ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Química Tecnológica
Autores
Rodrigues, M.C. (IFMT CÁCERES-MT) ; Gonçalves, C.R. (IFMT CÁCERES-MT) ; Santos, P.M. (IFMT CÁCERES-MT) ; Bassan, R.M.C. (IFMT CÁCERES-MT) ; Tomás, T.F. (IFMT CÁCERES-MT)
Resumo
A má destinação dos óleos residuais no Brasil vem causando diversos problemas ambientais. Este trabalho visa à reutilização dos óleos de fritura de diferentes estabelecimentos comerciais da cidade de Cáceres-MT, tendo como foco o emprego de dois métodos de filtragens a ser utilizado na produção do biodiesel. O primeiro método de filtragem consistiu em montar um filtro com camadas dos materiais filtrantes: areia; dois papeis filtros; pedra de filtro; pedra pomes e carvão ativo. No segundo método utilizou-se uma peneira e uma palha de aço para filtrar as impurezas mais grosseiras, em seguida colocou uma camada de papel filtro e outra de algodão, para reter os resíduos mais finos. Os óleos, de diferentes estabelecimentos, nos dois processos estudados são viáveis para a produção de biodiesel.
Palavras chaves
coleta ; óleo de fritura ; filtragem
Introdução
Através da reação de transesterificação, diversas oleaginosas podem ser utilizadas na síntese do biodiesel (VENTURINI; LORA, 2012). O biodiesel é um combustível biodegradável, composto de alquil ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia longa, obtido através de diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação (RAMOS et. al. 2006). A produção de biodiesel através do óleo residual vem crescendo cada vez mais, no entanto a utilização desta matéria-prima fica em segundo lugar quando comparado com seu uso na fabricação de sabão (FERRARI; OLIVEIRA; SCABIO, 2003). Para a reutilização do óleo é necessário fazer o processo de pré- purificação e de secagem antes de submetê-lo a reação de transesterificação, fazendo com que esse se torne inviável ao ponto de vista econômico (COSTA NETO et al., 2000). Segundo (CHRISTOFF et al., 2006) foi possível a produção de biodiesel a partir do óleo residual de fritura, coletado em Guaratuba litoral paranaense. De acordo com Geris (2007), a filtração dos óleos residuais é indicada, visto que retém os resíduos sólidos oriundos dos processos de fritura. A filtração de óleos é frequente, se da através de diversas peneiras com malhas de mesh (MIYASHIRO et al., 2013). A utilização de óleo residual de origem vegetal ou animal para a produção de biodiesel é uma alternativa barata e viável, sendo que sua reutilização fornecerá uma destinação adequada e ambientalmente correta. A partir deste fato, este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade dos óleos de fritura de diferentes estabelecimentos comerciais utilizando dois métodos de filtragens na produção de biodiesel.
Material e métodos
O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório do IFMT - Campus Cáceres. Foram feitas coletas de óleos de frituras em dois estabelecimentos comerciais na cidade de Cáceres-MT, pastelaria e restaurante. Após a coleta, os óleos foram submetidos a dois processos de filtragens e utilizados como matéria prima na síntese do biodiesel, através da reação de transesterificação por rota metílica, comparando o seu rendimento e realizando a sua caracterização físico-química segundo a metodologia de Silva (2008). Inicialmente foi construído o filtro de cano PVC, do qual foi cortado duas barras com a altura de 50 cm cada, o mesmo foi furado para a colocação de uma torneira que serviu para extrair o óleo filtrado. Após o filtro montado foram colocadas às camadas dos materiais filtrantes: areia; dois papeis filtros; pedra de filtro; pedra pomes; carvão ativo; e pedra de filtro. Foram colocados 500 ml de óleo em cada filtro, ficando por 24 horas em repouso para que pudesse reter a maiores quantidades de resíduos. No segundo método de filtragem foi utilizada uma peneira e palha de aço para filtrar as impurezas mais grosseiras, em seguida foram colocada uma camada de papel filtro e outra de algodão para reter os resíduos mais finos, sendo filtrado um volume de 500 ml de óleo. Posteriormente, realizou as análises físico-quimicas de massa específica, acidez, ácidos graxos livres e rendimento de cada óleo de fritura, em cada processo de filtragem coletados nos dois estabelecimentos comerciais, segundo a metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2005) e pelas normas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Resultado e discussão
Após as analises, observou que depois de utilizar o óleo para fritar
alimentos, o mesmo sofreu degradação e isso alterou seu índice de acidez.
Segundo a Anvisa (1999), o óleo de soja refinado possui uma baixa acidez sendo
seu valor máximo de 0,3 mg KOH/g. Após proceder o primeiro e o segundo método de
filtragem aos óleos de fritura constatou-se os valores de acidez, dos ácidos
graxos livres e densidade relativa, se encontram dispostos na tabela 1.
Analisando os resultados da caracterização físico-química pode verificar que o
óleo do restaurante, independente do processo de filtragem apresentou-se com
valores mais elevados de acidez e ácidos graxos livres, sendo considerado mais
degradado que o óleo de pastelaria, embora todos os resultados encontram-se
dentro das normas da ANP, mostrando a viabilidade do óleo na produção de
biodiesel. Segundo (CANDEIA, 2008), é de suma importância que se conheça o
valor do teor dos ácidos graxos livres na matéria-prima para produção de
biodiesel, a fim de determinar a quantidade de catalisador (KOH) necessária na
reação de transesterificação.
Características físico-química dos óleos de fritura
Filtragem do óleo de fritura por dois métodos distintos
Conclusões
Através do estudo realizado pode-se concluir que as duas técnicas de filtragens empregadas mostraram-se eficazes na purificação do óleo de fritura. Os óleos residuais de diferentes estabelecimentos comerciais, independente do processo de filtragem utilizado, são viáveis para produzir o biodiesel, sendo considerada uma matéria-prima em potencial pela eficiência no seu reaproveitamento e contribuição ambiental.
Agradecimentos
A todos que contribuíram direta ou indiretamente e ao IFMT Campus Cáceres pelo apoio para a realização deste trabalho.
Referências
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 13 de outubro de 1999.
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