ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Química Verde
Autores
Nunes Macedo, J. (UFMA) ; Andreza Oliveira Rodrigues, J. (UFMA) ; Regina Marques Moura, K. (UFMA) ; Silva, F.C. (UFMA) ; Pereira Maciel, A. (UFMA) ; Kelly Cerqueira dos Santos, G. (UEMA)
Resumo
Este trabalho propõe a reação de transesterificação do óleo de soja utilizando álcool metílico em presença do catalisador heterogêneo alumina modificado com óxido de cério (Al2O3/CeO2). O catalisador foi caracterizado por Espectroscopia na Região do infravermelho, Fluorescência de Raios X por Dispersão de Comprimento de Onda e por Difração de Raios X. Os produtos da reação foram caracterizados qualitativamente por Espectroscopia na Região do infravermelho e por viscosidade cinemática segundo especificações da ANP e quantitativamente por Cromatografia a gás com detector por ionização de chama (GC-DIC).
Palavras chaves
Biodiesel; Transesterificação; Catálise Heterogênea
Introdução
O biodiesel é um dos combustíveis de fontes renováveis mais importantes atualmente, sendo obtido a partir da reação de metanol ou etanol e gorduras de animais ou óleos vegetais na presença de um catalisador ácido ou básico. Esta reação é conhecida como transesterificação, além do biodiesel, obtém-se também o glicerol como subproduto, que apresenta larga utilidade nas indústrias química. (AGIRRE, et.al., 2013). Na busca por condições satisfatórias de obtenção do biodiesel, desenvolveu-se também um interesse pela área da catálise. A catálise pode ocorrer de duas formas: homogênea ou heterogênea. Na primeira, o reagente e catalisador se encontram na mesma fase, já na segunda, o catalisador e o reagente encontram-se em fases distintas, sendo a última mais vantajosa, por apresentar facilidade na recuperação do catalisador no final da reação. (DIAS, FERREIRA, CUNHA, 2012). Neste contexto, objetiva-se desenvolver catalisadores heterogêneos a base de alumina e óxido de cério para serem aplicados na reação de transesterificação do óleo de soja.
Material e métodos
A alumina foi previamente dispersa em água destilada sob agitação ultrassônica por 5 minutos em 7000rpm. A quantidade do precursor polimérico de cério foi adicionada a alumina de modo que sua dopagem com cério esteja por volta de 20% em massa. Após a adição do precursor polimérico a mistura foi novamente dispersa por 5 minutos a 7000rpm. Logo após a mistura foi submetida a 70°C em banho Maria para total remoção da água. O sólido obtido foi submetido a pré-calcinação a 400°C por 2 horas e posteriormente a calcinação a 500°C por 2 horas. O catalisador foi analisado segundo as seguintes técnicas, Espectrometria na região do infravermelho com transformada de Fourier na região entre 4000 e 400 cm1 utilizando como suporte pastilhas de brometo de potássio (KBr). A composição elementar do catalisador foi determinada num Espectrofotômetro de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Comprimento de Onda (WDXRF) e caracterizado também por Difração de Raios X. A avaliação catalítica do Al2O3/CeO2 foi realizada em um reator Parr, modelo 4843 com controle de agitação e aquecimento. O catalisador foi ativado por 60 minutos a 200°C no forno mufla EDG. 73 g de óleo de soja seco, 64,4 mL de álcool metílico e 2,5 g do catalisador foram adicionados no reator na temperatura de 180°C por um período de 16 horas com agitação em 500rpm. As análises qualitativas dos ésteres obtidos foram realizadas por Espectrometria na região do infravermelho com transformada de Fourier, cromatografia a gás (CG-DIC) e por viscosidade segundo a Norma ANP nº 04/2012.
Resultado e discussão
A figura 1 ilustra o espectro de infravermelho do catalisador Al2O3/CeO2 tratado
a 500 ºC mostrando que a região de 3500 cm-1 é característica da ligação O–H. Os
modos vibracionais entre 460 a 750 cm-1 correspondem à ligação Al–O. Em torno da
região de 2300 e 1700 cm-1. O modo vibracional em 1640 cm-1 é atribuído às
vibrações de estiramento e flexão dos grupos hidroxilas presentes em água
adsorvida e água coordenada. Os dados do WDXRF representam a composição
elementar no qual Al2O3 apresentou 74,91% e CeO2 24,03%. O difratograma mostrou
as seguintes fases indexadas: óxido de alumínio (Al2O3), com sistema cristalino
cúbico, grupo espacial Fd3m e óxido de cério (CeO2), com sistema cristalino
cúbico, grupo espacial Fd3m. A figura 2 ilustra que a análise de espectroscopia
na região do infravermelho realizada para caracterizar o biodiesel confirma que
houve conversão a ésteres na mistura reacional. As vibrações próximas a 2922 e
2855 cm-1 estão relacionadas aos estiramentos assimétricos e simétricos de
grupos C-H alifático. A forte vibração em 1740 cm-1 é característica da vibração
do grupo C=O de ésteres. As vibrações próximas a 1459 cm-1 e 1364 cm-1 estão
relacionadas à deformação angular simétrica do grupo CH2 e deformação angular
simétrica do grupo CH3. A vibração próxima a 1160 cm- pode ser atribuída ao
grupo funcional dos ésteres. O modo vibracional observado em 720 cm-1 está
relacionado às deformações fora do plano do grupo CH2. A viscosidade cinemática
também apresentou um valor significativo para produção do biodiesel de 5,076
mm2/s, de acordo com a norma estabelecida pela ANP, (ABNT NBR-10441). O teor de
ésteres obtido na reação de transesterificação foi de 80,1%, um valor
satisfatório visto que mostrou a eficiência do catalisador na reação de
transesterificação.
Espectros de FTIR e Difração de Raios X do catalisador Al2O3/CeO2 tratado a 500 °C respectivamente.
Espectros de FTIR da amostra de biodiesel e Cromatograma de biodiesel metílico de soja respectivamente.
Conclusões
Diante dos resultados,observou-se que o catalisador Al2O3/CeO2 apresentou uma boa atividade catalítica na obtenção de ésteres a partir do óleo de soja, porém seu teor em ésteres obtido está abaixo do valor estimado pela ANP. Porém, valores maiores poderão ser obtidos a partir da otimização das condições reacionais.Outros materiais baseados na dopagem de óxido cério e no tratamento térmico no qual o material é submetido podem ser realizados de modo ao obter propriedades desejáveis a este promissor catalisador, como o aumento da área superficial e possivelmente o aumento da atividade catalítica.
Agradecimentos
Núcleo de Combustível, Catálise e Ambiental da Universidade Federal do Maranhão.
Referências
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