Adsorção de Cd(II) utilizando o fruto do Barú (Dipteryx alata), como material adsorvente

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Analítica

Autores

Sales, C.S. (UEG-CCET) ; Araújo, C.S.T. (UEG-CCET) ; Melo, D. (UFG) ; Coelho, N.M.M. (UFU) ; Rezende, H.C. (UFU)

Resumo

Desde o inicio da revolução industrial o homem faz-se o uso crescente dos recursos naturais. A água é um dos bens mais utilizado pela humanidade e tem sido utilizada de forma desordenada, além disto, temos a contaminação de metais tóxicos que têm sido eliminados nos cursos d'água. Dentro deste contexto almejou-se analisar as potencialidades do fruto do Baru (Dipteryx alata) na remoção de íons Cd(II), utilizando-se do espectrômetro de absorção atômica com Chama. Observamos que a remoção dos íons Cd(II) utilizando cascas e polpas trituradas de baru mostraram-se favorável dentro das condições e faixas determinadas. Assim, o material utilizado apresentou potencialidade na remoção dos íons metálicos, sendo uma alternativa promissora na remediação de águas contaminadas.

Palavras chaves

Adsorção; Baru; Cádmio

Introdução

O crescente aumento da demanda de bens duráveis e não duráveis associados ao crescimento populacional do planeta levam à necessidade de um desenvolvimento industrial, e como consequência, os impactos ambientais (MARTINS et al, 2013). Diversos compostos mesmo em baixas concentrações podem contaminar o ambiente aquático entre eles os íons metálicos. O cádmio é um metal de transição tóxico que naturalmente ocorre em conjunto com os minérios de zinco, chumbo e cobre (FILIPIČ, 2012). O Barueiro (Dipteryx alata) é uma leguminosa arbórea, que segundo Lima et al.,(2007), pertence à divisão Magnoliophyta (Angiospermae), de classe Mangnoliopdida(Dicotiledonae), da ordem Rosales e da família Leguminoseae Papilionoideae, encontrada no bioma cerrado (NEPOMUCENO, 2006). Técnicas convencionais tais como filtração por membrana, troca iônica, tratamento eletroquímico (XIAO et al, 2012) entre outras tem sido utilizadas para a remoção de íons metálicos em água (CHEN et al, 2012). Entretanto esses métodos demandam de alto capital, custos operacionais e baixa eficiência (GOOGERDCHIAN et al, 2012). Neste contexto, metodologias alternativas de remediação química de ambientes contaminados têm sido investigadas, especialmente aquelas que utilizam processos adsortivos. O fenômeno de adsorção é atualmente definido como o enriquecimento de um ou mais componentes em uma região interfacial devido ao não balanceamento de forças (GREGG; SING, 1962). Desta forma, materiais naturais com capacidade de remoção através da adsorção têm sido investigados na busca da remoção destes íons metálicos. Neste contexto, o presente trabalho propõe avaliar as potencialidades das cascas e polpas trituradas do Baru (Dipteryx alata) na adsorção de íons Cd(II) e determinar a capacidade máxima adsortiva (CMA).

Material e métodos

Os frutos do Barú foram obtidos no pátio da UEG- CCET, Anápolis-GO. As cascas foram separadas das sementes, lavadas, secas em estufa com circulação de ar modelo MA-035 (Marconi, Piracicaba, SP) e trituradas em moinho de facas TE-650 (Tecnal, Piracicaba, SPl). A granulometria foi definida em peneiras Tyler (Bertel - Ind. Metalalúrgica Ltda , Caieiras, SP) com tamanhos de partículas de 100 a 115 mesh. Todas as soluções utilizadas foram de grau analítico. Foram preparadas soluções individuais de Cd(II) através de diluições sucessivas a partir da solução padrão de grau analítico com concentração 1000 mg/L (Dinâmica Química Contemporânea Ltda, Diadema-SP). As vidrarias foram limpas, em solução de ácido nítrico (HNO3) a 10 % por um período de 24 horas, enxaguadas com água destilada e secas à temperatura ambiente. Para a otimização do sistema, foi estudado as variáveis pH da solução, tempo de agitação (minutos) e massa do adsorvente (mg). O ajuste do pH das soluções foi realizado utilizando Potenciômetro Microprocessado 0400- MT (Quimis®, Diadema, SP), com soluções de Hidróxido de sódio NaOH e ácido nítrico HNO3 (Dinâmica, Diadema-SP) ambas de concentração 0,3 mol/L. A fim de se obter a Capacidade Máxima Adsortiva (CMA), foram construídas isotermas de adsorção aplicadas aos modelos de Langmuir e Freundlich. Na construção das isotermas foram utilizados 25 mg do adsorvente, com granulometria entre 100 ≤ G ≤ 115 mesh, ao qual foram levados a um Agitador Magnético Shaker TE- 42 (Tecnal, Piracicaba, SP) à temperatura ambiente, com 15 mL de solução de Cd(II), em concentrações variando de 5 a 70 mg/L, em pH 7,0 e tempo de agitação de 20 minutos.

Resultado e discussão

As condições ótimas de trabalho foram definidas através do método multivariado com a construção do gráfico de Pareto. O pH e massa foram as variáveis mais significativa no procedimento de adsorção, especialmente pH. Maiores porcentagem de remoção foram sendo observadas quando a massa foi elevada, e nos experimentos em que as variável massa e pH estavam no nível máximo. A Capacidade Máxima Adsortiva (CMA) das cascas e polpas do Baru trituradas para os íons Cd(II) foi observada através da construção de isotermas de adsorção, aplicado aos modelos de Langmuir e Freunndlich na qual foi possível verificar graficamente a quantidade máxima de adsorbato (mg) que pôde ser adsorvida por uma determinada massa de adsorvente (mg). Utilizando de diferentes concentrações possibilitou observar a capacidade máxima de remoção dos íons Cd(II). Assim, para a adsorção de Cd(II) foi encontrada a capacidade máxima de adsorção igual a 5,10 mg/g.A remoção de metal Cd(II) utilizando cascas e polpa trituradas de Baru mostrou que a adsorção foi um processo completamente favorável nas condições e faixas de concentração estudadas. Nas figuras 1 e 2 estão os dados experimentais de adsorção de Cd(II) sobre cascas e polpas trituradas de baru, descritos pelas isotermas de Langmuir e Freundlich conforme suas linearização. Observa-se pelo o estudo das isotermas de adsorção, que os dados experimentais para a adsorção de íons Cd(II) utilizando cascas e polpas de Baru (Dipteryx alata), proporcionaram bons ajustes para os dois modelos de isotermas, porém o coeficiente de correlação para o modelo de Freundlich foi ligeiramente superior ao modelo de Langmuir.É razoável supor que o comportamento da adsorção de Cd(II) no adsorvente é limitada a uma multicamada, e não prevê a saturação da superfície (ALVES, 2013).

Figura 1

Linearização da isoterma segundo Langmuir

Figura 2

Linearização da isoterma segundo Freundlich

Conclusões

Os estudos relacionados ao processo de otimização da adsorção do Baru (Dipteryx alata) mostraram que o pH da solução com o respectivo adsorvente, influencia significativamente na eficiência da remoção. Assim, obteve-se uma remoção de aproximadamente 70,3% do metal Cd(II) da solução aquosa. De acordo com os dados experimentais na construção das isotermas de adsorção, pode-se concluir que o processo de adsorção foi satisfatoriamente descrito pelos modelos de equação Linearizadas de Langmuir e Freundlich, uma vez que apresentou fatores de correlações respectivamente próximos: 0,9885 e 0,9981.

Agradecimentos

À UEG pela infraestrutura; Ao CNPQ pela bolsa concedida; Ao Programa de Concessão de Bolsa de Incentivo ao Pesquisador (BIP), instituído pela Lei Estadual n.18.332/20

Referências

ALVES, V. N. Desenvolvimento de métodos de extração em fase sólida para especialização de cromo e arsênio empregando sementes de Moringa oleífera como bioadsorvente. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia - Minas Gerais. 2013.

CHEN, D., LI, Y., ZHANG, J., LI, W., ZHOU, J., SHAO, L., QIAN, G. Efficient removal of dyes by a novel magnetic Fe3O4/ZnCr-layered double hydroxide adsorbent from heavy metal wastewater. Journal of Hazardous Materials, v. 243, p. 152– 160, 2012.

FILIPIČ, M. Review: Mechanisms of cadmium induced genomic instability. MutationResearch, v. 733, p. 69–77, 2012.

GOOGERDCHIAN, F., MOHEB, A., EMADI, R. Lead sorption properties of nanohydroxyapatite–alginate composite adsorbents. Chemical Engineering Journal, v.200-202, p. 471-479, 2012.

GREGG, S. J.; SING, K. S. W. Adsorption, surface area and porosity. Nova York: Academic Press, v.1, p.61-84, 1962.

LIMA, A.; SILVA, A. M. O.; TRINDADE, R. A.; TORRES, R. P.; MANCINI-FILHO, J. Composição química e compostos bioativos presentes na polpa e na amêndoa do pequi (Caryocar brasiliense, Camb.). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 29, p. 695-698, 2007.

MARTINS, A. E.; PEREIRA, M. S.; JORGETTO, A. O.; MARTINES, M. A. U.; SILVA, R. I. V.; SAEKI, M.; CASTRO, G. R. The reactive surface of Castor leaf [Ricinus communis L.] powder as a green adsorbent for the removal of heavy metals from natural river water. Applied Surface Science, v. 276, p. 24–30, 2013.

NEPOMUCENO, D. L. M. G. O extrativismo de baru (Dipteryx alata) em Pirenópolis (GO) e sua sustentabilidade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Produção Sustentável, Universidade Católica de Goiás, Goiânia - Goiás, 2006.

XIAO, Z. H., ZHANG, R., CHEN, X.Y., LI, X. L., ZHOU, T. F. Magnetically recoverable Ni@carbon nanocomposites: Solid-state synthesis and the application as excellent adsorbents for heavy metal ions. Applied Surface Science, v. 263, p. 795-803, 2012.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás