ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ensino de Química
Autores
Silveira, A.J.A. (UEAP) ; Batista, S.S. (UEAP) ; Rocha, I.F.C. (UEAP) ; Silva, D.B. (UEAP) ; Guedes, J.N. (UEAP) ; Souza, T.M. (UEAP)
Resumo
O trabalho tem como objetivo, motivar e melhorar o ensino-aprendizagem de química; divulgar nas escolas públicas amapaenses a catuaba, como tema gerador de conhecimento de química. Os PCN’s, apresentam orientações com temas geradores voltados para o Meio Ambiente. Seguindo essa orientação, e levando em conta a não utilização de temas na rede de ensino amapaense, o tema gerador catuaba foi escolhido como temática para o conhecimento de Química, a ser aplicado em Macapá-AP, em quatro aulas: primeiro visitaram a feira de ervas medicinais, nas aulas restantes; a química foi relacionada com a composição da catuaba, através de um processo dinâmico que permitiu ao aluno aprender à aprender a construir o conhecimento, a contextualizar, desenvolvendo conhecimentos e valores para a vida futura.
Palavras chaves
Catuaba; tema gerador; ensino-aprendizagem
Introdução
O homem procura nos princípios ativos de vegetais a cura para seus males. Dentre as diversas plantas com propriedades farmacoterapêuticas e cosmetológicas, foi escolhida a Anemopaegma arvense, família Bignoniaceae, popularmente conhecida como catuaba, utilizada como poderoso estimulante sexual, tratando doenças como: herpes, sífilis, tosse, insônia, abcessos e paralisia parcial, (Charam, 1987). As estruturas básicas de um esteroide e de um flavonoide (Matos, 2000), presentes na planta, foram utilizadas como eixo temático para os conteúdos: postulados de Kekulé, hibridização; formação das ligações sigma e π e o reconhecimento de anéis aromáticos. A proposta metodológica é fundamentada na teoria dialética do conhecimento. Para Freire (1983, p. 83) "sem o diálogo não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação". A literatura mostra, (Pazinato, 2012, Pimentel, 2008) que todas as associações relacionadas ao dia-a-dia são veículos de motivação para crianças e adolescentes no processo de ensino-aprendizagem de Química. A pesquisa teve como objetivo: trazer motivação e melhoramentos no ensino-aprendizagem de química, melhorar a interação educador-educando e divulgar na escola públicas amapaense o tema gerador de conhecimento catuaba. A Química voltada para contextos sociais e tecnológicos, a sua compreensão é facilitada por contextos específicos, por situações do dia-a-dia com dimensão científica que estruturam conhecimentos variados (Santos, 2009). Assim, falar na Química da catuaba não é apenas falar no seu grande uso como afrodisíaco, mas também ressaltar que pesquisas na área de fitoquímica relatam seu poder citotóxico e antimicrobiano (Costanzo, 2013).
Material e métodos
A fotoquímica da catuaba gerou a aprendizagem de conteúdos de ensino de Química e foi desenvolvido em três aulas. Sujeitos da pesquisa, quarenta educandos do terceiro ano do Ensino Médio noturno, da escola-campo localizada Macapá-AP, sendo 22 do sexo feminino (18 a 22 anos) e 18 do sexo masculino (19 a 25 anos). Coleta de dados, foi aplicado um questionário sobre o uso das ervas medicinais, para avaliação do conhecimento dos alunos sobre o tema. Segunda aula: os grupos socializaram e trocaram informações sobre questões respondidas no questionário. Da composição química da catuaba, foram escolhidas a estrutura do esteróide e do flavonoide, para a abordagem química. Kit`s de modelos moleculares foram usados na construção das estruturas químicas escolhidas. Terceira aula: observando a estrutura montada do esteroide, o aluno contextualizou a respeito dos princípios básicos da Química, ressaltando os postulados de Kekulé, hibridização dos orbitais s e p do carbono. Na ocasião, os educandos foram informados sobre a importância dos esteroides e dos flavonoides no sistema biológico. O colesterol foi citado como um esteroide importante, por fazer parte de da estrutura das membranas das células junto com os fosfolípidos. Os flavonoides, presentes em frutas vermelhas, evitam problemas cardiovasculares. Quarta aula: com a estrutura do flavonoide, foi feito o estudo sobre hibridização sp2; formação das ligações sigma e π e identificação de anéis aromáticos. No modelo molecular do flavonoide, perceberam que o carbono mostrava uma ligação diferente das reconhecidas na estrutura do esteroide, a ligação pi. Utilizando balões os alunos construíram modelos espaciais para os carbonos sp3 e sp2, detectando a geometria e o ângulo entre os referidos orbitais.
Resultado e discussão
A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa e naturalística, por enquadrar o
pesquisador no processo investigativo. Os questionários respondidos, e os registros
de atuação do educador confirmaram a evolução conceitual dos conteúdos abordados de
química orgânica com os educandos. Após análise do questionário verificou-se que
oitenta por cento dos educandos (32 alunos) atribuem poder curativo as ervas
medicinais e que o poder afrodisíaco da catuaba era conhecido, sendo que todos
desconheciam as atividades citotóxicas e antibacteriana da catuaba, assim como a
cardiovascular devido aos flavonoides, por se tratarem de informações científicas
descritas na literatura (Costanzo, 2013). A utilização de modelos moleculares na
construção das moléculas orgânicas, permitiu que os educandos fossem reconhecendo os
conceitos básicos da química orgânica no que diz respeito aos postulados de Kekulé,
hibridização do orbitais do carbono, fórmula molecular, e a diferença entre um anel
aromático e um não aromático. Todos os encontros com os educandos foram registrados,
no último encontro, os alunos foram avaliados, para a concretização da validade da
proposta. O gráfico 1 mostra o percentual de desempenho dos quarenta educandos
sujeitos da pesquisa relacionando respostas corretas dos assuntos abordados. Este
modelo de aula trouxe a relação entre os saberes populares e a química orgânica.
Nessa pesquisa, pode-se observar que o ensino dos conceitos fundamentais de química
orgânica, através do tema gerador catuaba, facilitou a compreensão dos assuntos
abordados. Os conteúdos foram trabalhados de um modo mais dinâmico, contextualizado,
procurando evitar o ensino sustentado por transmissão-recepção. Esse processo
didático permitiu que os educandos se tornassem agentes de suas aprendizagens.
Atividades executadas em grupos de quatro alunos.
Conclusões
Esta proposta, mostra que os alunos são capazes de entender a química, quando esta é relacionada a fatos cotidianos. Em foco foi utilizada a cadeia básica de um esteroide e de um de flavonoide presentes na catuaba. A relação dessas estruturas com os conteúdos abordados com Kit’s moleculares permitiu aos educandos a visualização, seguido de entendimento dos tópicos ensinados. Esse trabalho mostrou alternativas, para minimizar as dificuldades que os educandos encontram em aprender química orgânica e, contribuir com novos dados para a literatura, por mostrar um desempenho satisfatório.
Agradecimentos
A Universidade do Estado do Amapá por contribuir para o desenvolvimento do trabalho.
Referências
BRASIL. Secretaria da Educação Média e Tecnológica – Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.
CHARAM, I. Há ações afrodisíacas nas plantas medicinais do Brasil? A Folha Médica, Rio de Janeiro, RJ, V. 94, No.5, p. 303-309, 1987.
COSTANZO,C.,G.; FERNANDES, V. C.; ZINGARETTI, S.;BELEBONI, R.; PEREIRA, A. Isolation of flavonoids from Anemopaegma arvense (Vell) Stellfex de Souza and their antifungal activity against Trichophytonrubrum. Brasilian Journal of Pharmaceutical Sciences,V. 49, No.3, 2013.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 13 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
MATOS F. A. Plantas Medicinais Guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no Nordeste do Brasil, 2.ed. Imprensa Universitária da UFC, Fortaleza (2000).
PAZINATO, M.S.; BRAIBANTE, H.T.S.; BRAIBANTE, M.E.F.; TREVISAN, M.C.; SILVA, G. S. Uma abordagem diferenciada para o ensino de funções orgânicas através da temática medicamentos. Química Nova na Escola, V 34, No.1, p. 21-25, 2012.
SANTOS, M., E. Ciência como cultura paradigmas e implicações epistemológicas na educação científica escolar. Química Nova, 2009.