ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ambiental
Autores
Nascimento, B.T.D. (IFPI) ; Silva, J.B. (IFPI) ; Araújo, F.S. (UESPI) ; Filho, B.A.B. (IFPI) ; Filho, C.F.O. (UESPI) ; Pereira, C.L. (IFPI)
Resumo
Desenvolveu-se um estudo de caracterização físico-química do solo do mangue com o intuito de fornecer elementos para o melhor entendimento desse ecossistema impactado pelo homem. Nessa hipótese, o desenvolvimento antrópico altera a composição físico- química do solo. As amostras foram coletadas a uma profundidade de 0 a 20 cm e a uma distância de dez metros da margem do rio, em sítios de análise, denominados estações A, B e C, totalizando quinze amostras. Depois de tratadas, foram feitas as análises laboratoriais que indicaram uma maior alteração nos constituintes físico- químicos do solo na estação A, por se encontrar mais próxima a área urbana, já nas amostras das estações B e C foram encontrados as menores alterações, caracterizando área de vegetação virgem.
Palavras chaves
Solo; Urbanização; Preservação
Introdução
Um dos ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica e aos recursos hídricos, o manguezal é tido como um dos indicadores ecológicos mais significativos na zona costeira. O seu papel de proteger a costa, conter sedimentos oriundos das bacias hidrográficas e ser o habitat de inúmeras espécies biológicas, o caracteriza como um verdadeiro berçário do mar. (ROSSI & MATTOS, 2002). De maneira geral, podemos entender que a degradação desse ecossistema se torna cada vez mais preocupante, e a partir disso é claramente perceptível o descaso da sociedade. Substâncias químicas encontradas nos resíduos de lixo e esgoto ficam retidas no solo, o que contamina os vegetais da área, e como consequência a saúde dos animais que dependem desse ecossistema para se alimentar e reproduzir é afetado. A análise físico-química do solo do mangue do rio Portinho poderá servir de base de estudo sobre os manguezais do litoral piauiense, uma vez que a razão da pesquisa é fornecer elementos para o melhor conhecimento desse ecossistema, para utiliza-los como indicadores de eventuais alterações ambientais. Tais áreas são reconhecidamente importantes do ponto de vista ecológico, consideradas como de preservação permanente, e estão amparadas por legislação federal (KJERFVE & LACERDA, 1993). Por causa da sua biodiversidade e fragilidade, as áreas de mangue são ecossistemas importantes da zona tropical úmida, onde para se desenvolver em um ambiente tão dinâmico, precisam de um elevado grau de resiliência (LACERDA, 2006). Assim, o presente estudo servirá como base de conhecimento, desempenhando um importante elo entre o presente e o futuro das áreas de mangue do município de Luís Correia contribuindo para a caracterização adequada e, por consequência, à preservação desse ecossistema.
Material e métodos
Coleta de dados Para a coleta das amostras foram delimitadas três áreas, denominadas estações A, B e C, separados por um canal fluvial. Em cada estação foram coletadas, usando um trado tradicional, em uma profundidade de 0 – 0,20 m, cinco amostras de 0,5 kg em uma área de 500m2, totalizando 15 amostras. Estas foram armazenadas em sacos plásticos, etiquetados, acondicionados, colocados para secar ao ar, destorroadas e passadas em peneiras com abertura de 2 mm para a obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA) e encaminhados ao laboratório para análises. Analises físicas e químicas para fins de classificação • Análise granulométrica, com fracionamento em areia, silte e argila, pelo método da pipeta (EMBRAPA, 1997). • O pH do solo de cada amostra foi determinado pelo método de medição eletroquímica da concentração efetiva de íons H+ na solução, por meio de eletrodo combinado, imerso em suspensão solo/água na proporção de 1:2,5. (SILVA, 2009). • Alumínio trocável (Al3+) extraído com cloreto de potássio (KCl -1 mol L-1) e determinado por titulação com ácido etileno diamino tetracético, EDTA (RAIJ, 1979). • Cátions trocáveis (Ca2+ + Mg2+) extraídos com cloreto de potássio (KCl 1 mol L-1) e analisado por titulometria com ácido etileno diamino tetracético, EDTA (SILVA, 2009) • Carbono orgânico, com determinação baseada na oxidação do solo a CO2 por íons dicromato, em meio fortemente ácido. (SILVA, 2009). • Fósforo (P) assimilável, determinado espectrofotometricamente, por meio da leitura da intensidade da cor do complexo fosfomolíbdico, produzido pela redução do molibdato com o ácido ascórbico (SILVA, 2009).
Resultado e discussão
Granulometria do solo
Os valores médios de areia, silte e argila variam nas estações A,
B e C de 17,27 a 80,34%, 18,63 a 40,13% e 26,40 a 43,00%, respectivamente,
seguindo uma tendência de argila > silte > areia, sendo que os percentuais
de areia na estação A se apresentam significativamente mais elevados, quando
relacionando as estações B e C.
As estações apresentam um comportamento semelhante quanto a textura
do solo, prevalecendo a classificação franco
argiloso, exceto para o solo da estação A, classificado como franco arenoso
(EMBRAPA, 2006).
Carbono Orgânico
Os maiores teores de matéria orgânica foram encontrados na estação
C, com médias de 29,31 g.dm3 e as menores na estação A com médias de 12,78
g.dm3, isso segundo (AGUIAR NETO, 2005) pode estar relacionado a ação direta
das marés.
pH do solo
Os valores encontrados para o pH em água não tiveram muita variação,
com médias 6.5, 7.4 e 6.9 entre as estações A, B e C respectivamente,
indicando um caráter levemente ácido a levemente básico, característico de
solos em condições anaeróbicas, que tem o pH na faixa de 6,7 a 7,2 (FIRME,
2003).
Cátions trocáveis (Ca2+ + Mg2+), P e Al
Os teores de Ca2+ variaram entre 15,2 a 32,6 mmolc kg-1, e os teores de Mg2+
entre 18,4 e 37,4 mmolc kg-1, havendo entre as estações uma tendência de
Mg2+ > Ca2+, assim como observado por (GAMERO, 2001).
O Al trocável se comportou de maneira contrária aos cátions Ca2+ e Mg2+,
variando entre as estações A > C > B, isso pode estar relacionado aos
valores de pH mais baixos nas estações A e C, assim como observado por
(GAMERO, 2001).
As concentrações de P variam entre 0,603 a 0,706 mg dm-3. Isso pode estar
ligada a matéria orgânica, pois os principais reservatórios de P são
provenientes da mesma. (BOTO & WELLINGTON, 1984)
Conclusões
• Os solos do mangue na área estudada tem como característica granulométrica, o predomínio de solo franco argiloso nas estações B e C e franco arenoso na estação A. • A matéria orgânica presente no solo do mangue, pode estar relacionada ao grau de conservação, onde os valores mais significativos foram apresentados nas estações B e C. • Com relação ao pH, houve uma relação media homogênea em todas as estações, caracterizando o solo como levemente ácido e levemente básico. • Os valores elevados de bases trocáveis (Ca2+ e Mg2+) podem propiciar um comportamento eutrófico ao solo.
Agradecimentos
Referências
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BOTO, K. G.; WELLINGTON, J. T. Soil chracteristics and nutrient status in a northern Australian mangrove forest. Estuares, v.7, p.61-69, 1984.
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KJERFVE, B.; LACERDA, LD de. Mangroves of Brazil. Mangrove ecosystems technical reports. ITTO TS-13, v. 2, p. 245-272, 1993.
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SILVA, F. C. (ed. téc.). Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes, - 2. ed. rev. ampl. – Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. 627 p. ISBN 978-85-7383-430-7.