ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Química Tecnológica
Autores
Dias, F.B. (IFMT) ; Fraga, I.M. (IFMT) ; Lima, C.J.B. (IFMT) ; Arruda, A.P. (IFMT) ; Penha, B.F. (IFMT)
Resumo
O presente estudo investigou o biodiesel produzido a partir de blendas de óleo de canola e sebo bovino na proporção de 70/30 %, a fim de compará-lo aos parâmetros especificados na norma da ANP. O biodiesel foi caracterizado e o seu índice de acidez apresentou um valor de 0,36 mg KOH/g, o que mostra que a blenda de sebo bovino e óleo de canola influenciou positivamente na acidez do sebo bovino, que inicialmente era elevada para se produzir um biodiesel de acidez dentro dos padrões da ANP que atualmente é de 0,5 mg KOH/g. Esses resultados mostram, que a mistura de óleo de canola e sebo bovino, vem como algo promissor para contornar os fatores negativos do uso de sebo para produção de biodiesel, como por exemplo, seu ponto de entupimento a frio e a alta acidez do sebo.
Palavras chaves
BIODIESEL; sebo bovino; canola
Introdução
O biodiesel, combustível renovável capaz de substituir o uso do óleo diesel, é produzido no Brasil, principalmente a partir da reação de transesterificação alcalina de óleos vegetais e gorduras animais. A transesterificação reduz significantemente a viscosidade da matéria-prima original sem afetar suas características de aquecimento. O produto final, transesterificado, apresenta melhores características combustíveis que o óleo vegetal ou a gordura animal puros. (Da Cunha, 2008). O tipo e concentração do ácido graxo apresentam efeitos importantes na oxidação do biodiesel. Assim é importante que as características das matérias-primas que serão utilizadas na produção sejam conhecidas (Da Cunha, 2008). O Brasil é o segundo maior produtor de grãos oleaginosos do mundo, sendo a soja e o algodão as principais culturas, seguidos pelo girassol e pela canola, e em conseqüência do programa brasileiro de biocombustíveis o óleo de canola que tinha somente importância na alimentação humana adquiriu um potencial para fins energéticos (Zeni et al.,2007). O sebo bovino também se destaca como a segunda matéria-prima mais utilizada na produção de biodiesel no país, perdendo somente para a soja. Devido a busca pela suficiência energética, faz necessário a utilização de matérias-primas alternativas para a produção de biodiesel que diminuam a depedencia da que o Brasil adquiriu pelo óleo de soja na produção de biodiesel. Nesse contexto, esse trabalho investigou os parâmetros do biodiesel produzido a partir de blendas de óleo de canola e sebo bovino na proporção de 70/30 %, a fim de compará-los aos parâmetros especificados na norma da ANP (Agêncial nacional de petróleo, gás natural e biocombustíveis).
Material e métodos
O sebo bovino de acidez igual a 1 mg KOH/g, foi préviamente aquecido a uma temperatura de 60ºC, já que a temperatura ambiente, este se encontra no estado sólido, e posteriormente foi adicionado ao óleo de canola refinado de acidez igual a 0,5 mg KOH/g na proporção de 30/70% sebo bovino/óleo de canola. A síntese do biodiesel foi realizada de a cordo com Geris, et al. (2007), a uma temperatura de 70ºC, durante 1,5 h sob forte agitação. Após o término da reação, o biodiesel, foi deixado em repouso por 24 h, para total separação de fases. Após o repouso o bioidesel foi purificado de acordo com Geris, et al. (2007). Após a purificação, o biodiesel foi caracterizado em termos de índice de acidez, densidade e porcentagem de ácidos graxos. O índice de acidez foi determinado segundo Moretto e Alves, (1986) e Esteves et al., (1995). A determinação da porcentagem de ácidos graxos livres baseou-se em Araújo (2008), que descreve o método adotado por Moreto e Alves (1986) e por Esteves et al (1995), que determina a porcentagem de ácidos graxos livres, expressa como ácido oléico, em óleos comuns, brutos e refinados. Avalia a qualidade do óleo para consumo ou carburantes. A determinação da densidade foi realizada de acordo com Araújo, (2008).
Resultado e discussão
O biodiesel foi caracterizado e o seu índice de acidez apresentou um valor de
0,36 mg KOH/g, o que mostra que a blenda de sebo bovino e óleo de canola
influenciou positivamente na acidez do sebo bovino, que inicialmente era elevada
para se produzir um biodiesel de acidez dentro dos padrões da ANP que atualmente
é de 0,5 mg KOH/g (Gonçalves, et al. (2009); .RANP, 2012)
Essa baixa acidez para o biodiesel, foi corroborada pelo baixo teor de ácidos
graxos presentes na amostra que foi de 0,30. A densidade também esteve dentro
das especificações da ANP, e foi de 870 kg/m3, o que caracteriza o biodiesel
como sendo um produto puro.
Esses resultados mostram, que a mistura de óleo de canola e sebo bovino, vem
como algo promissor para contornar os fatores negativos do uso de sebo para
produção de biodiesel, como por exemplo, seu ponto de entupimento a frio e a
alta acidez do sebo.
Conclusões
O biodiesel obtido a partir da blenda de sebo bovino e óleo de canola, mostrou-se satisfatório em se tratando de alguns parâmetros da ANP, como acidez e densidade. Os resultados apontam também para um caminho de diminuição da acidez da gordura de sebo bovino quando adicionado ao óleo de canola, visto que a acidez final do biodisel (0,36 mg KOH/g) foi menor que a acidez inicial do sebo bovino (1 mg KOH/g). A blenda de sebo bovino com óleo de canola, é importante para contornar os fatores negativos do uso de sebo para produção de biodiesel, como por exemplo, seu ponto de entupimento a frio.
Agradecimentos
Referências
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