ESTUDO FITOQUÍMICO E INVESTIGAÇÃO BIOLÓGICA DOS COMPONENTES QUÍMICOS MAJORITÁRIOS DE Connarus perrottetii.

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Orgânica

Autores

Silva, M.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Borges, L.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Pinheiro, A.C.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Amorim, W.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Sampaio, G.C.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)

Resumo

A espécie Connarus perrottetii, é conhecida popularmente como barbatimão e é muito utilizada na medicina popular. Estudos científicos comprovam que algumas espécies pertencentes ao gênero Connarus apresentam atividades antimicrobiana e antioxidante. Por esta razão, este trabalho se propôs a realizar um estudo fitoquímico das várias partes da planta. Então, coletou-se mais de uma parte botânica da espécie com o objetivo de verificar qual delas apresentam tais atividades, principalmente, atividade antitumoral. Para cada extrato obtido foi avaliada sua citotoxicidade pelo método do MTT frente a três células tumorais(melanoma, corretal e gástrica) e observou-se que os extratos hexânico e acetato de etila do galho de C. perrottetii, são os extratos mais promissores, realizando um estud

Palavras chaves

Connarus perrottetii; Citotoxicidade; MTT.

Introdução

No Pará há uma espécie de planta chamada Connarus perrottetii, a qual é conhecida vulgarmente como barbatimão, em que o chá de suas cascas é usado na medicina popular para combater o câncer, de maneira geral. Estudos científicos, por sua vez, demonstraram a importância de algumas espécies vegetais que compõem o gênero Connarus, mediante a comprovação de atividades biológicas que estas espécies apresentaram, como atividade antimicrobiana e antioxidante. A casca de Connarus perrottetii, sob as mais diversas formas de administração (maceração, chá, "garrafada", banho ou xarope) são usadas na medicina popular para combater o câncer. A casca de C. perrottetii foi citada num estudo etnobotânico em Marudá para o tratamento de infecções geniturinárias em mulheres, hemorragia uterina, ovários císticos, corrimento vaginal, "mãe-do-corpo", doenças gástricas, cefaleias, gripe, tosse e congestão (COELHO-FERREIRA, 2009). Um outro estudo etnobotânico realizado na comunidade pesqueira de Algodoal demonstrou a elevada importância de Connarus perrottetii, ao ser citada por mais de 50% dos entrevistados da restinga (ROMAN et. al., 2006). Ao investigar a atividade citotóxica de plantas brasileiras contra tumores de pulmão (NCI-H460), cólon (KM-12), SNC (SF-268) e leucemia (RPMI-8226), observou-se que o extrato aquoso das folhas de C. perrottetii (100 µg/mL) foi 15,43% letal às células KM-12 (SUFFREDINI et. al., 2007). A partir destas considerações e diante da importância da pesquisa química de produtos naturais para a obtenção de novos compostos com finalidade terapêutica, este trabalho tem como intuito estudar o perfil químico da espécie Connarus perrottetii e realizar biomonitoramento das partes botânicas, para verificar se espécie apresenta atividades anticancerígena e antimicrobiana.

Material e métodos

OBTENÇÕES DOS EXTRATOS BRUTOS DE Connarus perrottetii Primeiro foram obtidos pequenos extratos para realizações das análises do Ensaio do MTT: Citotoxicidade In Vitro em células tumorais. O material botânico (folhas, cascas e galhos de C. perrottetii) foi submetido à maceração com hexano, acetato de etila e metanol, consecutivamente. O procedimento de extração realizado nesse estudo consistiu em colocar em contato a amostra vegetal triturada (10 g) com cada solvente por 24 horas, primeiramente. Após esse período, a solução obtida foi recolhida e ao resíduo adicionou-se novo solvente por mais 24 horas. Reuniram-se os dois volumes resultantes da maceração em frasco de vidro, os quais foram levados à capela para a evaporação total dos solventes. Desta maceração obteve-se os seguintes extratos: extrato hexânico da folha de C. perrottetii (EHFCP); extrato acetato de etila da folha de C. perrottetii (EAFCP); extrato metanólico da folha de C. perrottetii (EMFCP); extrato hexânico da casca de C. perrottetii (EHCCP); extrato acetato de etila da casca de C. perrottetii (EACCP); extrato metanólico da casca de C. perrottetii (EMCCP);extrato hexânico do galho de C. perrottetii (EHGCP); extrato acetato de etila do galho de C. perrottetii (EAGCP); extrato metanólico do galho de C. perrottetii (EMGCP). Os extratos brutos obtidos foram submetidos a avaliação da atividade antitumoral para verificar qual espécie, qual parte vegetal e qual extrato apresenta esta atividade, e poder assim realizar as extrações em grandes quantidades e direcionar o estudo fitoquímico da espécie. De acordo com os resultados, realizou-se a maceração da casca e do galho para obtenção dos extratos em grande quantidade das partes botânicas da espécie C. perrottetii que demonstraram bons resultados.

Resultado e discussão

ANÁLISE DO ENSAIO DO MTT: CITOTOXICIDADE IN VITRO EM CÉLULAS TUMORAIS. Nos experimentos de MTT, os resultados foram analisados segundo suas médias e respectivos erros-padrão no programa GraphPadPrism. Cada amostra foi analisada a partir de dois experimentos realizados em duplicata (Tabela 1). Dentre as partes botânicas de C. perrottetii que foram coletadas para estudo, o galho é a que se destaca em relação à casca e folha, tendo o seu extrato hexânico um maior potencial citotóxico que o extrato acetato de etila e extrato metanólico. O extrato hexânico do galho de C. perrottetii apresentou uma menor concentração capaz de matar 50% das células frente ao melanoma (~ 3,415 μg/mL) em relação às células tumorais: gástrica (4,230 μg/mL) e corretal (5,403 μg/mL). O extrato acetato de etila do galho de C. perrottetii, por sua vez, apresentou uma CI50 melhor frente à célula tumoral gástrica (~ 6,812 μg/mL) que frente ao melanoma (11,33 μg/mL) e à célula tumoral corretal (~ 11,81 μg/mL). Em relação aos extratos estudados da casca de C. perrottetii, o extrato hexânico se destaca pela sua concentração inibitória média do crescimento celular (AGP01, CI50 = 18,57 μg/mL; HCT-116, CI50 = 26,74 μg/ mL; SKMEL19, CI50 = 28,33 μg/mL) comparando com os extratos acetato de etila e extrato metanólico da casca da mesma espécie. A partir da tabela, observa-se também que todos os extratos obtidos a partir das folhas de Connarus perrottetii apresentaram CI50 maiores que 50 µg/mL. Dos três extratos promissores, que apresentaram atividade quando testados frente às três linhagens tumorais (AGP-01, HCT-116 e SKMEL19), o escolhido para realização do estudo fitoquímico imediato foi EAGGCP. A substância isolada esta em processo de analise para elucidação estrutural.

Tabela 1.

Valores da concentração da IC50 (concentração inibitória média do crescimento celular em μg/mL), com a realização do teste do MTT, (48h de incubação).

Conclusões

Dentre os noves extratos obtidos para estudo, os extratos EHCCP, EHGCP e EAGCP são os mais promissores, quando testados frente às três linhagens de células tumorais (AGP-01, HCT-116 e SKMEL 19). O extrato EAGCP apresentou maior rendimento e a substância isolada deste extrato ainda se encontra em processo de análise para elucidação da estrutura.

Agradecimentos

Os autores deste trabalho agradecem à Universidade Federal do Pará e ao Laboratório de Cromatografia Líquida pela infraestrutura que possibilitou a execução deste traba

Referências

COELHO-FERREIRA, M. Medicinal knowledge and plant utilization in na Amazonian coastal community of Maruda, Pará State (Brazil). Journal of Ethopharmacology, v. 126, n. 1, p. 159-175, 2009.
FORERO, E.; KAMINO, L. H. Y. Connaraceae In: LISTA de Espécies da Flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. Disponível em://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/listaBrasil/ConsultaPublicaUC/BemVindoConsultaPublicaConsultar.do. Acesso em: 2 de maio de 2013.
PHILLIPSON, G. W.; ANDERSON, A. C. Journal of Ethnopharmacology, v. 25, p. 61-65, 1998.
ROMAN, A. L. C.; SANTOS, J. U. M. A importância das plantas medicinais para a comunidade pesqueira de Algodoal. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Ciências Naturais, v. 1, n. 1, p. 69-80, 2006.SUFFREDINI, I. B.; PACIENCIA, M. L. B.; VARELLA, A. D.; YOUNES, R. N. In vitro cytotoxic activity of Brazilian plant extracts against human lung, colon and CNS solid cancers and leukemia. Fitoterapia, v. 78, n. 3, p. 223-226, 2007.

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