AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA QUALIDADE DA ÁGUA EXTRAÍDA DE POÇOS RASOS ARTESANAIS NA ÁREA URBANA DE ITUMBIARA-GO

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ambiental

Autores

Cruz, V.V. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Silva, L.O.P. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Goulart, A.C. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Alves, B.H.P. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA) ; Carvalho, F.R. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS - IFG-CÂMPUS ITUMBIARA)

Resumo

A população de Itumbiara-GO, principalmente a residente em bairros periféricos, faz uso de água proveniente de manancial subterrâneo, extraída de poços tubulares rasos artesanais, sem nenhum tratamento para consumo humano. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água subterrânea extraída a partir deste tipo de poço em residências urbanas, por meio da análise de parâmetros físico-químicos, como temperatura, pH, condutividade elétrica, turbidez, sólidos totais e dissolvidos, demanda química de oxigênio, oxigênio dissolvido, dureza total e concentrações de cálcio e magnésio. Os resultados não apontaram alterações significativas para os parâmetros avaliados, de modo que a água dos poços analisados apresenta boa qualidade físico-química, de acordo com a legislação vigente.

Palavras chaves

Água subterrânea; Poços rasos; Parâmetros físico-químico

Introdução

A zona urbana do município de Itumbiara conta com boa infraestrutura de saneamento básico, como água tratada e rede de esgoto, atendendo uma grande parcela da população. Apesar disso, é frequente o consumo de água advinda de mananciais subterrâneos, especialmente em residências particulares, nas quais a água é extraída por meio de poços tubulares. Geralmente, esses poços são do tipo raso artesanal (com profundidade média inferior a 10 metros), escavados manualmente, sem qualquer normatização específica ou estudo prévio e sem acompanhamento por parte das autoridades competentes. Além disso, a manutenção e a conservação destes poços são feitas sem qualquer observância da legislação vigente e não há controle da qualidade físico-química e microbiológica da água obtida destes poços e destinada ao consumo humano. Deste modo, o risco de contaminação destas águas, especialmente por esgoto doméstico, é muito elevado, principalmente porque nestas mesmas residências é frequente o uso de fossas sépticas artesanais perfuradas próximo aos poços para extração de água, sem tratamento ou impermeabilização. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água subterrânea obtida a partir de poços tubulares artesanais e destinada ao consumo humano em residências da zona urbana do município de Itumbiara-GO, por meio da análise de parâmetros físico-químicos. A realização deste trabalho apresenta relevância do ponto de vista social e da saúde pública, já que o consumo de água contaminada ou fora dos padrões de potabilidade especificados pela legislação pode trazer uma série de danos para a saúde, já que muitas doenças podem ser veiculadas pela água contaminada, além de ser um indicador de desenvolvimento social da população local.

Material e métodos

Amostras de água de dois poços rasos artesanais de duas residências localizadas em dois bairros periféricos da cidade de Itumbiara-GO foram coletadas em três épocas diferentes do ano: Amostra 1 (Julho - período de estiagem), Amostra 2 (Novembro - período chuvoso) e Amostra 3 (Maio – período de pouca chuva). Análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Química do IFG-Câmpus Itumbiara, de acordo com “Métodos físico-químicos para análise de alimentos” (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008) e “Standard methods for the examination of water and wastewater” (APHA, 2005). Para cada amostra foram avaliados os seguintes parâmetros: A) Temperatura: determinada no momento da coleta das amostras (in loco) com termômetro de mercúrio, e resultados em °C; B) pH: determinado com pHmetro previamente calibrado; C) Turbidez: medida com turbidímetro previamente calibrado, e resultados em NTU; D) Condutividade elétrica: medida com condutivímetro previamente calibrado, e resultados em μS.cm-1; E) Sólidos Totais (ST) e Sólidos Dissolvidos (SD): determinados respectivamente a partir de evaporação completa em banho-maria da amostra total (ST) ou da amostra previamente filtrada (SD) e determinação da massa do resíduo resultante, com resultados em mg.L-1; F) Demanda Química de Oxigênio (DQO): determinada pelo Método de Refluxo Aberto, a partir da oxidação da matéria orgânica da amostra durante a ebulição do íon dicromato na presença de ácido sulfúrico, e resultados em mg de O2.L-1; G) Oxigênio Dissolvido (OD): determinado pelo método modificado de Winkler, que consiste na reação de titulação por iodometria, e resultados em mg de O2.L-1; H) Dureza e concentrações de cálcio e magnésio: determinados pelo método de titulação de complexação com EDTA, com resultados em mg de CaCO3 .L-1.

Resultado e discussão

Os resultados das análises físico-químicas das amostras de água dos poços artesanais de dois bairros da zona urbana de Itumbiara-GO estão sumarizados na Tabela 1. No Brasil, os padrões de potabilidade da água destinada ao consumo humano são estabelecidos pela Portaria MS 2.914, de 12 de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011), a qual não especifica limites máximos para os parâmetros temperatura, condutividade elétrica, OD, DQO e concentrações de cálcio e magnésio. Por outro lado, esta portaria estabelece o limite máximo de turbidez da água potável em 5,0 NTU e de sólidos totais em 1000 mg.mL-1, de modo que as amostras analisadas estão de acordo com a legislação em relação aos dois parâmetros, apesar da amostra do Bairro A apresentar resultados superiores aos da amostra do Bairro B, o que pode ser explicado pelo fato de o poço do Bairro A não apresentar suas paredes laterais protegidas por estrutura cimentada, e a água entra em contato direto com o solo, ao contrário do observado com o poço do Bairro B (TAVARES et al., 2012). Já com relação à dureza, as águas analisadas apresentaram resultados bem inferiores ao máximo estabelecido pela Portaria 2.914/2011 (500 mg.L-1) e a dureza mais elevada para a água do Bairro A concorda com a maior concentração de íons cálcio e magnésio nesta água, o que pode refletir variações na composição do solo destes dois locais ou ser um reflexo da maior contaminação desta região por fertilizantes agrícolas, já que tal poço fica próximo a áreas rurais utilizadas para o cultivo agrícola. Este fato pode explicar também os valores mais elevados de condutividade elétrica observados nas amostras do Bairro A (ECKHARDT et al., 2009; LIBÂNIO, 2010). Porém, nossas medições de pH apontam águas mais ácidas que os limites estabelecidos (pH entre 6,0 e 9,5).

Tabela 1



Conclusões

No Brasil, há poucos estudos avaliando a qualidade da água subterrânea extraída por poços rasos e destinadas ao consumo humano, mas os resultados deste trabalho estão de acordo com outros estudos desta natureza realizados em outras localidades do país. Conclui-se que a água dos dois poços analisados, levando-se em consideração as propriedades avaliadas nesta investigação, apresenta boa qualidade e está adequada ao consumo humano, estando de acordo com as especificações apontadas pela legislação, com a ressalva de que outros parâmetros sejam avaliados para a efetiva garantia de sua qualidade.

Agradecimentos

Aos técnicos do Laboratório de Química do IFG-Câmpus Itumbiara e à Pró- Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação do IFG.

Referências

APHA. American Public Health Association. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20ª ed. Washington, DC, 2005. p. 9-140.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 de dezembro de 2011. Seção 1.

ECKHARDT, R. R.; DIEDRICH, V. L.; FERREIRA, E. R.; STROHSCHOEN, E.; DEMANA, L. C. Mapeamento e avaliação da potabilidade da água subterrânea do município de Lajeado, RS, Brasil. Revista Ambiente & Água, v. 4, n. 1, p. 58-80, 2009.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Águas. In:_________. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. Cap. VIII, p. 345-408.

LIBÂNIO, M. Fundamentos de Qualidade e Tratamento de Água. Campinas: Átomo, 2010. 494 p.

TAVARES, A. J.; OLIVEIRA, J. J. V.; COSTA, M. V. O.; LIMA, S. L. C.; LIMA, S. L. C.; LIMA, M. A. A. Análise físico-química da água dos poços IPE e IFRN – Campus Apodi. In: VII CONNEPI – Congresso Norte nordeste de Pesquisa e Inovação, Palmas-TO, 2012.

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