AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE POÇOS FREÁTICOS CONSUMIDA POR RESIDENTES DO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS - PA

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ambiental

Autores

Oliveira, A.F.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Pereira, S.F.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Freitas, K.H.G.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Oliveira, J.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Lemos, S.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Neves, M.N.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Cascais, V.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Modesto, A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Teixeira, B.J.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)

Resumo

Este estudo teve o objetivo de avaliar a qualidade da água consumida por moradores de um bairro próximo a um lixão, no município de Paragominas (PA). Para isso foram coletadas amostras em diversos pontos do bairro e analisadas no Laboratório da Estação de Tratamento de Água do município. Os resultados mostraram que a água consumida está fora dos padrões de potabilidade estabelecido pela Portaria Nº 2914/11, do Ministério da Saúde. Alguns parâmetros físico-químicos mostraram-se fora do padrão e 70% das amostras apresentaram altos índices de bactérias do tipo coliforme. Portanto, a população estudada está vulnerável a adquirir doenças veiculadas por água contaminada e necessita de atendimento de suas necessidades por parte do setor público.

Palavras chaves

Contaminação; Escherichia coli; Água Subterrânea

Introdução

O rápido crescimento urbano no município de Paragominas, trouxe consigo a necessidade da construção de uma cidade que acompanhasse as demandas de moradias, infraestrutura, pavimentação, urbanização, como forma de desenvolvimento econômico. Contudo, os investimentos em infraestrutura não são distribuídos uniformemente pelos bairros do município, ocasionando a falta de saneamento básico, pavimentação, água tratada em muitas localidades, deixando-os suscetíveis ao desenvolvimento de doenças vinculadas por água contaminada. Para Melo et al (p.2, 2000), a contaminação das águas subterrâneas deve-se à construção desordenada de poços particulares, da percolação de contaminantes provenientes de fossas sépticas, infiltração de compostos tóxicos de depósitos industriais e depósitos de resíduos sólidos, dentre outros. De acordo com Maciel et al (p. 56, 2006), a contaminação da água por dejetos humanos e de animais ocasiona, dentre outros problemas, doenças que atingem o trato gastrointestinal, infecções da pele e dos olhos. O uso de poços é uma alternativa largamente utilizada para suprimento de distribuição de água em todo o país. Os fatores supracitados que influenciam na contaminação de águas subterrâneas são comumente identificados nos bairros menos favorecidos. Além destes, os cuidados de higiene domiciliar contribuem para o agravamento do problema (SABINO, p.3, 2009). Desta forma este trabalho tem o objetivo de avaliar a qualidade da água consumida pelos moradores de um bairro com pouca infraestrutura e próximo a um lixão, no município de Paragominas, verificar a possível contaminação dos poços, além de propor ações de prevenção e possíveis ações para remediar os danos a população.

Material e métodos

Foram selecionados 10 pontos de coleta do município de Paragominas usando um critério aleatório de modo a obter amostras representativas de água subterrânea. A coleta de dados e procedimentos laboratoriais ocorreu no período de janeiro a fevereiro de 2014. Durante as visitas foi aplicado um questionário com questões abertas e fechadas relacionadas às condições socioeconômicas e culturais dos moradores. Nas residências visitadas, foram feitas observações quanto ao tipo de poço, o tipo de vedação dos poços, distância destes das fossas sépticas, presença de lixo no quintal e cercanias das casas, coloração da água, tipo de obtenção da água, se é realizada manualmente (com balde e corda) ou mecânica (com bombas d’água). As coletas foram feitas em recipientes plásticos esterilizados de 250 mL, identificados de acordo com a data, rua, morador e tipo de poço. No prazo máximo de 12 horas pós-coleta realizaram-se análises físico-químicas e microbiológicas de acordo com os parâmetros de potabilidade da Portaria N.º 2914, de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde, onde foram analisados os seguintes parâmetros: turbidez, pH, alcalinidade, cor, concentração de CO2, coliformes totais. As análises realizadas durante a realização do projeto foram baseadas no Manual de Análise de Água (FUNASA, 2006), no Laboratório de Qualidade de Água da Estação de Tratamento de Água (ETA) do município. Para comparar os dados obtidos nas análises laboratoriais foi realizado um levantamento das doenças registradas no posto de saúde do bairro vinculadas à falta de saneamento básico e contaminação da água.

Resultado e discussão

Verificou-se que todos os poços visitados tem, em média, 25 m de profundidade. A falta de infraestrutura dos poços no bairro pode ser explicado pelo baixo poder aquisitivo dos moradores, onde a maioria apresenta renda máxima de dois salários mínimos, além do elevado custo de vida no município. Para Pinheiro et al (2011), com o avanço da globalização, houve um sensível aumento no custo de vida, principalmente na questão da moradia. Aliado a isso, a população apresentou baixa escolaridade: 30% são analfabetos ou semianalfabetos, 20 % possuem ensino fundamental incompleto e 20% ensino fundamental completo. As moradias apresentaram fossas sépticas distantes no máximo 27 metros do poço. Waichel et al (p.2, 2003) relatam que do total de 92 casas, as 83 % que apresentaram fossas sépticas a uma distância de 10 e 30 metros em relação ao poço, ficaram mais sujeitas à contaminação por coliformes. As análises físico-químicas mostraram que as variáveis pH e cor (Tabela 1) encontram-se fora dos padrões de potabilidade definidos pela Portaria 2914/11. Os valores obtidos para a cor foram maiores na zona que apresenta menor altitude. As análises bacteriológicas mostraram que 70% das amostras indicaram presença de coliformes fecais (Figura 1). A ausência de coliformes em algumas residências pode estar relacionada ao tratamento com hipoclorito, inclusive na própria caixa d’água, feito pelos moradores, também a distância do poço de qualquer ponto de contaminação, como lixões e fossas pode ter influenciado na redução dos coliformes. Verificou-se ainda que 60 % dos entrevistados tiveram alguma verminose desde o segundo semestre de 2012. Entretanto, essas doenças costumam ser tratadas em casa, inexistindo dados concretos que revelem o mapa das doenças vinculadas água contaminada no município.

Tabela 1:

Resultados das análises físico-químicas das amostras de água subterrânea em Paragominas-PA

Figura 1:

Resultados da análise dos coliformes totais em amostras de água subterrânea do município de Paragominas-PA

Conclusões

Considerando-se que a grande maioria das amostras analisadas apresentam contaminação por bactérias do tipo coliforme, principalmente a Escherichia coli e que alguns parâmetros estão fora dos padrões estabelecidos pela Portaria 2914/11, conclui-se que a população que utiliza água de poço, no município de Paragominas, está vulnerável a adquirir doenças veiculadas por água contaminada. Nota-se que há a necessidade da implantação de tratamento de água mais efetivo pela ETA do município e da execução de campanhas de educação ambiental com ênfase no tratamento doméstico da água no bairro.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos técnicos do Laboratório de Qualidade de Água da ETA de Paragominas pelas análises realizadas e aos moradores do município.

Referências

FUNASA. Manual Prático de Análise de água. Núcleo de Editoração e Mídias de Rede, Brasília, 2006.
MACIEL, H. A.; SANTOS, M. A. P. Análise da balneabilidade do rio Uraim no município de Paragominas - PA: Um estudo de caso em três balneários públicos. TCC (Graduação em Engenharia Ambienta), Universidade do Estado do Pará, 11 - 20, 2006.
MELO, J. L. S.; DANTAS, J. M.; CEZAR, G. Avaliação preliminar da qualidade das águas dos poços artesianos do Campus Universitário da UFRN/ Natal- RN, ABES, 1- 4, 2000.
PINHEIRO, F.; COLLARES, H.; RODRIGUES, I. J., Os Reflexos da Globalização na Economia de Paragominas. 2011. Disponível em <www.faad.icsa.ufpa.br/admead/documentos/uploaded/153-39.doc>; Acesso: 24 de outubro de 2013.
SABINO, C. V. S.; LOBATO, W.; COUTINHO, F. A.; ATAIDE, A. C. Z.; BUENO, A. P. Concepções de Futuros Professores sobre Águas Subterrâneas. Ensaio - Pesquisa em Educação em Ciências, v.11, nº 2, 1-18, 2009.
WAICHEL, B. L., Análise da Qualidade da Água e Levantamento das Condições de Saneamento na Zona Rural do Município de Santa Helena - PR, AIDIS; Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Saneamento Ambiental: Etica e Responsabilidade Social, ABES, 1-8, 2003.

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