ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Martins, V.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, A.A.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Alves, D.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Alves, D.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Neto, J.F.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Sousa, H.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Júnior, J.T.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Morais, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)
Resumo
Este trabalho objetivou identificar os constituintes fitoquímicos e avaliar as atividades antioxidante e citotóxica do extrato etanólico das folhas do marmeleiro preto (Croton sonderianus Muell. Arg.). Os testes fitoquímicos indicaram a presença de taninos, esteroides e flavonoides. A análise de fenóis dos extratos revelou um teor de 34,313 ± 1,736 mg de equivalência de Ácido Galico/ grama (EAG/g) de fenóis, representando 3,431%. A atividade antioxidante mostrou uma ação moderada com CI50 = 232 ± 13 µg/mL. O ensaio com Artemia sp. mostrou uma CL50 de 167,30 (98,39 - 298,46) µg/mL. Conclui-se que o extrato de C. sonderianus apresenta potencial biológico, e corrobora suas atividades relatadas relacionando-as aos seus constituintes químicos.
Palavras chaves
Croton sonderianus.; Artemia sp.; Antioxidante.
Introdução
A espécie Croton sonderianus Müll. Arg. é popularmente conhecida como marmeleiro preto e pertence à família Euphorbiaceae que inclui cerca de 300 espécies. É um arbusto predominante da Caatinga. Espécies desse gênero são frequentemente utilizadas na medicina popular (na forma de infusões, chás e emplastos) para aliviar a dor (ABREU et al., 2001). As folhas e cascas são usadas para o tratamento de distúrbios gastrintestinais, reumatismo e cefaléia (MATOS, 1999). No estudo das folhas de C. sonderianus foi relatada, de acordo com Morais et at. (2006), a atividade larvicida contra Aedes aegypti devido à presença de a-pineno (10.49%), b-felandreno (18.21%) e trans- cariofileno (10.38%) compostos e, por Santos et al (2005), também foi demonstrada a atividade analgésica do óleo essencial em experimentos com ratos. O estudo do caule e raízes mostrou a presença de diterpenos do tipo clerodanos com propriedades antimicrobianas (McChesney; Clark; Silveira, 1991). Na busca de novas atividades do marmeleiro preto, objetivou-se neste trabalho fazer o estudo da prospecção fitoquímica e da atividade antioxidante e citotóxica do extrato etanólico das suas folhas - EEFMP.
Material e métodos
A partir das folhas do C. sonderianus, obteve-se o extrato etanólico por maceração durante 07 dias. Os testes fitoquímicos qualitativos de taninos, fenóis, esteroides e triterpenos foram realizados de acordo com Matos (2009). Estes testes foram baseados na observação visual das mudanças de cor e/ou na formação de precipitado após a adição dos reagentes específicos. A atividade antioxidante foi seguida pelo método de varredura do radical livre DPPH, descrito por Brand-Willians (1995). Os valores encontrados foram aplicados no Programa estatístico Origin 7.0 para o cálculo da concentração que inibe 50% dos radicais livres da solução (CI50). A Rutina foi usada como droga padrão. Todos os experimentos foram feitos em triplicata. O teor de fenóis foi determinado com base em Funari e Ferro (2006). A leitura foi realizada a 425 nm, em espectrofotômetro UV/VIS. Todas as análises foram realizadas em triplicata. O ensaio de toxicidade em Artemia sp. foi realizado de acordo com o método proposto por Meyer et al. (1982), com algumas modificações. O EEFMP foi dissolvido em dimetilsulfoxido (DMSO) e água do mar artificial nas concentrações de 1.000, 100, 10 e 1 μg/mL. Um grupo controle foi preparado contendo apenas o DMSO, água salina e as larvas. Os ensaios foram realizados em triplicata. A contagem das larvas mortas foi realizada após 24 horas e esse número, usado para o cálculo da CL50 utilizando o programa SPSS Statistics®.
Resultado e discussão
Os testes qualitativos para identificar as principais classes de metabólitos
secundários do EEFMP foram realizados com base em Matos (2009). Estes ensaios
identificaram a presença de grupos de compostos químicos, com relevantes
propriedades biológicas já descritas na literatura, como taninos, flavonoides,
fenóis totais e esteroides livres.
Com base na prospecção fitoquímica foi quantificado o teor de fenóis, obtendo os
seguintes valores: 34,313 ± 1,736 mg de equivalência de Ácido Galico/ grama de
extrato (EAG/g) de fenóis, representando 3,431%. A presença de compostos
fenólicos, indica que este extrato bruto pode ter potencial atividade biológica.
No que se refere às as atividades biológicas, a atividade antioxidante de
moléculas naturais indica o potencial destes para o estudo e desenvolvimento de
fármacos para inúmeros distúrbios que afetam o homem, como por exemplo, a
leishmaniose, que causa um elevado estresse oxidativo.
Portanto, antioxidantes naturais têm elevado valor para pesquisas farmacêuticas.
O teste para avaliar a atividade antioxidante do EECMP foi feito com base na
captura do radical livre DPPH. Este ensaio indicou que o extrato em estudo
apresenta atividade antioxidante com IC50 (concentração do extrato que inibe 50%
do radical livre DPPH) de 232 ± 13,0 µg/mL, atividade considerada moderada
quando em comparação com o padrão de Rutina, cujo valor de IC50 é de 13,78 ±
0,25 µg/mL.
O ensaio de toxicidade frente à Artemia sp. é um bom indicativo de
citotoxicidade quando a CL50 < 1000 ppm (BARBOSA et al., 2009). EEFMP apresentou
uma CL50 de 167,30 (98,39 – 298,46) µg/mL, o que indica potencial biológico já
que o resultado foi abaixo de 1000 ppm. Este resultado corrobora as atividades
relatadas de seus constituintes.
Conclusões
O extrato etanólico das folhas do C. sonderianus revelou nos testes fitoquímicos a presença de taninos, flavonoides, fenóis e esteroides livres. Observou-se uma atividade de sequestro do Radical Livre DPPH moderada e bom potencial de bioatividade, no teste de Artemia sp. Os tipos de substancias identificadas são responsáveis por diversas atividades de interesse medicinal como antioxidante, bactericida e leishmanicida. Deste modo, os resultados encontrados confirmam o C. sonderianus como planta medicinal da Caatinga.
Agradecimentos
Referências
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