Análises de umidade e cinzas da farinha das cascas de pequi

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Alimentos

Autores

Antunes, G.G.B. (IFG CAMPUS GOIÂNIA) ; Pereira, T.N.A. (IFG CAMPUS GOIÂNIA) ; Santos, J.R.C. (IFG CAMPUS GOIÂNIA)

Resumo

Na cadeia produtiva do pequi há a produção de resíduos, dentre eles as cascas do fruto. Para aproveitamento dessas, há a necessidade de caracterizá-las físico-química, sensorial e microbiologicamente. O objetivo desse trabalho consistiu em determinar o teor de cinzas por incineração à 550°C e o teor de umidade por secagem na estufa à 105°C de cascas de pequi (processadas em liquidificador industrial e em liquidificador doméstico). Tais análises indicaram teores de umidade e cinzas satisfatórios.

Palavras chaves

C. coriaceum ; umidade; cinzas

Introdução

O pequi pertence à família Caryocaraceae, gênero Caryocar L., que engloba cerca de 20 espécies. Sua ocorrência está associada às áreas de Cerrado, frequentemente encontrado nos Estrados da Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal (ALMEIDA et al, 1998). O uso de matérias-primas de origem extrativista está condicionado a sazonalidade do produto, soma-se ao fato que a produção agroindustrial fica subordinada ao fornecimento de suprimentos. A frutificação do pequi é anual e irregular entre safras, ocorre entre o período de novembro a fevereiro dependendo da região (ALMEIDA et al, 1998). Nesse cenário, encontra-se o pequizeiro, de reconhecido valor socioeconômico e grande aceitabilidade pela população, na sua área de ocorrência. A utilização de seu potencial como matéria-prima para a agroindústria é, entretanto, incipiente devido à necessidade de informações sobre as características químicas e físico-químicas do pequi, principalmente da espécie C. coriaceum governamental para o desenvolvimento da cultura (OLIVEIRA et al, 2010). A partir do processamento do fruto do pequi, gera-se as cascas como resíduo. Logo, surge a importância do reaproveitamento dessas, podendo ser aplicadas no desenvolvimento de novos produtos. Entretanto, torna-se necessário caracterizar as cascas de pequi, físico-quimicamente, sensorialmente e microbiologicamente. A partir dessa observação, o presente trabalho aborda duas análises físico-químicas: as análises de cinzas e umidade de cascas de pequi processadas e coletadas em Centrais de Abastecimento do Estado de Goiás.

Material e métodos

As amostras de casca de pequi da espécie C. coriaceum utilizadas nas análises de cinzas e umidade foram coletadas nas Centrais de Abastecimento do Estado de Goiás (CEASA), em dezembro do ano de 2014. As análises de cinzas e umidade foram executadas nos laboratórios do Departamento de Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia. As amostras de cascas de pequi in natura foram conservadas à temperatura de -18°C durante três meses e depois resfriadas em geladeira doméstica a 10°C por 48 horas. Após resfriamento, as cascas de pequi foram lavadas em água corrente e submersas em solução de hipoclorito de sódio 200ppm por 15 minutos. Posteriormente, essas foram secas, trituradas em liquidificador semi-industrial Skymsen modelo LSV – 10 e peneiradas em peneira de 24 mesh. Após peneiração, os grânulos de casca de pequi retidos na peneira, passaram por trituração em liquidificador doméstico Walita modelo Rl2044/01 e, ulteriormente, passaram por peneiração em peneira de 24 mesh, novamente. Os grânulos retidos na malha da peneira foram desprezados e os grânulos não retidos foram submetidos às análises de umidade e cinzas, assim como os grânulos não retidos na primeira peneiração. Para a análise de cinzas, utilizou-se o método de resíduo por incineração, onde a primeiramente amostra foi calcinada, e permaneceu por 5 horas no Forno Mufla, Modelo 1800-3p, EDG/TECNAL, e para a análise de umidade utilizou-se o método de secagem direta por estufa a 105°C em estufa da marca Ética, na qual as amostras foram analisadas até peso constante, ambos descritos por Instituto Adolfo Lutz (2005).

Resultado e discussão

Na Tabela1,são expressos os valores de umidade(%) obtidos na análise de umidade das amostras de casca de pequi processada.Por convenção,as amostras processadas no liquidificador semi-industrial foram identificadas por I e,as amostras processadas no liquidificador doméstico foram identificadas por D.As médias de umidade obtidas foram 13,63±0,15;14,1±0,23; 13,94±0,31,para I1,I2 e I3,respectivamente.Para D1,D2 e D3, respectivamente,foram 13,31±0,21;13,32±0,36;13,43±0,24.Há a possibilidade de menor variação nos valores de umidade para os grânulos do tipo D,pois tem-se maior massa,o que poderia favorecer o ressecamento da superfície desses e,consequentemente,impedir a completa saída da água das partes mais internas,resultando em uma taxa de umidade diferente da real.Vasconcelos et al(2011),obteve como umidade média das cascas de pequi,o teor de 10,24%.A variação entre os teores de umidade em comparação com Vasconelos(2011),pode ser explicada pela diferença do tamanho dos grânulos.Na Tabela2,são expressos os valores de cinzas(%)obtidos na análise de cinzas por incineração.Para análise de cinzas,utilizou-se somente as amostras das cascas de pequi processadas no liquidificador semi-industrial.Portanto,a média obtida para teor de cinzas é de 3,07±0,5.Comparando a média com o valor obtido por Couto(2007),2,48,nota-se que as amostras de cascas de pequi analisadas apresentaram maior teor de cinzas.Tal diferença de valores pode ser explicada pelas seguintes hipóteses:diferença na composição dos solos utilizados no plantio e períodos diferentes de coleta das cascas de pequi utilizadas para análise.Além disso,através da análise de cinzas,verifica-se que a quantidade de sais minerais é significativa,podendo ser utilizada como complemento alimentar.

Relação entre os teores de umidade das amostras de cascas de pequi.


Relação entre os teores de cinzas das amostras de cascas de pequi.

Conclusões

A partir das análises de umidade e cinzas realizadas nas amostras de cascas de pequi coletadas e posteriormente processadas, conclui-se que os resultados foram satisfatórios mediante à comparação com outros trabalhos desenvolvidos na mesma temática, possibilitando portanto, a sugestão de desenvolvimento de novos produtos reutilizando os resíduos gerados (cascas) na cadeia produtiva do pequi.

Agradecimentos

À Deus, em primeiro lugar. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, ao técnico em química Leonardo Ribeiro Pinto e à nossa orientadora.

Referências

ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina. EMBRAPA – CPAC. 1998. P. 107-112.

COUTO, E. M. Utilização da farinha de casca de pequi (Caryocar brasiliense Camb.) na elaboração de pão de forma. Minas Gerais, 2007.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo, 4 ed, 1020 p., 2005.

OLIVEIRA, M. E. B.; GUERRA, N. B.; MAIA, A. H. N.; ALVES, R. E.; MATOS, N. M. S.; SAMPAIO, F. G. M.; LOPES, M. M. T. Características químicas e físico-químicas de pequis da Chapada do Araripe, Ceará. Revista Brasileira de Fruticultura. Jaboticabal, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 114-125, 2010.

VASCONCELOS, I. P.; HERNANDES, T.; SANTOS, J. F.; HAMANO, P. S. Composição centesimal de farinha de casca de pequi. In: XVII Encontro Nacional e III Congresso Latino Americano de Analistas de Alimentos, Cuiabá, 2011.