ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Alimentos
Autores
Oliveira, J.F.S. (IFRN)
Resumo
A composição química do pólen apícola varia de acordo com as condições climáticas, ambientais, geográficas, estado nutricional das plantas e variedade da origem floral. Ele é formado a partir da junção do pólen das plantas com o acréscimo de néctar e secreções das glândulas hipofaringeanas. Estudos recentes vêm comprovando os benefícios do pólen apícola e suas propriedades biológicas, como antioxidantes, atividade antibacteriana, antifúngica, antiinflamatória, anticariogênica e imunomo¬dulatória. Muitas dessas propriedades são atribuídas à presença de compostos bioativos, como fenólicos e flavonóis. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar qualitativamente as propriedades fitoquímicas de extratos de pólen apícola produzido na região do Semiárido. Os testes para determinar a
Palavras chaves
produto natural; fitoquímica; rendimento
Introdução
INTRODUÇÃO O pólen é a célula reprodutiva masculina da flor. Cada pólen tem suas características específicas ligadas às espécies florais e cultivares visitadas pelas abelhas (SATTLER, 2013; BARRETO, 2006). O pólen apícola é um aglomerado de pólens, que diferem por serem coletados pelas abelhas e misturados com néctar e secreções das glândulas hipofaringeanas (CARPES et al., 2008). Atualmente vem se desenvolvendo estudos a respeito das propriedades e benefícios deste produto. Dentre esses estudos, observou-se que os principais compostos biologicamente ativos de pólen apícola são os flavonóides e os fenóis (SATTLER, 2013). Os compostos fenólicos são produtos secundários do metabolismo vegetal que apresentam atividade antioxidante. Os flavonóides constituem a maior classe de compostos fenólicos, atuando de diferentes maneiras no organismo humano (POVH et al., 2012). Além disso, o pólen apícola tem recebido atenção es¬pecial entre os pesquisadores, devido as suas propriedades biológicas, como atividade antibacteriana, antifúngica, antiinflamatória, anticariogênica e imunomo- dulatória (CARPES et al., 2008). Paralelamente, é uma fonte de proteínas, lipídios e vitaminas (SAAVEDRA et al., 2013). A produção de pólen apícola no Brasil representa uma atividade recente. Entretanto, o país apresenta um grande potencial, principalmente pela riqueza e diversidade da flora aliada ao clima tropical e a resistência das abelhas africanizadas Apis mellifera (NEVES, 2009). Conjuntamente, o mercado favorável ao consumo de produtos naturais, complementares à dieta ou com efeitos terapêuticos, vem estimulando e promovendo essa modalidade da cadeia produtiva apícola. Todavia, se por um lado, a procura e o consumo pelo produto vêm aumentando, por outro não se constata que a produção cientific
Material e métodos
4 METODOLOGIA 4.1 OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS O pólen apícola utilizado para o preparo dos extratos e posteriores análises foi proveniente do Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura (CETAPIS), UFERSA, Mossoró/RN. As amostras (Figura 7) coletadas de pólen apícola in natura foram armazenadas no freezer, a uma temperatura de –18 °C, até o momento das análises. Fonte: OLIVEIRA, 2015. 4.2 PREPARO DOS EXTRATOS Para o preparo dos extratos foram pesados aproximadamente 20 g do pólen na balança analítica e colocados em erlenmeyers. Foram preparados três tipos de extratos para cada amostra: aquoso, hidroalcoólico 70 % e em hexano. Adiciounou-se 150 mL de cada um dos líquidos extratores. Com ajuda do bastão de vidro, as amostras foram misturas (Figura 7). As amostras foram protegidas da luz e deixadas em repouso por 48 horas em temperatura ambiente. Posteriormente os extratos foram filtrados, com ajuda de um funil e papel filtro, e armazenados em erlenmeyers para posteriores testes. 4.3 RENDIMENTO O rendimento foi realizado a partir da metodologia de Cunha et al. (2009) com algumas modificações. Foram utilizados 5 mL dos extratos hidroalcoólico, aquoso e hexano. Primeiramente os extratos foram pesados na balança analítica, logo após colocados em banho-maria a temperatura de aproximadamente 100°C até a secagem completa. Depois da secagem foram pesados novamente e feito à média da triplicata. 4.4 ANÁLISES DOS COMPOSTOS BIOATIVOS A prospecção fitoquímica foi realizada no Laboratório de Química do IFRN, sendo empregada à metodologia proposta por Matos (1997). 4.4.1 Teste para fenóis e taninos Em uma alíquota de 5 mL dos extratos foram adicionadas três gotas de solução alcoólica de cloreto férrico a 1%. Após agitação vigorosa, observou-se qualquer variação d
Resultado e discussão
RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 RENDIMENTO DOS EXTRATOS
As amostras de pólen apícolas nos três diferentes extratos representados
pelas letras A, B e C (Tabela 4) apresentaram peso médio, antes da secagem,
de 7,4555 g, 5,1204 g e 3,7913 g, respectivamente. Quando secos, o peso
médio foi de 0,7621 g, 0,4473 g e 0,0911 g. O maior rendimento
respectivamente observado foi dos extratos hidroalcoólico (10,22 %), seguido
do extrato aquoso (8,73%) e hexano (2,40%), evidenciando que os solventes
utilizados na preparação dos extratos influenciam nas moléculas obtidas.
Amostra Liquido extrator Extrato antes da secagem (média)
Extrato seco (média) Rendimento total (%)
A Hidroalcoólico 7,4555 g 0,7621 g 10,22%
B Aquoso 5,1204 g 0,4473 g 8,73%
C Hexano 3,7913 g 0,0911 g 2,40%
Estudos realizados por Cunha et al. (2004) indicaram que o maior rendimento
nos processos de extração de própolis por maceração ocorre nos sistemas onde
a proporção de etanol/água é igual ou superior a 70% (v/v).
O mesmo autor encontrou rendimento para extratos hidroalcoólicos entre 7,67%
e 9,89%, e para extratos aquosos entre 5,81% a 10,95%. Esses valores são bem
próximos aos identificados nas análises desse trabalho.
5.2 ANÁLISES DOS BIOCOMPOSTOS DO PÓLEN APÍCOLA
Observou-se resultados positivos para flavonóides, flavonóis, flavononas,
flavononóis (Figura 8), xantonas (Figura 9) e alcaloides (Figura 10) nas
amostras de extrato hidroalcoólico. Quanto ao extrato aquoso, o resultado
foi positivo apenas para alcaloides e taninos (Figura 11). Já em relação ao
hexano, todas as análises apresentaram resultados negativos (Tabela 5).
Aquoso Hidroalcoólico Hexano
Fenóis - - -
Taninos + - -
Flavonóides - + -
Antocianinas - - -
Antocianidinas - - -
Leucoantocianidinas - - -
Catequinas - - -
Flavonas - - -
Flav
Conclusões
CONCLUSÃO Pode-se observar que o extrato que apresentou melhor rendimento foi o hidroalcoólico, seguido do aquoso, enquanto que o hexano não apresentou bom rendimento. Quanto aos biocompostos, determinou-se a presença de flavonóides, flavonóis, flavononas, flavononóis, xantonas e alcaloides no extrato hidroalcoólico. Enquanto ao extrato aquoso, observou-se a presença de alcaloides e taninos. Não foi detectada a presença de biocompostos no extrato do hexano. Através dos resultados apresentados neste estudo, observa-se a necessidade de estudos complementares para se conhecer o potencial do póle
Agradecimentos
Aos professores e orientadores.
Referências
REFERÊNCIAS
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