ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Alimentos
Autores
Lacerda, H.C.C. (UFMA) ; Mendes Filho, N.E. (UFMA) ; Lobato, H.L.M. (UFMA) ; Oliveira, R.W.S. (UFMA) ; Sousa, D.A. (UFMA) ; Coelho, M.D. (UFMA) ; Silva, F.H.D. (UFMA) ; Cardoso, C.O. (UFMA) ; Pereira, V.H.J. (UFMA) ; Costa, D.K.S. (UFMA)
Resumo
O trabalho relata a determinação de macrocomponentes e nutrientes minerais nos cajus amarelo vermelho, procedente da Ilha de São Luis – MA. Realizou-se as análises físico-químicas utilizando a metodologia recomendada pelo Instituto Adolfo Lutz. Os nutrientes minerais foram determinados por espectrofotometria de emissão atômica e apenas o sódio por fotometria de chama. Obtiveram-se os seguintes valores médios por parâmetro para os cajus: Umidade: amarelo – 87,31% e vermelho – 91,63%. Cinzas: amarelo – 0,35% e vermelho – 0,17%. Lipídios: amarelo – 0,41 % e vermelho – 0,41%. Proteínas: amarelo – 2,70% e vermelho – 2,72%. Carboidratos: 5,76% e vermelho – 4,72%. Valor Energético: amarelo - 53,25 kcal/100g e vermelho – 33,55 kcal/100g. Os valores dos nutrientes minerais se encontraram aceitáveis
Palavras chaves
caju; Anacardium occidental; macrocomponentes
Introdução
A planta Anacardium occidentale L. pertencente à família Anacardiáceas, é conhecida popularmente como cajueiro. É originária do Brasil e utilizada na medicina tradicional, principalmente no Nordeste brasileiro com efeitos terapêuticos. Na literatura, encontram-se atividades farmacológicas comprovadas, como sendo o cajueiro uma planta anti-inflamatória (OLAJIDE, 2004), antidiabética (BARBOSA-FILHO et al, 2005); inibidor da enzima acetilcolinesterase e antimicrobiana (AKINPELU, 2001). Existe no País uma tradição de aproveitamento do pedúnculo ou falso-fruto do cajueiro que reside na transformação em produtos variados como sucos, sorvetes, doces diversos, compotas, cristalizados, licores, geleias, cajuína, refrigerantes gaseificados e aguardentes. Atualmente, tem-se verificado um grande avanço científico envolvendo os estudos químicos e farmacológicos de plantas medicinais que visam obter novos compostos com propriedades terapêuticas.
Material e métodos
A coleta do fruto caju foi realizada em uma chácara em Panaquatira, pertencente à ilha de São Luís (MA). Os frutos do caju (Anacardium occidentale L.) adquiridos se encontravam em estado de maturação completo e com polpa firme. Após a coleta, as amostras dos frutos do caju foram conduzidas para o Laboratório de Análises Físico-químicas do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água do Pavilhão Tecnológico – UFMA. A polpa comestível do fruto foi extraída com auxílio de facas, desprezando- se a casca e aproveitando-se de toda a polpa, imediatamente triturada em liquidificador e armazenada em potinhos médios de plástico. Os parâmetros de umidade e cinzas foram os primeiros a serem realizados ainda com as amostras in natura (antes de serem postas em refrigerador). Em seguida as análises restantes foram feitas como o material guardado no refrigerador nos dias subsequentes aos das primeiras análises, sendo que para o parâmetro proteínas as análises foram realizadas com a polpa in natura antes de serem trituradas em liquidificador. Nos parâmetros em que foi necessário trabalhar com as amostras de polpas congeladas, as análises se iniciaram após ficarem em temperatura ambiente. Nas análises físico-químicas da polpa comestível do fruto caju determinaram- se os teores de umidade, cinzas, acidez total em ácidos orgânicos, lipídios, proteínas, carboidratos, valor energético e sólido solúveis, de acordo com as metodologias propostas pelos métodos físico-químicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz (2008), onde todas as amostras foram processadas em triplicatas.
Resultado e discussão
O parâmetro umidade nas polpas comestíveis do caju em estudo tiveram valores
variando entre 87,18 a 87,45% para a variedade caju amarelo e entre 91,63 a
91,81% para a variedade caju vermelho, valores estes que se aproximaram
muito dos valores encontrados na literatura, em particular para o caju
amarelo.
Os valores encontrados para cinzas ficaram na média para o caju amarelo, mas
o caju vermelho mostrou valores inferiores a 0,30%. Como o parâmetro cinzas
está relacionado ao resíduo mineral, as análises dos nutrientes minerais
comprovam a inferioridade de todos esses micronutrientes no caju vermelho,
com exceção do nutriente magnésio.
Os valores de lipídios apresentados no estudo de composição nutricional do
caju encontram-se em média concordantes com os dados de referência, com
exceção de uma amostra de caju amarelo, com valor em 0,74 %; ainda assim
ficando próximo do resultado 0,63% visto em Silva, et al, 2008.
Os teores de proteínas de todas as amostras do caju em estudo ficaram entre
2,58 e 2,78%de porção comestível (polpa), ou seja, estão acima dos valores
encontrados na literatura. Diversos são os fatores que podem estar
relacionados a essa diferença como tempo de maturação do fruto, temperatura
em que o fruto foi transportado (armazenado), etc.
Os teores de carboidratos nas amostras do caju em estudo encontram-se em
níveis abaixo dos níveis encontrados na literatura.
Os teores de calorias para o caju vermelho foram mais concordantes com os
valores de referência, embora levemente inferiores.
O micronutriente mineral mais abundante nas frutas é sempre o potássio e
isso se constatou também para o caju nas duas variedades estudadas, ainda
que distanciado, em comparação com a única referência que mostra os teores
do potássio.
Conclusões
Para os macrocomponentes, os parâmetros mostraram valores satisfatórios, uma vez comparados com valores de referência de outros autores. Apesar do parâmetro de proteínas revelar teores mais elevados e os de carboidratos mais baixos que os de referência, ainda são considerados normais, uma vez que levam os valores de calorias a ficarem mais próximos daqueles consultados na literatura, isto é, não interferindo no desempenho nutricional do caju quanto ao parâmetro valor energético. Quanto aos nutrientes minerais, estão com valores aceitáveis para esta composição nutricional parcial.
Agradecimentos
Referências
AKINPELU, D. A. Antimicrobial activity of Anacardium occidentale bark. Fitoterapia, 72(3)::286-287, 2001.
BARBOSA-FILHO, J. M.; VASCONCELOS, T. H. C.; ALENCAR, A. A.; BATISTA, L.; OLIVEIRA, R. A. G.; GUEDES, D. N.; FALCÃO, H. S.; MOURA, M. D.; DINIZ, M. F. F. M.; MODESTO-FILHO, J. Plants and their active constituents from South, Central, and North America with hypoglycemic activity. Revista Brasileira de Farmacognosia, 15::392-413, 2005.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Estudo da despesa familiar: tabela de comparação de alimentos. 4 ed. Rio de Janeiro, Brasil, Centro de Serviços Gráficos.1999. 209 p.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análises de alimentos, 4ª Ed. São Paulo, SP: IAL, 2008. 1000p. Disponível em<http://www.crq 4.org.br/downloads/analisedealimentosial_2008. pdf> Acesso em 19 de dezembro de 2014.
OLAJIDE O. A. Effects of Anacardium occidentale stem bark extract on in vivo inflammatory models. Journal of Ethnopharmacology, 95::139-142, 2004.
SILVA, M. R.; LACERDA, D. B. C. L.; SANTOS, G. G. MARTINS, D. M. O. Caracterização química de frutos nativos do cerrado. Ciência Rural, Santa Maria. .v 38. P.1790-1793. 2008.
TACO. NEPA – UNICAMP, FINEP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. ANVISA. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Ministério da Saúde. BRASIL. 4 ed: revisada e ampliada. Campinas, 2011.