Análise sistemática da qualidade dos combustíveis vendidos nos postos do município de Macau-RN - associando pesquisa a prática profissional

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

Autores

Bezerra de Lemos, M. (IFRN - MACAU) ; Renata de Melo Seixas, N. (IFRN - MACAU) ; Costa Medeiros do Nascimento, C. (IFRN - MACAU) ; Lima Gomes de Oliveira, S.Q.A. (IFRN - MACAU) ; Dantas Marques, S.P. (IFRN - MACAU)

Resumo

Atualmente os principais combustíveis utilizados no Brasil em veículos de pequeno porte são a gasolina e o etanol cuja adulteração provoca diversos prejuízos ambientais e aos consumidores. Este estudo tem como objetivo realizar uma análise sistemática da qualidade destes combustíveis comercializados no município de Macau-RN a partir de diversas caracterizações físico-químicas: cor, aspecto, pH, condutividade, teor de álcool, densidade a 20 °C e turbidez. As coletas ocorreram durante 4 meses em todos os postos do município. Os resultados indicam alterações em mais de 50% da gasolina nos postos avaliados enquanto o álcool não apresentou indícios de adulteração. A vivência prática revelou aos discentes a necessidade de um controle mais rigoroso na qualidade dos combustíveis no município.

Palavras chaves

combustíveis; controle de qualidade; adulteração

Introdução

Combustíveis são compostos que na presença de um comburente sofrem reações exotérmicas de combustão, liberando energia na forma de calor. Atualmente os principais combustíveis utilizados são os derivados do petróleo. O petróleo é uma fonte não renovável de energia e por combustão produz gases poluentes que provocam diversas alterações climáticas (TAKESHITA, 2006). Os principais combustíveis utilizados nos veículos de pequeno porte são a gasolina e o álcool cuja adulteração provoca diversos prejuízos ambientais e aos consumidores. Assim como os derivados petróleo o álcool combustível também pode sofrer inúmeros tipos de adulteração, sendo o mais comum a adição de água. O Município de Macau-RN localiza-se na região conhecida como costa branca do Rio Grande do Norte, destaca-se pela elevada produção de sal e também de petróleo e gás natural, sendo o maior produtor de petróleo do estado. O presente trabalho tem como objetivos; realizar uma análise sistemática da qualidade dos combustíveis (gasolina e álcool combustível) comercializados no município de Macau-RN a partir de diversas caracterizações físico-químicas; proporcionar aos educandos o debruçar-se em sua prática profissional sobre situações cotidianas que possam gerar retornos a comunidade. No município de Macau-RN existem 6 postos que comercializam combustíveis que se constituíram o campo de pesquisa deste trabalho cujos pesquisadores são integrantes do Programa de Formação de Recursos Humanos da Petrobrás (PRFH) e discentes do curso técnico em Química do campus do IFRN - Macau. A relevância deste trabalho está no fato de proporcionar aos educandos a vivência prática com técnicas de análise de combustíveis e ofertar retorno a população acerca da qualidade dos combustíveis comercializados.

Material e métodos

Foram coletadas amostras dos seis postos que comercializam gasolina comum e álcool combustível no município de Macau-RN. As coletas foram realizadas uma vez ao mês durante 4 meses de dezembro 2014 e março de 2015, sendo coletados sempre um total de 2 litros para cada amostra. As coletas foram realizadas em frascos apropriados com certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) com as devidas precauções para evitar contaminações por radiações solares e outros fatores que alterem a composição das amostras que analisadas no mesmo dia da coleta. Os postos foram nomeados de A a F, sem identificação específica e as análises foram realizadas no laboratório de química analítica experimental do IFRN-Macau. As caracterizações realizadas foram: cor, aspecto, condutividade, pH, turbidez, densidade a 20°C, teor de álcool na gasolina. Apenas a última foi realizada somente com as amostras de gasolina. As medidas de cor e aspecto foram determinadas em provetas de 2 litros, inserindo 1 litro da amostra e verificando visualmente a cor e a presença de sedimentos. Os valores referentes a condutividade, pH e turbidez foram obtidos através de equipamentos de bancada disponíveis no laboratório de físico-química do IFRN-Macau (SANTOS, et. al. 2010). Para quantificação da massa específica (densidade a 20ºC) foi utilizado um densímetro sendo a medida determinada a 20ºC. O teor de álcool na gasolina foi quantificado por meio da inserção de 50 ml das amostras de gasolina em uma proveta de 100 mL seguido da adição de mais 50 ml de solução de NaCl na concentração de 10% p/v. A seguir o sistema foi agitado vigorosamente e deixando posteriormente a proveta em descanso por 5 minutos até a verificação da medida (SILVA, et. al. 2009; DAZZANI,2010)

Resultado e discussão

Os resultados obtidos indicam possíveis adulterações em mais de 50% dos postos no que se refere as análises de gasolina. Observou-se a presença de sedimentos em 4 dos postos analisados durante algumas coletas. Em um destes (posto B), a presença de sedimentos foi observada em todas as coletas. Apenas dois postos (C e F) não apresentaram sedimentos nas amostras em todas as coletas. No que diz respeito à cor as amostras dos postos C e F se apresentaram como amarelo turvo, enquanto nas demais a coloração verificada foi amarelo límpido. No que se refere à densidade os valores encontrados estavam dentro da faixa indicada pela ANP 0,800–0,850g/ml. No posto A, em duas coletas, o valor de densidade se aproximou do valor mínimo indicado pela ANP (0,809 g/ml), que pode vir a ser um indicador da presença de compostos adulterantes a serem determinados a partir de outras técnicas de caracterização. Com referência ao teor de álcool na gasolina os valores encontrados revelaram-se preocupantes, tendo em vista que em 4 dos 6 postos analisados esses valores foram superiores ao limite máximo permitido pela ANP (25%), indicando assim possíveis adulterações dos combustíveis comercializados. Num dos postos este valor chegou praticamente a 30%, ou seja, 20% a mais de álcool do que o permitido. As análises de álcool combustível, estavam com todos os parâmetros analisados (cor, aspecto, condutividade, pH, turbidez) de acordo com os padrões estabelecidos pela ANP demonstrando assim a ausência de adulteração no álcool combustível vendido nos postos de Macau-RN, considerando as técnicas em que as amostras foram submetidas. Para o processo de ensino-aprendizagem dos educandos a experiência se revelou instigante motivando-os para a possibilidades de seguir trabalhando nesta área.

Conclusões

Os dados obtidos permitem inferir que boa parte dos postos no município de Macau-RN promovem adulteração da gasolina justificados principalmente pelo teor de álcool na gasolina que se apresentou acima do limite máximo permitido pela ANP. Adicionalmente também observou-se a presença de sedimentos bem como a coloração amarelo-turvo em várias das amostras. Os valores referentes â condutividade, pH, densidade, cor e aparência para as amostras de álcool combustível se apresentaram dentro dos conformes estabelecido pela ANP, não revelando indícios de adulteração considerando as técnicas utilizadas.

Agradecimentos

Ao Programa de Formação de Recursos Humanos da Petrobrás (PRFH).

Referências

DAZZANI, M.; CORREIA, P. R. M., OLIVEIRA, P. V. MARCONDES, M. E. R. Explorando a Química na Determinação do Teor de álcool na gasolina. Química Nova na Escola. n. 17. São Paulo: 2003, p. 42-45.

SANTOS, A. A. ASSUNÇÃO, G.V., FILHO, V.E.M, Avaliação das Características Físicas da Gasolina “C”, comum, comercializada na cidade de São Luís. Caderno de Pesquisa. v. 13, n. 2. São Luís: 2002, p 16-24.

SILVA, F. L. N.; JUNIOR, J. R. S.; NETO, J. M. M.; SILVA, R. L. G. N. P.; FLUMINGNAN, D. L.; OLIVEIRA, J. E. Determinação de benzeno, tolueno, etilbenzeno exilenos em gasolina comercializada nos postos do estado do Piauí. Química nova na escola. v. 32, n. 1. São Paulo: 2009, p. 56-60.

TAKESHITA, E. V. Adulteração de gasolina por adição de solventes: Análise dos parâmetros físico – químicos. Dissertação (mestrado) Programa de Pós Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

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