ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Silva, F. (UFMA) ; Oliveira, R. (UFMA) ; Filho, V. (UFMA) ; Everton, P. (UFMA) ; Lacerda, H. (UFMA) ; Ascenção, V. (UFMA) ; Coelho, M. (UFMA) ; Pereira, V. (UFMA) ; Cardoso, C. (UFMA) ; Sousa, D. (UFMA)
Resumo
O mosquito Aedes aegypti (Linnaeus 1792) é o principal responsável pela transmissão da febre amarela urbana e do dengue em todo o mundo. Teve como objetivos extrair o óleo essencial Syzygium aromaticum (cravo-da-índia), determinar as propriedades físicas, obter e cultivar as larvas do mosquito Aedes aegypti Linnaeus em espécie de armadilhas preparadas artesanalmente, calcular a CL50 dos óleos essenciais a partir do teste de toxicidade (atividade larvicida frente às larvas do mosquito Aedes aegypti). Apresentou densidade (g/ml) 0,973, solubilidade em álcool 90% 1:2, índice de refração (ND 25º) 1,526, rendimento (%) 3,54, cor transparente, aparência límpido. As concentrações 70, 90, 100, 120 µg mL-1 da solução contendo óleo essencial teve uma toxicidade 100% eficaz.
Palavras chaves
Aedes aegypti; Syzygium aromaticum; Atividade Larvicida
Introdução
O mosquito Aedes aegypti (Linnaeus 1792) é o principal responsável pela transmissão da febre amarela urbana e do dengue em todo o mundo. É doméstico e antropofílico, com atividade hematofágica diurna e utiliza-se preferencialmente de depósitos artificiais de água limpa para colocar seus ovos (CDC, 2009; TAUIL, 2001). É notável que desde o ano de 1990 a incidência do dengue tem crescido em todas as regiões do País. Contudo, até março de 2009, os casos de dengue caíram no Brasil. O balanço parcial de casos, divulgado Ministério da Saúde, aponta que nas dez primeiras semanas do ano citado foram notificados 114.355 casos da doença, representando uma queda de 28,6% em relação ao mesmo período de 2008, quando 160.137 pessoas foram vítimas do mosquito (BRASIL, 2009c). Com esta redução não deixa o cidadão livre dos meios de evitar a proliferação do mosquito, contudo estudos são realizados para o combate desta epidemia. O cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) é da família Myrtaceae, é uma árvore de grande porte, seu ciclo vegetativo alcança mais de cem anos. Da China é que veio a primeira indicação do uso do cravo-da-índia como condimento, remédio e elemento básico para elaboração de perfumes especiais e incensos aromáticos. De acordo com algumas literaturas, o cravo-da-índia é a gema floral seca, sendo usado principalmente como condimento na culinária, devido ao seu marcante aroma e sabor, conferido por um composto fenólico volátil, o eugenol. O eugenol apresenta-se como um líquido incolor a amarelo claro (que escurece quando exposto à luz), volátil, baixa solubilidade em água, cheiro forte e aromático de cravo, sabor ardente e picante, sendo o componente majoritário do óleo essencial do Syzygium aromaticum.
Material e métodos
Obtiveram-se amostras autênticas do fruto do Syzygium aromaticum (cravo da índia) no comercio de São Luís. Fez-se a extração do óleo essencial por meio de destilação por arraste de vapor de água em um sistema extrator de Clevenger no Laboratório de Físico-Química e Microbiologia de Alimentos do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água – PCQA da Universidade Federal do Maranhão. Na caracterização das propriedades físicas do óleo essencial foram realizadas as análises de densidade, solubilidade em etanol a 90%, índice de refração, rendimento do óleo, cor e aparência. Como os ovos do Aedes aegypti não são postos diretamente na água, mas sim milímetros acima de sua superfície, principalmente em recipientes artificiais, foi preparada uma armadilha simples para coleta desses ovos. As larvas foram identificadas como Aedes aegypti por técnicos do Laboratório do Núcleo de Patologia Tropical e Medicina Social do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão. Para realização do teste de toxicidade, as larvas selecionadas no terceiro estágio foram transferidas para um béquer contendo 20 mL de água mineral (26- 28ºC). Os controles positivos foram realizados com o organofosforado temephos em larvas do Aedes aegypti, na concentração utilizada pela Vigilância Sanitária que é de 100 µg L-1. Os controles negativos foram realizados com 20 mL de água mineral (26-28ºC) contendo 0,04% de Tween. As larvas foram expostas às soluções por 24 horas, sendo monitoradas de hora em hora. Ao fim dos períodos registrou- se a mortalidade. Para o preparo da solução teste, pesou-se 20 mg do óleo essencial em um recipiente, para cada mililitro da solução teste e, em seguida, foi adicionada uma gota de solvente do tipo Tween 80 sobre o óleo, fazendo-se então a homogeneização.
Resultado e discussão
Quanto à densidade o óleo essencial apresentou valor baixo com media de 0,973,
esse fato se deve devido à elevada quantidade de hidrocarbonetos terpênicos.
Quanto à solubilidade o óleo essencial apresentou um valor médio de 1:2 (1
volume de óleo essencial para 2 volumes de álcool etílico a 90 ºGL). A
solubilidade do óleo essencial será tanto maior quanto maior sua composição em
componentes oxigenados. Por esse método pode se determinar a possibilidade de
adição de certos adulterante, que não são solúveis em álcool etílico. O índice
de refração obtido para o óleo essencial apresentou-se semelhante ao encontrado
na literatura. Elevado índice de refração é característica inerente aos óleos
essenciais, podendo ser utilizado como indicativo de pureza destes produtos
(SIMÕES & SPITZER, 1999).
A atividade larvicida do óleo essencial foi testada em seis concentrações
diferentes: 20, 50, 70, 90, 100 e 120 µg mL-1, sendo n é o número de larvas do
mosquito Aedes aegypti utilizadas no ensaio larvicida para cada concentração
(totalizando 10 larvas por ensaio). Para cada concentração os testes foram
realizados em quintuplicata. Os dados sobre o número de larvas vivas e de larvas
mortas foram encontrados através de uma média das cinco repetições para cada uma
das seis concentrações testadas.
De acordo com a Tabela, a partir da concentração de 70µg mL-1 do óleo essencial
a atividade larvicida foi constante, provocando a morte de 100% dos indivíduos
testados, ou seja, 10 larvas.
Atividade larvicida
Caracterização físico-química
Conclusões
No presente estudo as constantes físicas do óleo essencial do Cravo da Índia (Syzygium aromaticum), apresentaram resultados satisfatórios no que se diz respeito à avaliação da qualidade do óleo extraído. Nesse contexto o óleo do Syzygium aromaticum (cravo-da-índia), pode oferecer uma alternativa larvicida natural no combate ao dengue. Os resultados foram considerados promissores, no entanto, pesquisas adicionais são necessárias para que se proporcione o uso deste óleo essencial para essa finalidade contra o Aedes aegypti.
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de Controle da Dengue. 2009 a.
CDC, Centers for Disease Control and Prevent. Division of vector-borne infections diseases. Dengue fever. Disponível em:<http://www.cdc.gov/ncidod/dvbid/dengue>. Acessado em 10 abr. 2009.
TAUIL, P.L. Urbanização e Ecologia do Dengue. Caderno de Saúde Pública, 17, 99-102, 2001. Suplemento.
SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: UFRGS, 821p.