Síntese, caracterização e análise de novos compostos imínicos com ação antioxidante

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Orgânica

Autores

Costa Cabral Salazar Ramos, K. (UFES-CEUNES) ; Oliveira Costa, A.P. (UFES-CEUNES) ; Mapheu Nogueira, C. (UFES-CEUNES) ; Chagas da Silveira, V. (UFES-CEUNES)

Resumo

O biodiesel é uma das fontes renováveis mais promissoras por possuir fácil obtenção e substituir o petróleo. Entretanto, devido à natureza de sua matéria-prima, sua cadeia possui diversas insaturações que o tornam susceptível à degradação oxidativa quando expostos á contaminantes metálicos, luz ou ar. Já existem aditivos antioxidantes, porém na tentativa de encontrar antioxidantes mais eficientes, sintetizou-se e caracterizou-se novos compostos capazes quelar metais de transição a fim de amenizar ou até impedir a degradação do biodiesel, o que gera produtos de maior viscosidade, com formação de depósitos sólidos além de aumento da acidez, elevando o nível de corrosão. As iminas sintetizadas mostraram-se mais eficientes em quelar íons cobre quando comparado com o níquel.

Palavras chaves

biodiesel; antioxidante; compostos imínicos

Introdução

As reservas de petróleo são limitadas e estudos indicam que estarão totalmente esgotadas nos próximos anos, portanto faz-se necessária a busca de substitutos ao petróleo. Dentre as diversas fontes renováveis tem recebido grande atenção o biodiesel. Este é um monoalquil éster de ácidos graxos derivados de óleos vegetais e gorduras animais, obtidos por transesterificação, que deve ser completa para que seja de alta qualidade. O período em que as características do biodiesel são preservadas é estimado pela estabilidade frente à oxidação. A degradação oxidativa do biodiesel provoca alterações em seu índice de acidez, o que aumenta seu índice de corrosão, além de alterações em seu índice de refração e cor e na viscosidade. Algumas variáveis contribuem para intensificar este processo, tais como as condições de armazenagem, calor, umidade, além da presença de contaminantes metálicos e radicais livres (MEIRA et al, p 143-161,2014), fatores de inevitável ocorrência no processo de produção, transporte e estocagem do biodiesel. A fim de diminuir, minimizar ou até mesmo impedir a oxidação, adicionam-se aditivos ao biodiesel cuja capacidade antioxidante é medida pela habilidade em capturar radicais livres ou de quelar metais. Neste contexto, este trabalho foi estabelecido com o objetivo de sintetizar novos compostos imínicos visando melhora da estabilidade oxidativa do biodiesel, caracterizando-os por análise elementar, espectroscopia UV/Vis, RMN e analisando sua capacidade antioxidante na captura de metais de transição.

Material e métodos

Os reagentes utilizados foram: 2,4-dihidroxibenzaldeído (98 %, grau de pureza), acetato de níquel (98%), DCC (99%) e DMAP (99%) foram de procedência da Aldrich Chemistry. O ácido palmítico (98 %), a etilenodiamina (99%) e o solvente metanol P.A. (99,8%) foram obtidos da Vetec. O ácido esteárico (95%) e os solventes etanol P.A. (96%) e DMSO (99,9%), procederam da Dinâmica. A o-vanilina usada (puríssima) veio da Isofar e o solvente clorofórmio (99,8%) da Synth. Sintetizou-se dois compostos imínicos usando o-vanilina e etilenodiamina (ovalen) e o 2,4-dihidroxibenzaldeído e etilenodiamina (dhben), ambos em proporção 2:1, respectivamente (VISWANATHAMURTHI et al, p 337-341, 1998). Estas bases de Schiff simbolizam os núcleos dos compostos pretendidos. Os compostos foram caracterizados por análise elementar, infravermelho e UV/Vis. Outros novos compostos, ésteres, de cadeia longa foram sintetizados a partir da reação entre o 2,4-dihidroxibenzaldeído e o ácido palmítico e 2,4-dihidroxibenzaldeído e o ácido esteárico (SINGH et al, p 181-186, 2008). Para a substituição nucleofílica durante o processo de esterificação do ácido carboxílico foi utilizado DCC/DMAP para ativação do grupo carbonila 2. Em seguida foram colocados em reação com a etilenodiamina, na proporção de 2:1 (benzaldeído:etilenodiamina) para a formação das iminas desejadas. Os compostos foram ainda caracterizados por análise elementar, espectroscopia UV/Vis e por RMN. As iminas ovalen e dhben foram testadas com cobre e níquel a fim de avaliar sua capacidade antioxidante na presença de magnésio, fazendo-se análises em UV/Vis de soluções em diferentes concentrações de iminas para uma mesma concentração de metal de transição (cobre e níquel, no caso) em diferentes tempos de contato com o metal redutor magnésio.

Resultado e discussão

A análise elementar mostrou o percentual experimental de 64,54%C, 6,20%H e 8,73%N e de 62,71 %C; 5,32 %H e 5,38 %N, comprovando a fórmula mínima C18H20O4N2 (328,36g/mol) e C16H16O4N2 (300,31g/mol) para as iminas ovalen e dhben, respectivamente. Os espectros eletrônicos revelaram que a imina dhben absorve na região de 400 nm, assim como a imina ovalen. Também foram determinados os valores de absortividade molar através da construção de gráficos de absorbância em função da concentração iminas ovalen e dhben. A imina dhben foi analisada por RMN (solvente DMSO) de alto campo para o isótopo 1H. Observou-se um singleto em 8,35 ppm referente ao hidrogênio imínico, um dubleto em 7,15 ppm (J= 14 Hz) referente ao hidrogênio aromático orto (H-6) à imina. A análise do éster palmítico do 2,4-dihidroxibenzaldeído (solvente – CDCl3) apresentou um singleto em 11,21 ppm característico da hidroxila quelatogênica (OH-2), um singleto em 9,86 ppm referente ao hidrogênio do aldeído, um dubleto em 7,56 ppm (J= 8 Hz) referente ao hidrogênio aromático orto (H-6) à carbonila do aldeído e outros sinais que caracterizam a estrutura esperada. É importante também ressaltar o desaparecimento do deslocamento químico referente à hidroxila em 5,86 ppm, comprovando a alquilação seletiva na hidroxila OH-4. As análises das iminas em soluções com cobre e níquel na presença de magnésio mostraram que ambas possuem uma capacidade quelante alta, visto que antes e depois da adição do magnésio nos complexos com o cobre ocorreu uma pequena diminuição na banda do complexo da imina dhben e quase nenhuma com a ovalen. Já com o níquel ocorreu o contrário, uma pequena diminuição na banda do complexo da ovalen e quase nenhuma mudança no complexo da imina dhben.

Eficiência antioxidante das iminas sintetizadas

Avaliação da atividade quelante das iminas em relação aos íons cobre ou níquel na presença de magnésio em diferentes tempos e concentrações.

Estrutura das iminas sintetizadas (A) ovalen; (B) dhben

Estrutura das iminas sintetizadas, caracterizadas e utilizadas no ensaio antioxidativo.

Conclusões

Até o momento, dois novos compostos imínicos e dois ésteres de cadeia longa a partir de ácido esteárico e palmítico foram sintetizados. Estes foram caracterizados por análise elementar, UV/Vis e RMN, confirmando as estruturas esperadas. Avaliou-se a atividade antioxidante destes em relação ao cobre e ao níquel na presença do magnésio, mostrando que a imina dhben é melhor quelante tanto para íons níquel quanto para íons cobre. A próxima etapa é avaliar a estabilidade oxidativa do biodiesel em presença de metais, adicionando as iminas condensadas aos ácidos esteárico ou palmítico.

Agradecimentos

Deseja-se agradecer ao CNPq pelo financiamento ao projeto em questão.

Referências

MEIRA, M.; SANTANA, P.M.B.; ARAÚJO, A.S; SILVA, C.L.; LEAL FILHO, J.R.L.; FERREIRA, H.T.. Oxidative degradationand corrosiveness of biodiesel. Corrosion Reviews ,nº32, p 143-161, 2014.

SINGH, A. K.; KUMARI, S.; KUMAR, K. R.; SRIGHAR, B.; RAO, T. R.. Synthesis and spectral studies of the mesogenic Schiff-base, N,N’-di-(4’-pentyloxybenzoate) salicylidene-1,8-diamino-3,6-dioxaoctane and Crystal structure of the Zn(II) complex. Science direct. Polyhedron ,nº27, p 181-186, 2008.

VISWANATHAMURTHI, P., DHARMARAJ, N., ANURADHA, S., NATARAJAN, K.. Ruthenium(III) complexes with tetradentate Schiff bases containing triphenylphosphine or triphenylarsine. Transition Met. Chem ,nº23,p 337-341, 1998.

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