A matemática no curso de Licenciatura em Química: um "mal" necessário?

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Lopes de Souza Júnior, R. (IFRJ DUQUE DE CAXIAS) ; Carolina Carius, A. (IFRJ DUQUE DE CAXIAS) ; da Silva Leal, W. (IFRJ DUQUE DE CAXIAS) ; Veloso Machado de Almeida Vilela, G. (IFRJ DUQUE DE CAXIAS)

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo apresentar os resultados obtidos em um projeto de pesquisa desenvolvido no curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal do Rio de Janeiro, campus Duque de Caxias. Uma das maiores problemáticas que o curso de Licenciatura em Química enfrenta, desde sua abertura, em 2009, é a enorme evasão e reprovação dos estudantes que ingressam no curso. Em pesquisa informal, muitos estudantes se queixavam das dificuldades encontradas nas disciplinas que envolviam matemática como fator desmotivador ao prosseguimento dos seus estudos. Diante deste quadro, propusemos um projeto de pesquisa, o qual buscou identificar com mais clareza as causas do fenômeno de evasão e retenção e estudar o perfil dos ingressantes no curso de Licenciatura em Química.

Palavras chaves

química; ensino; matemática

Introdução

Fundado em 2009, o curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal do Rio de Janeiro, instalado no Campus Duque de Caxias, foi aberto graças às expansões da rede federal de ensino, iniciada em 2003 (Tavares, 2012). Desde então, um dos maiores problemas que a graduação enfrenta é a altíssima taxa de evasão e retenção dos estudantes matriculados na instituição. A evasão e a retenção dos estudantes de licenciaturas não são fato isolado ao IFRJ. Como apontam pesquisas de Moura e Silva (2007), Silva et. al (2012) e Paz et. al (2005), sendo esta última direcionada exclusivamente para a Licenciatura em química, não é de hoje a preocupação de diversos pesquisadores com a manutenção dos estudantes que iniciam a vida acadêmica em um curso de licenciatura. O traço que une as pesquisas, embora direcionadas para cursos de licenciaturas distintos e localizados em diferentes regiões do país é a conclusão de que as dificuldades geradas pelas unidades curriculares das áreas exatas não é o fator determinante da desistência dos estudantes. Nos três trabalhos, destacam-se motivos pessoais e condições socioeconômicas precárias como fatores determinantes para a desistência dos estudantes, em 90 % dos casos.

Material e métodos

Baseados nessa constatação e no cenário de evasão em licenciaturas em outras regiões do país, dividimos nosso estudo em três etapas: Etapa 1: Aplicação de questionários junto aos alunos ingressantes no primeiro período e também junto aos alunos no segundo período. Esses questionários continham informações da vida pessoal, socioeconômica e acadêmica do estudante, com o objetivo de traçar o perfil do ingressante na Licenciatura em Química. Etapa 2: De posse das dificuldades apresentadas pelos estudantes nos questionários relacionadas às unidades curriculares que envolvem matemática, elaboração de um currículo diferenciado para as unidades curriculares de Pré-Cálculo para professores de Química e Cálculo para professores de Química I. A estratégia que utilizamos foi a inserção da química nas ementas dos cursos, através de modelagem matemática aplicada a problemas na área de química. Etapa 3: Análise dos resultados gerados a partir da experiência de uma turma piloto com a metodologia de modelagem matemática aplicada à química como fator motivador ao estudo das unidades curriculares que envolviam matemática. Propostas futuras a partir dos resultados.

Resultado e discussão

Etapa 1: Com os questionários aplicados nas turmas foi possível nortear o trabalho, mostrar as expectativas e dificuldades dos alunos ingressantes. Neles, procurou-se ter um informativo socioeconômico e traçou-se o perfil das turmas. Um fator que contribui para a grande taxa de evasão foi o fato de alunos não quererem nenhuma graduação correlacionada com a química, fator que se constatou no período 2014.2, onde encontramos alunos que desejariam cursar meteorologia, fisioterapia, entre outros, como visto no gráfico a seguir: Na disciplina de Cálculo para professores de química I buscou-se, além da pesquisa socioeconômica, no questionário, as deficiências na formação dos estudantes, utilizando como base as unidades curriculares do período em questão. Para as unidades curriculares cursadas no período de 2014.1 foi possível constatar que a dificuldade ocorreu em unidades curriculares de Ciências Exatas. Um fato observado foi a falta de maturidade de alguns alunos, que ao justificar o motivo das dificuldades, respondeu para a pergunta: “falta de vergonha na cara”. O gráfico a seguir mostra os fatores que propiciaram aos alunos problemas com algumas unidades curriculares do período 2014.1. Etapa 2: Na segunda etapa do projeto, utilizou-se, na unidade curricular de Cálculo para professores de química I, a aplicação de um trabalho multidisciplinar, para demonstrar a turma, que a matemática está presente em várias áreas da química. Como metodologia, fez-se a aplicação do trabalho em grupos contendo três alunos cada e ele, com problemas distintos para cada grupo, partindo da história à aplicação matemática, de modo a diversificar os conteúdos abordados.

Curso de preferência

Curso de preferência dos alunos que não queriam cursar Licenciatura em Química

Motivos de dificuldade

O gráfico representa os motivos de dificuldades representados pelos alunos

Conclusões

Foi percebido, ao término do período letivo, falta de maturidade acadêmica, pois foi visto que muitos alunos possuíram diversas dificuldades com relação à pesquisa do contexto histórico, que não deveria ser um entrave no trabalho. Tendo em vista as dificuldades matemáticas desde a criação do curso de Licenciatura em Química, consideramos os resultados satisfatórios. Nesse sentido, prosseguiremos com o projeto em 2015.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo suporte financeiro e ao professor Willian da Silva Leal por colabor

Referências

MOURA, D.H. SILVA, M.S. A evasão no curso de licenciatura em geografia oferecido pelo CEFET-RN. Holos, [s.l.]: 2007.

PAZ, R. A. da; BARBOSA, E. A.; AZEVEDO, L. G. Evasão e repetência: o caso do curso de Licenciatura em Química da UEPB. Anais do XXXIII Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, COBENGE. Campina Grande: 2005.

SILVA, M. P. da; SOUZA, F. L. T. de; PORTELA, T. A. M.; FERREIRA, G. S. S. Evasão escolar no curso de Licenciatura em Física: um estudo de caso no IFCE campus avançado de Tianguá. Anais da VII CONNEP – Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. Tocantins, Palmas: 2012.

TAVARES, M.G. Evolução da rede federal de educação profissional e tecnológica: as etapas históricas da educação no Brasil. Anais do IX ANPED Sul, Seminário de pesquisa em educação da região sul, pp. 1-21. Rio Grande do Sul, Caxias do Sul: 2012.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás