ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ambiental
Autores
Silva, J.P. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Bernadeli, A.A. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Cruz, L.O.P. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Alves, B.H.P. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Carvalho, F.R. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA)
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água mineral natural das três principais marcas comercializadas em embalagens retornáveis de 20 litros no município de Itumbiara-GO, por meio de análises de parâmetros físico-químicos, como temperatura, pH, turbidez, cor aparente, condutividade elétrica, dureza, acidez total e sólidos totais, e parâmetros microbiológicos, a partir da quantificação de microrganismos indicadores do grupo dos coliformes totais e coliformes termotolerantes. Os parâmetros físico-químicos das três marcas de água mineral analisadas estavam de acordo com as informações anunciadas no rótulo e com as especificações apontadas pela legislação vigente, mas uma delas apresentou resultado insatisfatório quanto à quantificação de clostrídios sulfito redutores.
Palavras chaves
Água mineral; Embalagens retornáveis; Qualidade microbiológica
Introdução
Conforme apontam algumas pesquisas recentes, há a percepção, por parte da população, de que o consumo de água mineral natural é uma alternativa mais segura e mais saudável, quando comparado ao consumo da água tratada ofertada pelo sistema público de abastecimento. Entretanto, a ocorrência de distúrbios gastrintestinais após o consumo de águas naturais engarrafadas e a divulgação de estudos que constataram a ocorrência de contaminação microbiológica em algumas marcas de água mineral comercializadas no país, aliadas à verificação de que as características físico-químicas de algumas amostras de água mineral divergem das características apontadas em seu rótulo tem chamado atenção para a necessidade de estudos que atestem a qualidade destas águas destinadas ao consumo humano. A maioria dos estudos sobre qualidade de água mineral aponta aquelas comercializadas em embalagens retornáveis, especialmente em garrafões plásticos de 20 litros, como as mais propensas à contaminação microbiológica, a qual pode resultar de contaminação na própria fonte, nos equipamentos utilizados no envasamento ou nas próprias embalagens submetidas a processos inadequados de assepsia antes do envasamento (COELHO et al., 2009; FARACHE-FILHO, DIAS, 2008; REIS, HOFFMANN, HOFFMANN, 2006; ALVES, ODORIZZI, GOULART, 2002). Deste modo, considerando-se o aumento do consumo de água mineral em todo o país e a necessidade de garantia da qualidade final do produto ofertado ao consumidor, assegurando a ausência de riscos de seu consumo para a saúde humana, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água mineral das principais marcas comercializadas em embalagens retornáveis de 20 litros no município de Itumbiara-GO, por meio de análises de parâmetros físico-químicos e microbiológicos.
Material e métodos
Amostras das 3 principais marcas de água mineral comercializadas em embalagens retornáveis de 20 litros no município de Itumbiara-GO foram coletadas, conforme especificação da Resolução RDC 275, da ANVISA (BRASIL, 2005), e submetidas a análises físico-químicas no Laboratório de Química do IFG-Câmpus Itumbiara, de acordo com “Métodos físico-químicos para análise de alimentos” (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). Para cada amostra foram avaliados os seguintes parâmetros: A) Temperatura: determinada no momento da coleta das amostras (in loco), e resultados em °C; B) pH: determinado com pHmetro previamente calibrado; C) Turbidez: medida com turbidímetro, e resultados em NTU; D) Cor aparente: determinada com um aparelho comparador visual, e resultados expressos em Unidades Hazen (μH) da escala Platina-Cobalto; E) Condutividade elétrica: medida com condutivímetro, e resultados em μS.cm-1; F) Dureza: determinada pelo método de titulação de complexação com EDTA, com resultados em mg de CaCO3 .L-1; E) Acidez total: determinada pelo método de titulação com indicador, e resultados em mg de CaCO3 .L-1; F) Sólidos Totais (ST): determinados a partir de evaporação completa da amostra em banho-maria e determinação da massa do resíduo, com resultados em mg.L-1. Análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Goiânia-GO), a partir de parceria com a Regional da Vigilância Sanitária de Itumbiara-GO, para quantificação de Coliformes totais, Coliformes termotolerantes (fecais), Clostrídios sulfito redutores, Enterococos e Pseudomonas aeruginosa presentes nas amostras, pela técnica dos tubos múltiplos (Número Mais Provável - NMP em 100 mL de água), conforme descrito no “Standard methods for the examination of water and wastewater” (APHA, 2005).
Resultado e discussão
Os resultados das análises físico-químicas das amostras de água mineral das
três principais marcas comercializadas no município de Itumbiara-GO estão
apresentados na Tabela 1.
No Brasil, os padrões de potabilidade da água destinada ao consumo humano
são estabelecidos pela Portaria MS 2.914, de 12 de dezembro de 2011 (BRASIL,
2011) e pelas Resoluções RDC 274 e RDC 275, da ANVISA, que tratam
respectivamente sobre águas minerais envasadas e características
microbiológicas para água mineral natural e água natural (BRASIL, 2005). Com
relação aos parâmetros físico-químicos, tais resoluções não especificam
limites máximos para temperatura, pH, condutividade elétrica e acidez total.
Por outro lado, esta portaria estabelece o limite máximo de turbidez da água
potável em 5,0 NTU, de cor aparente em 15,0 μH, de dureza em 500 mg.L-1 e de
sólidos totais em 1.000 mg.mL-1, de modo que as amostras analisadas estão de
acordo com a legislação em relação a todos estes parâmetros, com resultados
bem inferiores aos limites máximos estabelecidos. Isto atesta a qualidade
das três marcas de água mineral analisadas quanto aos parâmetros físico-
químicos testados.
Já as análises microbiológicas, cujos resultados estão apresentados na
Tabela 2, apontam que todas as amostras de água mineral testadas estão de
acordo com as especificações da Resolução RDC 275, da ANVISA, quanto aos
níveis de coliformes totais, coliformes termotolerantes, Enterococos e
Pseudomonas aeruginosa, mas uma das marcas (amostra B) apresentou resultado
insatisfatório quanto à quantificação de clostrídios sulfito redutores,
demonstrando possível contaminação da fonte ou do processo de envase da
água, estando imprópria para consumo humano (COELHO et al., 2009; FARACHE-
FILHO, DIAS, 2008).
Conclusões
Em função dos parâmetros analisados, conclui-se que as três principais marcas de água mineral comercializadas em embalagens retornáveis de 20 litros no município de Itumbiara-GO apresentam excelente qualidade físico-química, estando de acordo com as informações anunciadas no rótulo e com as especificações apontadas pela legislação vigente. No entanto, uma das amostras apresentou resultado insatisfatório quanto à quantificação de clostrídios sulfito redutores, demonstrando possível contaminação da fonte ou do processo de envase da água.
Agradecimentos
Aos técnicos do Laboratório de Química do IFG-Itumbiara, ao CNPq, à Regional da ANVISA em Itumbiara-GO e ao Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Goiâ
Referências
ALVES, N. C.; ODORIZZI, A. C.; GOULART, F. C. Análise microbiológica de águas minerais e de água potável de abastecimento, Marília, SP. Revista de Saúde Pública, São Paulo, SP, v. 36, n. 6, p. 749-751, 2002.
APHA. American Public Health Association. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20ª ed. Washington, DC, 2005. p. 9-140.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 de dezembro de 2011. Seção 1.
_______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n° 274, de 22 de setembro de 2005. Regulamento técnico para águas envasadas e gelo. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 de setembro de 2005. Seção 1.
_______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n° 275, de 22 de setembro de 2005. Regulamento técnico de características microbiológicas para água mineral natural e água natural. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 de setembro de 2005. Seção 1.
COELHO, M. I. S.; MENDES, E. S.; CRUZ, M. C. S.; BEZERRA, S. S.; SILVA, R. P. P. Avaliação da qualidade microbiológica de águas minerais consumidas na região metropolitana de Recife, Estado de Pernambuco. Acta Scientiarum. Health Sciences, Maringá, PR, v. 32, n. 1, p. 1-8, 2010.
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INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Águas. In:_________. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. Cap. VIII, p. 345-408.
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