ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Ambiental
Autores
Pantoja, M.C. (UNIFESSPA) ; Ferreira, V.S. (UNIFESSPA) ; Siqueira, J.L.P. (UNIFESSPA)
Resumo
Recentemente vários materiais de origem biológica, como bactérias e resíduos agroindustriais, têm sido utilizados para a remoção de metais traço de efluentes provindos de atividades industriais, que são prejudiciais à saúde. Nesse trabalho foi investigado o potencial bioadsorvente do Guarumã para remoção de íons Cobalto. O Guarumã é uma planta amazônica que habita lugares úmidos, usado pelos indígenas e ribeirinhos para confecção de artesanato, pois contem fibras em sua composição. Através de resultados obtidos,permitiu- se concluir que o Guarumã tem potencial para ser aplicado como bioadsorvente para remoção de íons cobalto em solução, tendo e vista que houve a remoção dos íons em todas as concentrações e o percentual de remoção máximo foi de 60%.
Palavras chaves
Adsorção; Guarumã; Remoção de metais
Introdução
A atividade industrial é o principal emissor de materiais que causam problemas ambientais, todavia os processos industriais são fundamentais para o desenvolvimento do planeta. No entanto a maioria dos efluentes gerados pelas indústrias são prejudicais aos seres humanos e ao meio ambiente. Dentre esses efluentes se destacam os metais traço, que quando estão em grande quantidade no organismo causam doenças. A busca por tecnologias de baixo custo operacional para a remoção de metais em efluentes tem direcionado a atenção para a biossorção. Encontram-se na literatura diversas materiais utilizados como adsorventes para remoção de íons de soluções aquosas. Moreira et al (2007) investigaram a utilização de bagaço de caju como bioadsorvente na remoção de metais traço de efluentes industriais. Os resultados obtidos indicam que o bagaço de caju tratado com NaOH 0,1 mol.L/3h apresenta características favoráveis ao seu uso como material adsorvedor dos íons tóxicos: Pb (II), Cu (II), Ni (II), Cd (II) e Zn (II) em solução aquosa. Na região Amazônica a riqueza da flora compreende aproximadamente 30.000 espécies, cerca de 10% das plantas de todo o planeta. Dentre essas plantas encontra-se o Guarumã, planta amazônica que habita lugares úmidos, às margens de rios e igarapés (OLIVEIRA et al., 1991). Cujas fibras são utilizadas na confecção de diferentes artefatos por caboclos ribeirinhos e diferentes etnias indígenas (NAKAZONO 2000, FOIRN – ISA 2000). Os materiais que possuem celulose em sua composição, mostram potencialidade na adsorção de metais (WERLANG et al 2013), como o Guarumã possui fibra em sua composição e as mesmas possuem sítios ativos que interagem com os metais, esse trabalho teve como objetivo avaliar a potencialidade do Guarumã como bioadsorvente natural para remoção de íons Cobalto em solução aquosa.
Material e métodos
Nesse trabalho foi utilizado como reagente o sal Nitrato de Cobalto hexa hidratado – (Co(NO3)2.6H2O) – da marca Dinâmica. Para a análise instrumental utilizou-se a técnica de espectrofotometria UV-VIS, em um espectrofotômetro Spectrum – SP – 1105, sendo as medidas feita no comprimento de onda de 510nm. O material selecionado como adsorvente foi o guarumã, adquirido na cidade de Inhangapi, Pará. Foi utilizado como amostra o caule dessa planta. A amostra foi sujeito às seguintes operações: 1º Lavagem, feita com água destilada para eliminar resíduos e impurezas que pudessem estar presos ao material; 2º Retirada a casca do caule, para o material ficar, mas maleável; 3º Secagem, realizada em estufa a 100 °C, para retirar toda a umidade existente no material; 4º Moagem, feita em moinho de facas de forma a reduzir o tamanho das partículas. Para as análises foram preparadas cinco soluções do metal nas respectivas concentrações 0,01 M, 0,02 M, 0,03 M, 0,04 M e 0,05 M de nitrato de cobalto. Todas as soluções foram feitas em triplicata. Após medida a absorção de cada solução, foi adicionada 1 g de guarumã em todas as soluções, deixando-se em contato por 6 dias. A cada 48 horas de contato todas as soluções foram filtradas para retirada do guarumã adicionado, e novamente mediu-se a absorbância das soluções.
Resultado e discussão
A partir da análise dos dados experimentais apresentados da figura 1, observou-se que ocorreu adsorção dos íons cobalto pelo guarumã, pois verificou se que os valores de absorbância para as soluções de cobalto em contato com o bioadsorvente foram menores que os valores obtidos na ausência dele.
Como dados obtidos no trabalho também foi possível calcular o percentual de remoção (%REM) dos íons cobalto em soluções mostrado na figura 2. O percentual de remoção chegou a 60%, comprovando que o guarumã tem capacidade de adsorver esses íons em solução.
Observou-se que o tempo de contato do biossorvente com a solução influencia na adsorção dos íons, pois como o aumento do tempo o %REM aumentou para todas as concentrações analisadas. Mellis e Rodella (2008) verificaram que de maneira geral, para o solo estudado que o tempo de agitação de 24 horas proporcionou maior adsorção dos metais (Cd, Cu, Ni e Zn) que o de 1 hora.
Outro fator que influencia na adsorção desses íons é a concentração das soluções, pois conforme a concentração aumentou o %REM diminuiu, este fato pode estar relacionado à saturação da biomassa havendo assim poucos sítios disponíveis para a adsorção à medida que mais solutos vão sendo acrescentados à solução.
Figura 1. Resultados da absorbância na ausência e presença de guarumã.
Figura 2. Percentual de remoção dos íons cobalto.
Conclusões
Pelos resultados, permite-se concluir que o Guarumã tem potencial para ser aplicado como bioadsorvente para remoção de íons cobalto em solução, tendo e vista que houve a remoção do íons em todas as concentrações e que o percentual de remoção máximo foi de 60%.
Agradecimentos
Referências
MELLIS, E. V.; RODELLA, A. A.; Influência do tempo de agitação na adsorção de Cd, Cu, Ni e Zn em latossolo tratado com lodo de esgoto. Bragantia, Campinas, v.67, n.4, p.977-982, 2008.
MOREIRA, A. S., et al. Utilização de bagaço de caju como bioadsorvente na remoção de metais pesados de efluente industrial. Anais do II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica. João Pessoa, 2007.
NAKAZONO, E.M. 2000. O Impacto da extração da fibra de arumã (Ischnosiphon polyphyllus, Marantaceae) sobre a população da planta em Anavilhanas, Rio Negro, Amazônia Central. Dissertação de mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus.
OLIVEIRA, J.; ALMEIDA, S.S.; VILHENA-POTYGUARA, R.; LOBATO, L.C.B.
Espécies vegetais produtoras de fibras utilizadas por comunidades amazônicas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série botânica, v.7, n.2, p.393-428, dez. 1991.
WERLANG, B.E.; Schneider, S.C.R.; RODRIGUES, L.A.; NEIDERBERG, C. Produção de carvão ativado a partir de resíduos vegetais. Revista Jovens Pesquisadores, Santa Cruz, v. 3, n 1, p. 156-167, 2013.