ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Alves, D.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Liberato, H.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Vieira, L.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Vasconcelos, F.R. (REDE NORDESTE DE BIOTECNOLOGIA) ; Cavalcante, G.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Martins, C.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Morais, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA)
Resumo
O Caryocar brasiliensis Cambess, popularmente chamado de “pequi”, pode constituir uma alternativa viável de fitoterápico. Foram preparados extratos etanólicos da polpa (EEPP) e da casca (EECP) do fruto do pequi. Estes foram expostos à prospecção fitoquímica, e a avaliação das atividades antioxidante (DPPH), acetilcolinesterásica (AChE) e toxicidade (Artemia sp.). Na atividade antioxidante EEPP e EECP apresentaram IC50 49,42 µg/mL e 25,54 µg/mL, respectivamente, que foram comparados a rutina (13,74 µg/mL). Na inibição da enzima AChE EEPP e EECP apresentaram halo 8mm próximo ao padrão fisostigmina (9 mm). O extrato da polpa apresentou-se citótoxico (CL50 1,80 µg/mL) e a casca não apresentou potencial de atividade biológica (>1000 µg/mL) como padrão foi utilizado K2Cr2O7 (CL50 11,01 µg/mL).
Palavras chaves
Caryocar brasiliensis C.; antioxidante; acetilcolinesterase
Introdução
O gênero Caryocar possui ampla distribuição, sendo representado em diversos biomas brasileiros, tais como o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atlântica e a Amazônia. O Caryocar brasiliensis CAMBESS destaca-se pela importância de uso pela culinária regional e como terapêutico, no tratamento de tosses, bronquites e resfriados (VIEIRA; MARTINS, 2000). Este fruto, em geral, é geralmente consumido na forma in natura ou processada, fazendo parte da formulação de pratos salgados e doces. Também é usado como condimento e na elaboração de bebidas, entretanto, poucos trabalhos revelaram o potencial latente de seus constituintes. Sob o aspecto nutricional, o pequi apresenta uma polpa rica em antioxidantes da família dos carotenóides, compostos fenólicos e apresenta bom perfil de ácidos graxos insaturados (ROESLER et al., 2007). Devido à necessidade de elucidar as propriedades dos metabólitos constituintes deste fruto frente à composição química, às atividades e à toxicidade, realizou- se a seguinte pesquisa. O presente trabalho expõe a avaliação de extratos etanólicos da polpa e da casca do fruto de C. brasiliensis onde, os mesmos foram coletados no Campus do Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e destes foram preparados extratos etanólicos. O potencial biológico destes extratos foi avaliado, verificando-se as suas atividades antioxidante, anti-colinesterásica e a citotoxidade (Artemia sp.).
Material e métodos
Os frutos in natura de C. brasiliensis foram adquiridos no Campus do Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (UECE) em estádio de maturação maduro. Obtiveram-se os extratos da casca e da polpa por maceração em etanol 70% e posteriormente o solvente foi concentrado em rotaevaporador (PIZZOLATTI et al., 2003). Os testes fitoquímicos qualitativos de fenóis, taninos, esteróides, alcalóides e flavonóides baseavam-se na observação visual colorimétrica e/ou formação de precipitado (MATOS, 1988). Foi utilizado um espectrofotômetro UV-VIS para a quantificação de compostos fenólicos (750 nm), do teor de flavonoides totais (425 nm) e a determinação da atividade sequestradora de radical livre DPPH (515 nm), assim, a primeira utiliza o ácido gálico como curva padrão (SOUSA et al., 2007). A segunda utiliza a quercetina como curva padrão (FUNARI; FERRO, 2006). Nos ensaios de DPPH, foram utilizados gradientes de concentração dos extratos diluídos em metanol e o reagente oxidante, seus valores de absorbância expressos em índice de varredura (IV%) e desvio padrão (BRAND-WILLIAMS et al., 1995), para a obtenção do CE50 através da equação da reta. Para a atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase (AChE) as amostras foram aplicadas em cromatoplaca, após a adição dos reagentes o aparecimento de halos brancos em torno dos “spots” das amostras são indicativos da inibição da enzima AChE. Foi utilizado como padrão a fisostigmina (ELLMAN et al., 1961; RHEE et al., 2001). O teste de letalidade em Artemia sp., adaptado de Meyer et al. (1982) e Barbosa et al. (2009), utilizou como controle positivo dicromato de potássio. Após a obtenção do LC50, foram considerados tóxicos valores <1000µg/mL. Todos os ensaios foram realizados em triplicata.
Resultado e discussão
Na prospecção fitoquímica o EEPP apresentou os metabólicos secundários
alcaloides, catequinas, esteroides, fenóis, flavonoides, saponinas e taninos, o
EECP apresentou os mesmo com exceção das catequinas, como demonstrado na tabela
01, corroborando com Perez (2004) e Morais et al. (2011). O EEPP apresentou 24,5
± 3,5 mg equivalência de ácido gálico/grama(EAG/g) de fenóis totais, resultando
em um teor de 2,45% e 1,334 ± 0,21 mg equivalência de quercetina/grama (EQ/g) de
favonóides, resultando em teor de 0,83%. O EECP apresentou 55,6 ± 7,9 mg EAG/g
de fenóis totais, resultando em um teor de 5,56% e 3,881 ± 0,09 mg EQ/g de
favonóides, resultando em teor de 2,42%.
No que se refere às as atividades biológicas, a tabela 2 apresenta os resultados
obtidos para EEPP, EECP, e para as respectivas substâncias padrão. Quanto à
atividade antioxidante, para EEPP a atividade foi considerada moderada e para
EECP à atividade é equivalente em comparação ao padrão, entretanto as mesmas
demonstraram-se melhor que resultados obtidos por Mazzi et al., (2001) e Perez
(2004), demonstrando a potencial atividade fotoprotetora destes extratos. Tanto
o EEPP, quanto o EECP, apresentaram inibição da enzima acetilcolinesterase
comparável ao apresentado pela fisostigmina, substância padrão. No ensaio de
toxicidade frente a Artemia sp., a concentração letal a 50% dos
microcrustáceos de EEPP apresentou toxicidade e de EECP não apresentou atividade
biológica.
Conclusões
A prospecção fitoquímica demonstra que os extratos apresentaram alcaloides, catequinas, esteroides, fenóis, flavonoides, saponinas e taninos. Revelam boa atividade antiacetilcolinesterase, EEPP apresentou atividade antioxidante moderada e EECP possui boa atividade, quanto a toxicidade frente a Artemia sp., EEPP apresentou toxicidade e de EECP não apresentou toxicidade, corroborando com o potencial farmacológico e fitoterápico da espécie.
Agradecimentos
Ao CNPQ / À UECE
Referências
BARBOSA, T. P.; JUNIOR, C. G. L.; SILVA, F. P. L.; et al. Improved synthesis of seven aromatic Baylis-Hillman adducts (BHA): evaluation against Artemia salina Leach. and Leishmania chagasi. European journal of medicinal chemistry, v. 44, n. 4, p. 1726–30, 2009.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. LWT - Food Science and Technology, v. 28, n. 1, p. 25–30, 1995.
ELLMAN, G. L.; COURTNEY, K. D.; ANDRES, V. JR.; FEATHERSTONE, R. M. A NEW AND RAPID COLORIMETRIC OF ACETYLCHOLINESTERASE DETERMINATION OF ACETYLCHOLINESTERASE ACTIVITY. Biochemical Pharmacology,, v. 7, p. 88–95, 1961.
FUNARI, C. S.; FERRO, V. O. Análise de própolis 1. , v. 26, n. 1, p. 171–178, 2006.
MATOS, F. J. A. Introduçao a Fitoquimica Experimental. 1st ed. Fortaleza: Edições UFC, 1988.
MAZZI, D.; FIGUEIREDO, P. A.; CLEANTE, B. V.; et al. Atividade antioxidante e fotoprotetora do extrato Caryocar brasiliensis . XXIV Congresso de Iniciaçao Científica da Unesp. Anais... , 2001.
MEYER, B. N.; FERRIGNI, N. R.; PUTNAM, J. E.; et al. Brine shrimp: a convenient general bioassay for active plant constituents. Planta medica, v. 45, n. 5, p. 31–4, 1982.
MORAIS, M. C. DE; DIAS, A. M.; LEITE, A. J. R. PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DAS FOLHAS DE CARYOCAR BRASILIENSE CAMBESS (CARYOCARACEAE) OCORRENTES NA BASE AÉREA DE ANÁPOLIS-GO. IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Anais... p.1–6, 2011.
PEREZ, E. DIAGNOSE FITOQUÍMICA DOS FRUTOS DE Caryocar brasiliense CAMB ., 2004. Universidade Federal do Paraná.
PIZZOLATTI, M. G.; JR, A. C.; SZPOGANICZ, B.; BRAZ-FILHO, R.; SCHRIPSEMA, J. FLAVONÓIDES GLICOSILADOS DAS FOLHAS E FLORES DE BAUHINIA FORFICATA (LEGUMINOSAE). Quim. Nova, v. 26, n. 4, p. 466–469, 2003.
RHEE, I. K.; MEENT, M. VAN DE; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of chromatography. A, v. 915, n. 1-2, p. 217–23, 2001.
ROESLER, R.; CARRASCO, L. C.; HOLANDA, R. B.; et al. Atividade antioxidante de frutas do cerrado Antioxidant activity of cerrado fruits. Ciênc. Tecnol. Aliment., v. 27, n. 1, p. 53–60, 2007.
SOUSA, C. M. D. M.; ROCHA, H.; VIEIRA-JR, G. M.; et al. FENÓIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE CINCO PLANTAS MEDICINAIS. Quim. Nova, v. 30, n. 2, p. 351–355, 2007.
VIEIRA, R. F.; MARTINS, M. V. M. Recursos genéticos de plantas medicinais do cerrado: uma compilação de dados. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 3, n. 1, p. 13–36, 2000.