Estudo fitoquímico do extrato metanólico das folhas e avaliação da atividade antioxidante das partes aéreas de Actinocephalus divaricatus (Eriocaulaceae)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva, A.C.Z. (IQ-UNESP-ARARAQUARA) ; Costa, D.L.M.G. (IFMT - CAMPUS BELA VISTA) ; Sano, P.T. (INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - USP/SP) ; Santos, L.C. (IQ-UNESP-ARARAQUARA)

Resumo

Este trabalho descreve o estudo fitoquímico do extrato metanólico das folhas e a avaliação da atividade antioxidante utilizando DPPH dos extratos metanólicos das partes aéreas (capítulos, escapos e folhas) de Actinocephalus divaricatus, pertencente à família Eriocaulaceae.

Palavras chaves

Actinocephalus; fitoquímica; antioxidante

Introdução

A sect. Actinocephalus (Koern.) Ruhland, pertencente ao gênero Paepalanthus, recentemente foi elevada a um novo gênero Actinocephalus (Koern.) Sano. Desde então, o gênero Actinocephalus inclui 25 espécies e é caracterizada como exclusivamente brasileira, com indivíduos ocorrendo por toda região geográfica do país. No entanto, esta distribuição ocorre somente para um número reduzido de espécies, sendo a maioria delas restrita a região sudeste, mais especificamente à cadeia do Espinhaço pertencente ao estado de Minas gerais e também ao Estado da Bahia (SANO, 2004). O gênero Actinocephalus pode ser distinguido de outros táxons pela presença de flavonoides glicosilados acilados, assim como derivados de paepalantina glicosilados. Portanto, o caráter químico reforça Actinocephalus como um gênero distinto e separado do gênero Paepalanthus (Sano, 2004; DOKKEDAL et al, 2008). Contudo, a espécie Actinocephalus divaricatus não possui estudos químicos e biológicos citados na literatura, portanto este estudo contribuirá para enriquecer a discussão do gênero Actinocephalus.

Material e métodos

Na primeira etapa deste trabalho, o botânico especialista em Eriocaulaceae Prof. Paulo Takeo Sano do Instituto de Biociências da USP de São Paulo, realizou a coleta das partes aéreas frescas de A. divaricatus. Uma excicata foi devidamente identificada e depositada no Herbário do IB-USP São Paulo. As partes aéreas frescas foram separadas (capítulos, escapos e folhas), secas e moídas. O pó de cada parte da planta foi percolado com metanol, obtendo seus respectivos extratos metanólicos. A seguir, os perfis cromatográficos dos extratos foram analisados por HPLC-PDA (High Performance Liquid Chromatography - Photodiode Array Detector), modo analítico. Para o fracionamento do extrato metanólico das folhas de A. divaricatus realizou-se a separação em MPLC (Medium Pressure Liquid Chromatography), empregando o conceito scale-up no desenvolvimento de métodos de separação em modo analítico para a transposição em modo preparativo (MAJORS, 2004). As separações cromatográficas do extrato foram realizadas ambos em fase reversa utilizando como eluente metanol/água, e para a transposição do método utilizou-se o simulador computacional HPLC Calculator v3.0 (GUILLARME et al, 2008). A purificação e isolamento das frações obtidas foi realizada em HPLC-PDA semi-preparativo, fase reversa e eluente metanol/água. Para avaliar a atividade antioxidante, foi utilizada a metodologia em que a determinação da percentagem de eliminação de radicais livres da molécula é feita com o auxílio do DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila) (BRAND- WILLIAMS; CUVELIER; BERSET, 1995).

Resultado e discussão

O perfil químico por HPLC-PDA dos extratos metanólicos das partes aéreas de A. divaricatus, (capítulos, escapos e folhas) evidenciou diferenças de metabólitos existentes nestas partes. Nos capítulos estão presentes as naftopiranonas enquanto que nos escapos e folhas estão concentrados os flavonoides. Esta afirmação pôde ser confirmada pelos padrões espectrais no ultravioleta desses metabólitos. Do fracionamento do extrato metanólico das folhas foi possível identificar por meio da análise dos dados de RMN de 1H, 13C e dados da literatura, um flavonoide metoxilado, 6-hidroxi-7-metoxi-kaempferol-3-O-β-glicopiranosídeo (FIG. 1) e em mistura duas naftopiranonas, 10-hidroxi-5,7-dimetoxi-3-metil-1H-nafito [2,3 c] piran-1-ona-9- O-β-D-glicopiranosil-(6→1)-O-β-D-alopiranosídeo e a vioxantina (FIG.2). A atividade antioxidante foi avaliada por comparação dos valores de IC50 que foram calculados para cada curva. Os extratos metanólicos das partes aéreas não atingiram o teor de redução dos radicais livres de 50% para as concentrações analisadas, enquanto que os valores encontrados para os padrões de controle foram: quercetina (IC50 = 48,87 ± 2,68 μg mL-1) e o ácido gálico (IC50 = 19,41 ± 1,23 μg mL-1). Deste modo, podemos constatar que as amostras não apresentam boa atividade antioxidante quando comparada com os padrões utilizados. Esse baixo teor antioxidativo pode estar relacionado com a estrutura de seus metabólitos constituintes. Como citado anteriormente, o gênero Actinocephalus é conhecido por possuir flavonoides glicosilados acilados; com isso, a glicosilação é responsável por reduzir sua atividade antioxidante (RICE-EVANS; MILLER; PAGANGA, 1996).

Figura 1.

Estrutura do flavanoide (6-hidroxi-7- metoxikaempferol-3-O-β-D-glicopiranosídeo).

Figura 2.

Estrutura de (A) 10-hidroxi-5,7-dimetoxi-3-metil-1H- nafito [2,3 c] piran-1-ona-9-O-β-D-glicopiranosil- (6→1)-O-β-D-alopiranosídeo e (B) vioxantina.

Conclusões

O perfil químico dos extratos metanólicos das partes aéreas de A. divaricatus permitiu evidenciar diferenças de metabólitos existentes nestas partes. A utilização da estratégia de transposição linear (scale up) viabilizou o reconhecimento e o isolamento de um flavonoide metoxilado e o HPLC acoplado a um detector de ultravioleta viabilizou a purificação de uma mistura de naftopiranonas, sendo uma aglicona derivado da paeplantina e outra da vioxantina. Já o baixo valor encontrado na atividade antioxidante pode ser devido à relação estrutura-atividade de seus constituintes.

Agradecimentos

FAPESP, CNPq.

Referências

BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. L. W. T. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. LWT-Food Science and Technology, v. 28, n. 1, p. 25-30, 1995.
DOKKEDAL, A. L. et al. Chemistry in Eriocaulaceae. 2008.
GUILLARME, Davy et al. Method transfer for fast liquid chromatography in pharmaceutical analysis: Application to short columns packed with small particle. Part II: Gradient experiments. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 68, n. 2, p. 430-440, 2008.
MAJORS, Ronald E. The role of the column in preparative HPLC. LC. GC Europe, v. 17, p. 512-520, 2004.
RICE-EVANS, C. A.; MILLER, N. J.; PAGANGA, G. Structure-antioxidant activity relationships of flavonoids and phenolic acids.Free radical biology and medicine, v. 20, n. 7, p. 933-956, 1996.
SANO, P. T. [i]Actinocephalus[/i] (Körn.) Sano ([i]Paepalanthus[/i] sect. [i]Actinocephalus[/i]), a new genus of Eriocaulaceae, and other taxonomic and nomenclatural changes involving [i]Paepalanthus[/i] Mart. Taxon, v. 53, n. 1, p. 99-107, 2004.

Patrocinadores

CNPQ CAPES CRQ15 PROEX ALLCROM

Apoio

Natal Convention Bureau Instituto de Química IFRN UFERSA UFRN

Realização

ABQ