ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
Magalhães, B.E.A. (IF SERTÃO PERNAMBUCANO CAMPUS OURICURI) ; Freitas, A.G.M. (IF SERTÃO PERNAMBUCANO CAMPUS OURICURI) ; Marinho, C.M. (IF SERTÃO PERNAMBUCANO CAMPUS OURICURI)
Resumo
Este trabalho é resultado de um projeto realizado durante o estágio supervisionado, na disciplina de Química do 3º ano do Ensino Médio de uma escola particular de Ouricuri-PE. O objetivo deste trabalho foi preparar os estudantes para a abordagem de Química no ENEM. Em aulas extraclasse foram solucionadas e discutidas questões de várias edições do ENEM, a cerca de diversos conteúdos da Química, revisados durante essas aulas. Através deste trabalho foram analisadas as mudanças na abordagem de Química do antigo para o novo ENEM. Constatou-se que são contextualizadas e interdisciplinares as questões do ENEM, mas o novo exame demanda mais conhecimentos específicos da Química.
Palavras chaves
ENEM; extraclasse; Química
Introdução
Desde sua criação em 1998 até o ano de 2008, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) era uma prova com 63 questões interdisciplinares, sem articulação direta com os conteúdos ministrados no Ensino Médio, e uma redação. A reformulação do ENEM aconteceu em 2009, quando a avaliação passou a abordar diretamente o currículo do Ensino Médio, sendo constituída por 180 questões objetivas de múltipla escolha distribuídas em quatro áreas, além da redação (BRASIL, 2009). O ENEM tem como proposta analisar o raciocínio do estudante de forma contextualizada e interdisciplinar (COSTA, SILVA e SILVA, 2011). Até 2008 o antigo ENEM cobrava do estudante principalmente conhecimentos de atualidades, capacidade de relacionar diferentes matérias e competência leitora (COSTA, ALMEIDA e LIMA, 2012). A possibilidade de melhorar a qualidade do ensino foi uma das motivações da proposta do novo ENEM, pois a substituição dos vestibulares tradicionais pelo novo exame busca induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio (COSTA-BEBER E MALDANER, 2015). O novo ENEM permite acesso a vagas para o Ensino Superior em instituições públicas e para bolsas e financiamentos em instituições particulares, por isso o bom desempenho no exame é meta de muitos estudantes e escolas. Tendo em vista a importância do ENEM atualmente para os estudantes, durante o estágio supervisionado na disciplina de Química no 3º ano do Ensino Médio, realizado no Colégio e Curso Alternativo em Ouricuri- PE, foi idealizado um projeto preparatório para o ENEM, visando a abordagem de Química. Através da solução e discussão de questões de várias edições, foram analisadas as mudanças na abordagem de Química na passagem do antigo para o novo ENEM.
Material e métodos
Neste trabalho utilizamos uma metodologia de natureza qualitativa. Através de pesquisas na internet, foram selecionadas questões do ENEM (de 1998 a 2014) da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, envolvendo conhecimentos químicos. As questões selecionadas foram organizadas por conteúdo de Química: propriedades da matéria e substâncias químicas, estrutura atômica, ligações químicas e polaridade, funções inorgânicas e orgânicas, reações químicas, efeitos coligativos, eletroquímica, termoquímica e cinética química. No contra turno, em aulas extraclasse, os estudantes de uma das turmas (3º ano) nas quais foi realizado o estágio supervisionado foram convidados a participar do projeto preparatório para a Química no ENEM. Portanto, a participação dos estudantes não foi obrigatória as atividades desenvolvidas não tiveram como objetivo ser instrumento de avaliação da disciplina. O projeto Pré-ENEM teve duração de um mês. As aulas foram divididas em três momentos: revisão do conteúdo, análise das questões e discussão. Durante a revisão os principais aspectos do conteúdo químico foram repassados, de forma expositiva e dialogada, buscando sempre a participação dos estudantes, o resgate dos conhecimentos prévios e a contextualização. As questões do ENEM envolvendo o conteúdo revisado foram propostas aos estudantes em um momento que compreende a leitura e interpretação da questão, a análise dos conteúdos envolvidos e a resolução, socializando os procedimentos necessários. Além da discussão de cada questão, buscamos discutir os aspectos de contextualização, interdisciplinaridade e utilização de conhecimentos científicos. Discutindo as questões de várias edições do ENEM voltadas para um mesmo conteúdo, analisamos as mudanças na abordagem de Química no antigo e novo ENEM.
Resultado e discussão
Com este projeto buscamos preparar os estudantes para a Química no ENEM e
promover uma aprendizagem significativa. Para Castro e Costa (2011) se o
estudante não está disposto, a aprendizagem será mecânica e não
significativa. Por esse motivo convidamos os estudantes a participarem do
projeto, não os obrigando. Algumas das questões propostas aos estudantes
foram corretamente solucionadas pelos mesmos, enquanto outras não. Apesar
disso, os objetivos do projeto foram alcançados, haja vista que os
estudantes participaram efetivamente dos momentos de socialização, apontando
suas principais impressões das questões, ainda que apenas dúvidas. Apesar de
reconhecerem a contextualização e a interdisciplinaridade nas questões do
ENEM discutidas, os estudantes apontaram que em algumas questões esses
fatores não auxiliam na resolução, sendo exigido para tanto um conhecimento
específico. Por vezes o que se tem é um pré-texto e não um contexto, pois a
contextualização ocorre apenas no enunciado da questão, o que promove ao
estudante uma sensação de familiarização com o conhecimento exigido na
questão (COSTA, SILVA e SILVA, 2011). Em momentos de discussão percebemos
que alguns estudantes consideram possíveis outras respostas e apontam
diversos argumentos em diálogo com as questões. Esse olhar crítico do
estudante é um dos fatores que o novo ENEM busca desenvolver, mas o formato
das respostas no exame inviabiliza que o estudante exponha argumentos. Ao
discutir as mudanças na abordagem de Química foi constatado que para
responder várias questões do antigo ENEM os estudantes precisaram apenas de
um conhecimento geral de temas da atualidade e interpretar a questão. As
questões do novo ENEM exigem, além do entendimento do tema geral e da
interpretação, conhecimentos específicos da Química.
Conclusões
Com a reformulação, o novo ENEM passou a ser porta de entrada para várias instituições de Ensino Superior, tanto na rede pública quanto privada, por isso o bom desempenho nesse exame passou a ser objetivo de muitos estudantes. As questões do ENEM são contextualizadas e interdisciplinares, mas o novo exame demanda mais conhecimentos específicos da Química que o antigo ENEM. Em alguns casos é percebido que as informações que contextualizam as questões não auxiliam o estudante a resolvê-la e o formato de resposta (múltipla escolha) não permite que o estudante exponha seus argumentos.
Agradecimentos
Aos estudantes do 3º ano, pela participação, e a gestão do Colégio e Curso Alternativo, por viabilizar a realização deste trabalho.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. ENEM Exame Nacional do Ensino Médio, Textos Teóricos e Metodológicos. Brasília: MEC, SEB; Inep, 2009.
CASTRO, Bruna Jamila de; COSTA, Priscila Caroza Frasson. Contribuições de um jogo didático para o processo de ensino e aprendizagem de Química no Ensino Fundamental segundo o contexto da Aprendizagem Significativa. Revista electrónica de investigación en educación en ciências. v. 6, n. 2, p. 1-13, 2011.
COSTA-BEBER, Laís B.; MALDANER, Otavio A. Novo ENEM: um olhar para as questões que envolvem conhecimentos Químicos. Química Nova na Escola. v. 37, n. 1, p. 44-52, 2015.
COSTA, Francisco K. B. da; ALMEIDA, Maria M. B.; LIMA, Isaias B. de. O novo ENEM e o livro didático de Química. VI Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade. São Cristóvão, 2012.
COSTA, Demétrio A. S.; SILVA, Dayse C. da; SILVA, Penha S. A percepção dos alunos do Ensino Médio sobre a interdisciplinaridade e a contextualização nas questões do ENEM. Belo Horizonte: UFMG, 2011.