ISBN 978-85-85905-15-6
Área
Química Orgânica
Autores
Pereira, N.G. (IFMT) ; Pereira, C.S. (IFMT) ; Gonsalves, C.R. (IFMT) ; Fraga, I.M. (IFMT)
Resumo
Realizou-se a produção de biodiesel a partir das blendas de óleo de semente de mamão (Carica papaya L.) Os resultados encontrados para o biodiesel mostraram um produto de qualidade, sendo que apresentou 0,37; 0,37; e 0,42 mg KOH/g para a acidez, nas proporções de 10 : 90; 30 : 70; e 50 : 50 (mamão : residual), respectivamente, para a densidade 0,900; 0,900; 0,890 g/cm3 e 0,017; 0,030; 0,031% para a umidade. Esses parâmetros mostram que as blendas diminuíram significativamente as alterações na qualidade das matérias prima em estudos. O que as tornou aptas para serem submetidas ao processo de transesterificação por catálise básica, e resultou em um produto, com os parâmetros de acordo como exigido pela resolução nº 45 de 2014 da Agência Nacional do Petróleo.
Palavras chaves
BLENDAS; ÓLEO; BIODIESEL.
Introdução
INTRODUÇÃO Atualmente, devido aos impactos ambientais gerados pelos combustíveis fósseis, há uma grande influência da inserção de fontes renováveis, no intuito de diminuir a liberação dos inconvenientes ao meio ambiente os gases do efeito estufa. Diante disso, novas portas vêm se abrindo a pesquisas, tanto no meio acadêmico quanto industrial em função da diversidade de matérias - primas para a produção dos biocombustíveis, sendo considerada uma alternativa para redução da dependência dos combustíveis fósseis. O biodiesel é um biocombustível que tem sido muito estudado nos últimos anos, sua obtenção se dá de diferentes formas e a partir de diferentes matérias-primas. O óleo de fritura, visto que uma grande quantidade é gerada, cujos destinos incluem a produção de sabão, de massa de vidraceiro e de ração animal. Entretanto, o óleo residual sempre foi um problema, pois o mesmo, em sua grande maioria é descartado nas vias de escoamento do esgoto causando dificuldade no fluxo de dejetos ou causando o impedimento dos mesmos. A semente de mamão pode ser considerada uma alternativa de oleaginosa na produção de biodiesel, já que estas são descartadas nas indústrias que usam esta matériaprima no processo, sendo que apenas a polpa é aproveitada. Moretto e Fett (apud MELO, 2010); Silva; Diniz; Silva (2007) relatam que as sementes de mamão apresentam uma média em porcentagem de óleo de 27% e 25%, superior ao de algumas oleaginosas, como soja e algodão. Diante disso, o presente trabalho apresenta resultados de biodieseis produzidos a partir das blendas de óleo residual e óleo de mamão em três proporções, analisando as características do produto final como densidade e índice de acidez.
Material e métodos
O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Química do Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Cáceres. Utilizou-se como matéria prima para produção do biodiesel o óleo residual e óleo proveniente de sementes de mamão. A síntese do biodiesel, a partir da mistura dos óleos da semente de mamão e residual nas proporções: 10% do óleo da semente de mamão + 90 % do óleo residual; 30% do óleo da semente de mamão + 70 % do óleo residual, e 50% de óleo das sementes de mamão + 50 % de óleo residual. Utilizou-se a razão molar 8:1 (metanol: óleo), temperatura de 45ºC, sob agitação constante durante 1h 30min, de acordo com a metodologia descrita por Geris (2007); Melo (2010). Posteriormente, os biodieseis foram levados para decantação durante 24h e em seguida lavados e purificados (GERIS et al., 2007). A qualidade do biodiesel foi avaliada realizando os parâmetros de qualidade como índice de acidez e densidade de acordo com a metodologia de Adolf Lutz (2005), e comparando os com os adotados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Resultado e discussão
Os biodieseis produzidos apresentaram parâmetros de acidez dentro das
especificações descritas pela resolução nº 45 de 2014 da ANP que determina
que a acidez de biodiesel deve ser no máximo 0,5 mg KOH/g. Oliveira et al.
(2012), afirma que a elevada acidez livre no combustível tem ação negativa
sobre os componentes metálicos do motor aumentando a taxa de corrosão dos
mesmos.
Moecke et al. (2012) realizaram a produção de biodiesel a partir do óleo
residual de soja e encontrou para a acidez 0,45 mg KOH/g, visto que a acidez
inicial do óleo era 2,34 mg KOH/g. O óleo utilizado pelo autor apenas passou
por um processo de peneiramento e decantação na intenção de retirar as
impurezas e posteriormente submeteu o mesmo ao processo de
transesterificação.
A resolução nº 45 de 2014 estabelece para a massa específica do biodiesel os
valores de 0,850 a 0,900 g/cm3. Melo (2010) encontrou para a densidade do
biodiesel a partir do óleo de semente de mamão 0,880 g/cm3. Castro (2009)
produziu biodiesel a partir do óleo residual e óleo de peixe e encontrou
valores de 0,887; 0,889, respectivamente.
Conclusões
Os biodieseis produzidos a partir das blendas apresentaram qualidade dentro do exigido pela Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis. Obteve-se o melhor rendimento na blenda 30 : 70 (mamão : residual). Observa-se ainda que esse rendimento pode ser alterado em casos de utilização de outros métodos de lavagem e purificação, que evite a perda dos ésteres.
Agradecimentos
Referências
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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