ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Química Analítica
Autores
Viana Damasceno, T. (UFPA) ; Santos Silva, G. (UFPA) ; Rayandra Ribeiro Trindade, L. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
Sabe-se que o ácido ascórbico é conhecido como promotor de diversos processos bioquímicos e fisiológicos, necessário para formação do colágeno, para o metabolismo de ácido fólico, fenilalanina, tirosina, ferro, histamina e para reparação de alguns tecidos corporais (De Lima, Vilela e Andrade 2011, apud ROTTA, 2003). Com o objetivo de comparar três marcas distintas de comprimidos efervescentes de vitamina C, comercializados nas farmácias de Belém-PA, foram selecionadas 9 amostras de 3 marcas. As amostras foram submetidas a análises físico-químicas: pH, acidez, densidade, condutividade elétrica e teor de vitamina C. Aos resultados encontrados para os parâmetros físico-químicos, foi aplicada análise de componentes principais para distinção das marcas dos comprimidos efervescentes.
Palavras chaves
Ascórbico; ácido; suplemento
Introdução
As vitaminas são substâncias orgânicas que são necessárias em quantidades muito reduzidas para processos do nosso organismo. A maioria dessas vitaminas não são sintetizadas por nosso organismo e por isso devem ser obtidas através da alimentação, como a vitamina C (ácido ascórbico), encontrada em frutas cítricas, tomates, pimentões etc. Sua eliminação pelo corpo (urina, fezes, suor e por via respiratória) exige que ela seja consumida diariamente em um valor entre 40 a 60 mg/dia. A deficiência de ácido ascórbico provoca o escorbuto, que resulta em distúrbios no crescimento dos ossos, sangramento das gengivas e outras partes do corpo, perda de dentes, fragilidade capilar com consequência hemorragia cutânea. Segundo Cunha (2011), os medicamentos efervescentes são definidos como evolução de bolhas de gás proveniente de um líquido, sendo resultado de uma reação química. Quando os comprimidos entram em contato com a água, inicia-se a reação que produz sal de sódio do ácido, gás carbônico e água. No Brasil é possível encontrar nas farmácias o ácido ascórbico sendo vendido na forma de comprimidos efervescentes, indicado como suplemento vitamínico. O presente trabalho teve por objetivo avaliar e comparar os comprimidos de ácido ascórbico de três marcas, adquiridas nas farmácias de Belém, no estado do Pará, realizando-se algumas análises físico - químicas e aplicando estatística multivariada (análise de componentes principais, PCA) na tentativa de discriminar os comprimidos conforme a sua fábrica produtora.
Material e métodos
As 3 marcas de comprimidos efervescentes avaliadas neste trabalho foram adquiridas em farmácias da cidade de Belém-PA. Para a realização dos testes foi necessário o uso de 30 comprimidos de ácido ascórbico, de cada marca, aqui chamadas de A, B e C. Foram processadas as seguintes análises: densidade, que foi feita se usando um paquímetro para se obter os valores do diâmetro e da altura de 27 compridos efervescentes, sendo 9 de cada marca, posteriormente todos os comprimidos foram pesados individualmente em uma balança analítica; pH, que foi medido com um pHmetro (Instrutherm, pH - 1800) previamente calibrado em soluções tampão pH 4 e 7; condutividade elétrica que foi realizada com um condutivímetro portátil (Instrutherm, CD 880) previamente calibrado; acidez que foi realizada através de titulação da solução de vitamina C (1 g para 100 mL de água destilada) com solução de NaOH 0,1 mol.L-1, usando fenolftaleína como indicador; teor de vitamina C que foi executada se levando alíquotas de 50 mL da solução de vitamina C (1 comprimido para 100 mL de água destilada) para erlenmeyers, com 3 gotas de solução de amido (indicador), 2 mL de HCl 1 mol/L e 0,25 g de KI e se processando a titulação com KIO3, observando o ponto de viragem e anotando o volume gasto de KIO3. Após as análises os resultados foram comparando aos valores encontrados com as bulas e com a Farmacopeia Brasileira 5ª edição (2005), bem como foram comparados os dados obtidos das três marcas, através de testes estatísticos de ANOVA e teste de Tukey. A análise de componentes principais foi executada para se verificar uma discriminação das amostras conforme as marcas.
Resultado e discussão
A Tabela 1 mostra que os valores de densidade das três marcas são significativamente iguais. Percebeu-se que o pH das marcas A e B são estatisticamente iguais, e são inferiores a 7, caracterizando soluções ácidas. Em relação a condutividade elétrica percebeu-se que as 3 marcas são também iguais, com 95% de significância, sendo valores elevados. Resultados devidos à presença de sais nos comprimidos efervescentes, que, em solução aquosa, são bons condutores de eletricidade. Para os valores de acidez percebeu-se que todas as marcas são estatisticamente iguais, com médias de 63,67 g/100 g; 81,48 g/100 g e 52,16 g/100 g, respectivamente. A partir dos resultados encontrados percebe-se que a marca A (valor comercial mais baixo) teve um valor superior ao de C (valor comercial intermediário). Outro fator a ser observado é a presença de altos valores de acidez, devido à presença do ácido ascórbico. O Ácido Ascórbico encontrado nos comprimidos efervescentes de vitamina C deve conter no mínimo 90,0% e no máximo 110,0% de C6H8O6. Conforme é possível observar na Tabela 1, apenas a marca A (a mais barata), encontra-se dentro dos parâmetros previamente estabelecidos na Farmacopeia Brasileira (2005). Alguns fatores devem ser levados em consideração ao analisar as amostras B e C (mais caras) como, exposição à luz, ou mesmo a procedência do amido, sua validade, entre outros. Tais fatores podem ter influenciado a ponto de ter interferido em uma determinação mais precisa do Teor de vitamina C. Os resultados demonstram que as marcas B e C são semelhantes entre si, em termos de teor de vitamina C. A análise de componentes principais (Figura 1) mostrou que os parâmetros analisados foram suficientes para uma discriminação dos comprimidos de acordo com a marca.
Legenda: CE= condutividade elétrica. Resultados expressões como média de 3 repetições e desvio padrão.
Legenda: As letras A, B e C indicam as três fábricas sob estudo.
Conclusões
Os comprimidos efervescentes de vitamina C produzidos pelas três indústrias farmacêuticas sob investigação se mostram não totalmente iguais entre si em termos de dois dos parâmetros estudados (acidez e teor de vitamina C). Nos resultados relacionados aos Teores de vitamina C, observou-se valores inferiores aos estabelecidos pela Farmacopeia brasileira 5ª edição (2005), indicando algum possível problema nas formulações dos comprimidos. A análise de componentes principais (PCA) revelou que os parâmetros estudados foram suficientes para discriminar os comprimidos conforme a fábrica produtora.
Agradecimentos
A UFRA E A UFPA
Referências
FARMACOPEIA brasileira. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
DA CUNHA, G, P. Delineamento de comprimidos efervescentes de vitamina C. Criciúma, 2011.
DE LIMA, B. V; VILELA, A. F; ANDRADE, C.E.O. Avaliação da qualidade de comprimidos de ácido ascórbico comercializados nas farmácias de Timóteo – MG. Farmácia & Ciência, v.2, p.01-09, ago./nov. 2011.