reciclagem, com números do polímero original de “1” a “7”, suas finalidades e usos, nas diversas embalagens e vasilhames. Métodos: Curso optativo para os alunos de química tem carga horária de 68h, com atividades teóricas e práticas. Na 1ª parte do curso, foram discutidos os aspectos sobre o trabalho em química, com enfoque na segurança química, a ética, o ambiente, e sua relação com a produção e síntese de materiais, e os aspectos de insalubridade e periculosidade. Na 2ª parte do curso, relativos à produção dos plásticos, foram realçados os aspectos históricos, gênese, desenvolvimento, aplicação social e as conexões com a economia política. A avaliação final constou da identificação dos diferentes tipos de plásticos através de amostras incógnitas.

Resultado e discussão

O tema – plásticos – teve grande repercussão e interesse por parte dos alunos do curso, autodenominados como a “geração dos plásticos”, devido ao largo uso dos polímeros nas vários ojetos humanas: colchões, lençóis, vestuários, vasilhames para alimentos e bebidas, peças, móveis, filmes, talheres, garrafas. Foi oportunizada a manipulação, sendo verificado que o plástico é prático, leve, inquebrável e relativamente barato. Ficou evidenciado pelos participantes que a constituição desses objetos inclui tanto materiais descartáveis e não descartáveis. Um dos pontos significativos foi o aprendizado sobre a rotulagem através dos signos nos rótulos dos plásticos. O que significam? A simbologia atual, com numeração, espelha a constituição química, abre espaço para que as pessoas, químicos ou não, possam fazer uma “leitura científica” desses materiais, sendo fundamentais para a informação e manuseio adequado. Em relação à reciclagem, foi discutido o descaso generalizado sobre o descarte dos plásticos, com as consequências duradouras no meio ambiente. Foi também enfatizado que por questões econômicas, a existência de um símbolo para a reciclagem de um produto plástico não indica que o mesmo seja totalmente reciclável. Foram considerados que os aspectos teóricos e práticos sobre os plásticos, para os professores e alunos, voltados para uma ação social pautada na concepção crítico dialética da sociedade, são fundamentais na sociedade atual. A abordagem das estruturas químicas dos plásticos motivou os alunos na conexão com outros conhecimentos de química.

Conclusões

A discussão sobre a simbologia dos plásticos foi considerada bastante útil e motivadora para os alunos participantes do curso. Os conhecimentos sobre a constituição química e uso dos plásticos, com prováveis consequências para o meio ambiente e reflexos na saúde humana, possibilitam aos estudantes maior consciência sobre o tema, tornando-os novos divulgadores dessa “leitura científica” e, em consequência, maior popularização da ciência química.

Agradecimentos

Aos membros do Núcleo de Pesquisa em Ensino de Química (Nupequi) do Instituto de Química da Ufba.

Referências

MORADILLO, E. F.; PIMENTEL, H. O. O trabalho do químico: ética, ambiente, segurança e a economia-política. 11º Simpósio Brasileiro de Educação Química, Teresina-Piauí, 2013.
MANRICH, S. et al. Identificação de plásticos: uma ferramenta para reciclagem. 2.ed. São Carlos: EdUFSCar, 2007.

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