ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Alimentos
Autores
Boêno, J.A. (IF GOIANO CÂMPUS MORRINHOS) ; Santos, J.R. (IF GOIANO CÂMPUS MORRINHOS) ; Oliveira, N.R. (IF GOIANO CÂMPUS MORRINHOS) ; Oliveira, C.F.D. (UFG) ; Gonçalves, J.M. (IF GOIANO CÂMPUS URUTAÍ) ; Tomé, A.C. (IF GOIANO CÂMPUS MORRINHOS)
Resumo
Desenvolveu-se bebidas lácteas fermentadas adicionadas de extrato de quirera de arroz (EA) e determinou-se os teores de minerais nas bebidas recém processadas. Utilizou-se leite pasteurizado, soro lácteo (SL), sacarose e cultura láctea. A elaboração das bebidas foi conforme (Vieira; Lourenço Júnior, 2005) com adaptações. Utilizou-se o DIC, com fatorial (3x2), ou seja, (15, 25 e 35%) de EA e (30 e 50%) de SL, com 2 repetições, utilizando- se ANOVA e Tukey, em 5%. As bebidas apresentaram valores consideráveis de P, Mg, Zn e Cu. O teor de K, foi próximo ou superior a literatura e o Na foi baixo. Não detectaram-se Fe e Mn. Considerando os minerais nas bebidas, sugere-se que elas poderiam ser consideradas como alternativa alimentar para o aproveitamento das propriedades nutricionais do EA e SL.
Palavras chaves
Extratos vegetais; Aproveitamento de produto; Soro lácteo
Introdução
O desenvolvimento de produtos utilizando o soro lácteo é bastante promissor, pois as bebidas contendo soro, em destaque as bebidas lácteas fermentadas, são uma realidade no mercado brasileiro, porque já representam 25 % do mercado total de iogurtes no país (Pflazer et al., 2010). Por isso, a indústria deve buscar uma diferenciação de mercado, incluindo o aumento no uso de ingredientes exóticos e inovadores. Misturas de base láctea com extratos vegetais quando submetidas à fermentação produzem bebidas lácteas com melhores propriedades texturais, sensoriais e nutricionais; reduzem fatores antinutricionais pela hidrólise de proteínas e formação de peptídeos (Siqueira et al. 2013). Considerando que o soro lácteo e a quirera de arroz é um coproduto industrial (muitas vezes considerados resíduo), pouco explorado, com grandes vantagens nutricionais e funcionais, e que a busca de alternativas para o aproveitamento desses nutrientes pode reduzir gastos com tratamentos de resíduos e aumento da receita, pretendeu-se desenvolver bebida láctea fermentada diferenciada, a base de soro lácteo e quirera de arroz que fosse possível ser consumida por indivíduos com intolerância a lactose e por doentes celíacos, por usar reduzido teor de leite e um cereal que não contém glúten. Teve-se como objetivo elaborar bebida láctea fermentada, aproveitando subprodutos do processamento do queijo e do arroz, além de realizar determinações dos teores de macro elementos (Na, K, P e Mg) e micro elementos (Fe, Mn, Zn e Cu) nas bebidas recém processadas.
Material e métodos
A elaboração das bebidas lácteas fermentadas e as determinações dos macro e micro elementos foram realizadas nos Laboratórios dos Institutos Federal Goiano Câmpus Morrinhos (Morrinhos-GO) e Câmpus Urutaí (Urutaí-GO). Utilizou-se na preparação das formulações, leite integral pasteurizado, soro de queijo Minas Frescal (SL), extrato de quirera de arroz por cocção em micro-ondas (EA), 10 g (100 g)-1 de sacarose e 2,5 g (100 g) -1 de cultura láctea e 0,3 g (100 g)-1. O EA foi obtido triturando a quirera de arroz em liquidificador industrial, em proporção de cinco partes de água por uma parte de arroz (5:1 v/m), seguido de aquecimento em forno micro-ondas, na potência alta, 1000 W, até a amostra atingir a temperatura de 85°C. O extrato cozido foi batido em liquidificador por 2 min até a obtenção de uma consistência cremosa. O tratamento térmico, a fermentação e o processo para obtenção das bebidas lácteas se deram conforme Robinson et al. (2006). O delineamento experimental adotado para as análises foi o inteiramente casualizado (DIC), sendo um fatorial (3x2), ou seja, três concentrações do extrato da farinha de arroz (15, 25 e 35%) e duas concentrações diferentes de substituição do leite por soro na base láctea (30 e 50%) e duas repetições em todos os tratamentos. Utilizou-se ANOVA e teste de Tukey ao nível de 5%. Foram analisados nas bebidas lácteas fermentadas recém processadas, os macros elementos: Sódio (Na), Potássio (K), Fósforo (P) e Magnésio (Mg) e os micros elementos: Ferro (Fe), Manganês (Mn), Zinco (Zn) e Cobre (Cu), segundo IN n° 28 (BRASIL, 2007). A leitura dos valores de P, Mg, Fe, Mn, Zn e Cu foram realizadas no espectrofotômetro de absorção atômica (Perkin Elmer, modelo 5100 PC, Waltham, MA, EUA) e para Na e K foi utilizado o fotômetro de chamas (Corning 400, Cambridge, United Kingdom). A concentração dos minerais foi comparada com a ingestão diária recomendada (IDR) para adultos da RDC 269 de 22/09/05 (BRASIL, 2005).
Resultado e discussão
Na tabela 1 estão os resultados da determinação de minerais nas bebidas
lácteas fermentadas elaboradas com adição de extrato de farinha de arroz.
A agregação do extrato de quirera de arroz às bebidas lácteas fermentadas
forneceu valores consideráveis de Mg, Zn, K, P e Cu, ou seja, valores
próximos ou superiores aos encontrados por NEPA - UNICAMP (2006) que foi de
(9; 0,2; 62, 63, 0,02 mg (100 g)-1) para Mg, Zn, K, P e Cu
respectivamente,em bebida láctea sabor pêssego. As concentrações desses
minerais correspondem entre 4, 67 a 7,07 % do IDR para Mg, entre 2,57 a 7,57
do IDR para Zn, entre 4,7 a 9,25% para P e entre 28,88 a 53,3% de Cu.
Em relação ao teor de K, Tarantola & Wujastyk (2009) encontrou 15 e 200 mg
(100 g)-1 de K em bebidas comerciais à base de arroz, valor
similar ao entrado neste trabalho. Já quanto ao teor de Na foram encontradas
baixas concentrações nas bebidas. As concentrações desses minerais
correspondem entre 0,69 a 1,30% do valor diário referência (VDR) de Na
(BRASIL, 2003).
Segundo a Portaria SVS/MS n° 27/1998 (BRASIL, 1998), as bebidas elaboradas
no presente estudo podem ser consideradas com baixo teor de Na, por
possuírem em sua composição valor inferior a 120 mg (100 g)-1 ou
(100 mL)-1. Este resultado vai ao encontro do acordo voluntário
para reduzir o teor de sódio dos produtos industrializados, realizado entre
o Ministério da Saúde e associações que representam as empresas da indústria
alimentícia no Brasil que prevê a redução do ingrediente nos laticínios,
embutidos e refeições prontas (BRASIL, 2013).
Não foram encontrados teores de Fe e Mn nas bebidas elaboradas, corroborando
com o estudo de NEPA- UNICAMP (2006) em bebida láctea sabor pêssego que
encontrou apenas traços para esses dois minerais.
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Conclusões
As bebidas lácteas fermentadas adicionadas de extrato de quirera de arroz apresentaram consideráveis valores dos macro elementos fósforo e magnésio, e dos micro elementos zinco e cobre. O teor de potássio, foi próximo ou superiores a outras bebidas lácteas disponíveis no mercado, enquanto os teores de sódio foi baixo, resultado este que vai ao encontro do acordo voluntário para reduzir o teor de sódio dos produtos industrializados. Não foram detectados teores de ferro e/ou manganês. Considerando o índice diário recomendado dos macro e micro elementos determinados nas bebidas, sugere-se que as bebidas lácteas desenvolvidas com extrato de quirera de arroz poderiam ser consideradas como mais uma alternativa alimentar para o aproveitamento das propriedades nutricionais do soro lácteo e da quirera de arroz.
Agradecimentos
Ao IF Goiano Campi Morrinhos e Urutaí; A Embrapa Arroz e Feijão pela doação da quirera de arroz; Ao CNPQ pelas bolsas concedidas do Pibic e Pibic Jr.
Referências
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