O BISCOITO NEGRO QUE UNIU O PIBID DE QUÍMICA E O DE MÚSICA: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Soares, E.C. (PIBID/QUÍMICA/UFMT) ; Sakamoto, A.M. (PIBID/QUÍMICA/UFMT) ; Ferreira, L.S. (PIBID/QUÍMICA/UFMT) ; Silva, E.D.A. (PIBID/QUÍMICA/UFMT) ; Perreira, F. (PIBID/QUÍMICA/UFMT) ; Martins, M.L. (PIBID/QUÍMICA/UFMT)

Resumo

Este projeto surgiu a partir de uma conversa informal entre as coordenadoras dos subprojetos do Pibid de Química e de Música da UFMT, a intenção foi a de encontrar situações de convergências entre as duas áreas, algo que superasse o uso de paródias nas aulas de Química. A pesquisa feita por temas afins levou o grupo ao assunto referente ao disco de vinil ou biscoito negro que, imediatamente, uniu as duas áreas demonstrando ser uma temática rica de possibilidades para o trabalho interdisciplinar. Neste texto, relatamos as experiências advindas desta pesquisa e seus desdobramentos como a realização de minicursos e e a participação em mesas redondas cujo tema central era a interdisciplinaridade.

Palavras chaves

Pibid/Química; Pibid/Música; Interdisciplinaridade

Introdução

De que forma unir duas áreas tão distintas? Como aproximar o belo da música com o “mágico” da Química? É possível mexer com a matéria prima da música ou ir além da Química da audição e alcançar maior interação? É possível superar o uso de paródias no ensino de Química? Estas foram as questões que motivaram o trabalho interdisciplinar relatado neste texto. Duas áreas muito diferentes e separadas pela história do conhecimento: Música e Química, agora unidas por uma temática e envolvidas pelo Pibid da Universidade Federal de Mato Grosso. A perspectiva foi a de ampliar as possibilidades de aprendizado e oportunizar a produção de atividades que relacionassem conceitos, produções culturais, materiais e vivências por áreas de conhecimento, buscando elos interdisciplinares que reformulem o pensar e o fazer docente. O trabalho iniciou-se principalmente com a perspectiva de superar o uso de paródias para ensinar Química, um tema recorrente em artigos já publicados (LEAL & ARAUJO, 2014; WERMANN, 2011; PICOLLI, SANTOS & SOARES 2013). O foco proposto recaiu sobre a história da produção do Disco de Vinil, um tema que serviu de motivação inicial para a construção de conhecimento interdisciplinar. As pesquisas revelaram como o lendário disco de vinil era fabricado a partir de um vídeo disponível na iternet. Os bolsistas do Pibid de Química e de Música reunidos em horários programados, estudavam e compartilhavam, a partir do conhecimento disciplinar que possuíam, conhecimento relacionado o tema. Desta forma, foram sistematizadas reuniões de estudo e pesquisa em conjunto e a elaboração de material didático a ser aplicado em um minicurso intitulado: O vinil perdido: A Química do biscoito Negro.

Material e métodos

Os bolsistas dos dois subprojetos participaram de reuniões de estudo em horários comuns no espaço do Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química (LabPEQ) e a partir desses momentos criaram vínculos conceituais e planejaram atividades culminando ações conjuntas. A pesquisa focou a evolução das mídias fonográficas, passando pela historicidade dos aparelhos sonoros, desde o século XVII até os dias atuais e sua trajetória no mercado mundial, bem como dos processos químicos envolvidos na fabricação do disco de vinil, além de ressaltar as sensações/reações provocadas quando o cérebro percebe a música. A metodologia de pesquisa seguiu a seguinte busca, a partir dos temas propostos: A evolução das mídias musicais 1. Os discos de rotação 2. Long plays 3. Fitas cassetes 4. CDs 5. Mídia digital 6. Hoje? A produção do disco de vinil Substâncias químicas presentes 1.Reações químicas 2.Viabilidade do processo de produção 3.Replicando as reações Produzindo uma vitrola 1.Materiais utilizados 2.Trabalho em grupo 3.Dinâmicas de cooperação (trabalho em grupo) Estes temas foram utilizados para desenvolver o material didático e a sequência do minicurso de 4 horas. Este material didático é composto por uma apostila de dez páginas a ser disponibilizada aos estudantes que participarem do minicurso.

Resultado e discussão

A ideia é partir da disciplina para a interdisciplina. Neste sentido, nenhum dos bolsistas havia experimentado a interdisciplinaridade dessa forma anteriormente na academia e a expectativa é de que muitas outras possibilidades existem com a união entre as áreas do conhecimento. No projeto aqui exposto, participaram 11 (onze) bolsistas sendo que 5 (cinco) eram do Pibid de Química e 6 (seis) do Pibid de Música. As reuniões de pesquisa e estudo ocorreram sempre no LabPEQ onde eles preparavam o material didático e a apresentação. Na dinâmica de apresentação todos os integrantes estavam caracterizados como um cantor ou cantora de época como, Elvis Presley ou Amy Winehouse e outros, além disso algumas das reações químicas utilizadas na confecção do disco de vinil foram realizadas com interação entre os participantes. A sala onde o minicurso foi apresentado também foi estilizada com figuras de discos e decorada com instrumentos sonoros antigos, até um bolo em formato de disco de vinil foi confeccionado e oferecido como lanche ao final das atividades, tudo isso com música ao vivo. Ao final, todos se divertiram com a produção da vitrola de papelão, podendo ouvir o som que aquele instrumento emitia depois de se envolver em uma atividade de grupo. O minicurso foi apresentado pela primeira vez na XXIII edição da Semana de Minicursos das Práticas de Ensino de Química da UFMT – SEMIPEQ, que ocorreu no período de 14 a 18 de julho de 2014 e logo depois foi replicado na Escola Estadual Liceu Cuiabano, uma escola atendida pelo Pibid de Química e de Música da UFMT. Como em 2015 entrou em vigor um novo edital do Pibid, vários bolsistas já foram substituídos mas, o trabalho com o disco de vinil deve prosseguir principalmente por ter apresentado bons resultados.

Conclusões

O instrumento de avaliação utilizado para avaliar o minicurso pelos estudantes da educação básica aponta para uma grande aceitação do trabalho interdisciplinar, bem como para o efetivo envolvimento dos bolsistas nesta visão que amplia o conhecimento e reconfigura o trabalho docente tanto no ensino de Química quanto no ensino de Música. Os alunos da educação básica que participam do minicurso visualizam um conhecimento mais abrangente e não compartimentado pela disciplina o que torna o aprendizado mais atrativo, mais motivador porque significativo.

Agradecimentos

Aos bolsistas do Pibid Química e de Música/UFMT Aos pesquisadores do LabPEQ/UFMT Aos organizadores da SEMIPEQ/UFMT

Referências

BENNETT, R. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
COLL, C. & TEBEROSKY, A. Aprendendo Arte. São Paulo: Ática, 2000.
COMO SE FABRICA UM DISCO DE VINIL, https://www.youtube.com/watch?v=10y30RxIBEE, Acesso 10 de fevereiro de 2014.
LEAL, N. J. S.& ARAUJO, A. M. L. A utilização de paródias em aulas de Química: uma proposta para ensino-aprendizagem, 12 Simpósio Brasileiro de Educação Química, Sustentabilidade no Ensino, Fortaleza, Ceará, 2014. Disponível em: http://www.abq.org.br/simpequi/2014/trabalhos/90/4257-14398.html. Acesso 2 de maio de 2015.
O Vinil perdido: A Química do biscoito negro, material apostilado utilizado na XXIII SEMIPEQ, 14 a 18 de julho de 2014.
OLIVEIRA, A. S. & MORAES, W. de O. A utilização da música no ensino de Química, IV Encontro Nacional de Ensino de Química, 2008.
PICOLLI, F. Da F., SANTOS, S. S. dos, SOARES, A. C. O Ensino de Química e a utilização de Música, 33° EDEQ, Outubro de 2013.
SILVEIRA, M. P. da & KIOURANIS, N. M. M. A música e o ensino de Química, Química Nova na Escola, n. 28, maio (p.28-31), 2008.
WERMANN, N. dos S. (et al), Música – Paródia: Uma Ferramenta de Sucesso no Ensino de Química, XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011.Disponível em: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/seminarioic/20112/5/5/1/1.pdf. Acesso 9 de jul. De 2015.

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