ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Iniciação Científica
Autores
Pessôa, P.A.P. (IFMA) ; Torres, J.C. (IFMA) ; Andrade, E.P. (IFMA) ; Soares, A.A. (IFMA) ; Correa, N.C. (IFMA) ; Oliveira, M.M. (IFMA)
Resumo
Esta pesquisa foi desenvolvida em uma turma inclusiva, com a presença de um aluno cego, no 3°Ano do Ensino Médio do IFMA-Campus Caxias com o intuito de analisar o ensino de Química e a contribuição do uso de materiais alternativos como recursos didáticos para o ensino de cegos. À luz dos teóricos da educação inclusiva realizou-se uma pesquisa bibliográfica e documental voltada ao Ensino de Química para cegos e uma pesquisa de campo dividida em duas etapas. Na primeira etapa observou-se as aulas da professora de química e aplicou-se questionários à professora e alunos. Na segunda etapa ministrou-se aulas utilizando os recursos didáticos. Percebeu-se uma maior assimilação e interesse do aluno cego ao utilizar os recursos didáticos voltados para ele.
Palavras chaves
Ensino de Química; Inclusão de Cegos; Recursos Didáticos
Introdução
Os alunos caracterizam a Química como complicada, assim para ensiná-la se faz necessário contextualizá-la com o dia a dia do aluno, facilitando o seu aprendizado. Tratando-se do ensino para alunos cegos o docente se vê diante de um desafio, onde a grande maioria não está capacitada para trabalhar com esse público. A partir dessa problemática surge o professor competente que possui a capacidade de mobilizar e de atualizar os saberes ao saber como aplicar, planejar, desenvolver e avaliar as diversas situações educativas. (PERRENOUD, 2001). De acordo com o autor supracitado, o docente requer todo um conjunto de competências para fazer seu trabalho, mas atualmente a formação de educadores com habilidades na educação inclusiva, é carente, embora haja leis que a tornam obrigatória no projeto pedagógico dos cursos de Licenciatura. O problema é que na prática observa-se que os professores estão desprovidos de competências e habilidades que deveriam ter caso tenham cursado tal disciplina. Com o objetivo de incentivar e aprimorar o ensino da Química ao aluno cego tem- se a visão do quanto é viável e importante a utilização de recursos didáticos alternativos facilitadores da aplicação de metodologias de ensino. Ressaltando que o foco principal da pesquisa é o ensino de Química para cegos, dessa forma os recursos didáticos foram desenvolvidos para facilitar a interação do aluno cego com os conteúdos, através do uso de placas em braile e alto relevo da nomenclatura dos hidrocarbonetos constatou-se que o discente pode compreender as regras que preconizam este assunto e o mesmo apresentou um bom desempenho após a utilização do recurso, ao ser questionado sobre a temática.
Material e métodos
Foram realizadas pesquisas bibliográfica e documental afim de verificar a prática do ensino de Química para alunos com necessidades educacionais especiais, especificamente alunos cegos. Também realizou-se uma pesquisa de campo em uma turma de 3º ano do ensino técnico integrado do IFMA Campus Caxias- MA. Os instrumentos de coletas de dados utilizados foram observações e aplicação de questionários ao professora, aos alunos videntes e ao aluno cego. Primeiramente aplicou-se um questionário ao professora afim de avaliar sua formação e sua prática pedagógica e em seguida observou-se as aulas do professora de Química. Após as observações, aplicou-se um questionário aos alunos com a intenção de avaliar o grau de interação do aluno com o professora com as metodologias adotadas e com os conteúdos da disciplina ministradas. A próxima etapa foi a aplicação dos recursos didáticos. Afim de realizar um comparativo tornou-se aplicar o questionário aos alunos. Foram pesquisados materiais alternativos que se adéquam para adaptação e elaboração dos recursos. Esses recursos foram: estruturas de hidrocarbonetos em alto relevo com EVA nas placas de isopor, modelos moleculares adaptadas com palitos de dente, bolas de isopor e cola em alto relevo, nomenclatura em braile dos hidrocarbonetos em placas de isopor com leitura em braile através de alfinetes.
Resultado e discussão
A pesquisa foi realizada em uma turma de 3°Ano do Ensino Técnico Integrado do
curso de Informática no IFMA Campus Caxias. A turma era composta por uma
professora de Química, 36 alunos videntes e um aluno cego na faixa etária de 16
a 18 anos, no turno matutino.
No período das observações identificaram-se algumas metodologias predominantes
utilizadas pela professora, tais como: Aula Expositiva e dialogada; Trabalhos
individuais e Trabalhos em grupo. Nas aulas expositivas e dialogada o docente
fez uso de recursos como slides e data show, quadro e pincel, exercícios
impressos e livro didático. Observou-se que nas aulas de química, o aluno cego
utilizava para sua aprendizagem apenas a audição, de fato ficou notório a
carência de materiais que o auxiliassem. Com a aplicação do questionário a
professora constatou-se que a mesma é formada em Licenciatura Plena em Química,
assim possuindo um currículo com formação pedagógica. Quanto ao resultado do
questionário aplicado aos alunos sobre as aulas da professora a maioria
considerou-as dinâmicas repercutindo, no fato de a disciplina Química ser
considerada por eles boa, no entanto, para o aluno cego a disciplina Química tem
grau de afinidade regular, uma vez que ele tem dificuldade de decorar ou
aprender os conceitos trabalhados e segundo ele a professora utilizava na
maioria das aulas apenas quadro, pincel e livro didático. Recursos estes
inviáveis para alunos cegos.
Na ministração das aulas utilizando os recursos didáticos (Figura 2) foi
observada uma maior interação da turma e, em especial, do aluno cego. Sendo
relevante a contribuição no aprendizado do aluno cego quanto ao ensino de
Química, pois o mesmo ao fazer uso das placas em alto relevo e em braile
ajustadas assimilou os conceitos assistidos em sala de aula.
Placa de isopor em braile e em alto relevo da nomenclatura e estrutura molecular dos hidrocarbonetos.
Conclusões
Há muito a que se desenvolver para facilitar a aprendizagem de alunos cegos. No que tange ao Ensino de Química percebe-se uma evolução significativa. Assim, cabe ao governo, aos gestores e particularmente aos docentes o desenvolvimento de ferramentas que possam facilitar a aquisição de conteúdo pelos alunos cegos. Não é intenção desta pesquisa encerrar com o desenvolvimento de recursos didáticos voltados a esta temática, mas contribuir com este Universo tão vasto. Diante do que foi observado e na a aplicação dos recursos didáticos a pesquisa obteve êxito ao alcançar o objetivo proposto.
Agradecimentos
Os autores agradecem: Ao IFMA pela contribuição na pesquisa e pela concessão de bolsa de iniciação cientifica e a direção, professora e alunos do IFMA-Campus Caxias.
Referências
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para uma nova profissão. In Pátio. Revista pedagógica (Porto Alegre, Brasil), n° 17, Maio-Julho, pp. 8-12. Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação Universidade de Genebra, Suíça, 2001.