VARIAÇÃO SAZONAL DOS ÁCIDOS CAFEOILQUÍNICOS EM Baccharis milleflora POR CLAE

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Besten, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA) ; Nunes, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA) ; Demiate, I. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA) ; Granato, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA) ; Zielinski, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA)

Resumo

Neste trabalho são analisados os extratos aquosos de Baccharis milleflora de materiais coletados pelo período de um ano. Os extratos foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência quantificando-se o conteúdo de monômeros e dímeros dos ácidos cafeoilquínicos: (E)-3-O- cafeoilquínico, (E)-5-O- cafeoilquínico, (E)-3,5-O-dicafeoilquínico, (E)-3,4-O-dicafeoilquínico e (E)-4,5- O-dicafeoilquínico que foram utilizados como padrões nas análises. O ácido (E)-3- O-cafeoilquínico apresentou maior proporção durante praticamente todo o período analisado.

Palavras chaves

Baccharia milleflora; ácidos cafeoilquínicos; CLAE

Introdução

Baccharis milleflora (Asteraceae) recebe este nome devido ao grande número de inflorescências e flores que apresenta (HEIDEN et al., 2009). Outras espécies do gênero mostraram que os ácidos clorogênicos são extraídos em proporções satisfatórias, sendo encontrados principalmente os ácidos mono e dicafeoilquínicos (MARQUES & FARAH, 2009; SIMÕES-PIRES et al., 2005a). Estes ácidos são importantes devido aos seus efeitos terapêuticos, os quais são atribuídos ao seu poder antioxidante. Apenas o óleo essencial de B. milleflora foi estudado anteriormente (AGOSTINI et al., 2005a; SIMÕES-PIRES et al., 2005b) não havendo relatos sobre estudos de extratos contendo compostos fenólicos desta espécie vegetal.

Material e métodos

Cladódios de Baccharis milleflora foi coletados entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013 na posição geográfica 25º08'20,50'' Sul e 49º58'52,56'' Oeste, sendo as exsicatas depositadas no Museu Botânico Municipal de Curitiba sob número 934123. Cerca de 2 gramas de cladódios de cada amostra foram trituradas e refluxadas em 40 mL de água por 15 minutos. Foram utilizados os padrões de (E)-3-O-cafeoilquínico, (E)-5-O-cafeoilquínico, (E)-3,5-O-dicafeoilquínico, (E)-3,4-O-dicafeoilquínico e (E)-4,5-O-dicafeoilquínico, cujas curvas de calibração foram utilizadas para as quantificações nas amostras. Utilizou-se um aparelho de CLAE Waters com detector de arranjo de diodos. A separação foi realizada numa coluna Nucleosil® C18 (4,6 mm x 150 mm, 5 μ). Foi utilizada como fase móvel ácido fórmico 0,3% (A) e acetonitrila 100% (B) na seguinte programação: 5 a 45% de B (0-30 min), 45 a 90% de B (30-35 min), 90% de B (35-40 min), 90 a 5% de B (40-42 min), seguido-se a lavagem e o recondicionamento da coluna. O fluxo foi mantido em 0,8 mL/min e os ensaios foram monitorados a 320 nm.

Resultado e discussão

Todos os padrões parecem ter um ciclo de altas e baixas concentrações durante o ano (Figura 1), pois são observados aumentos nas concentrações dos compostos nas coletas de 18/11/2012, 18/04/2013 e 07/08/2013, e diminuições nas coletas intermediárias, em 13/01/2013, 06/06/2013 e 10/12/2013 (Figura 1 e Tabela 1). O ácido (E)-3-O-cafeoilquínico é o componente principal com concentrações que variam de 12,66+1,49 a 299,08+4,44 μg/mL nos extratos durante todo o período considerado, seguido dos ácidos (E)-3,5-O-dicafeoilquínico (17,13+1,52 a 254,87+38,82 μg/mL) e (E)-3,4-O-dicafeoilquínico (16,53+4,81 a 272,54+48,25 μg/mL), sendo que estes se alternam em importância relativa das concentrações nos meses de abril e agosto. O ácido (E)-5-cafeoilquínico é o componente menos expressivo na planta, que varia de 7,34+1,53 a 30,99+7,25 μg/mL, e não esteve presente na coleta do mês de dezembro de 2013, onde se observou uma diminuição drástica de todos os componentes.







Conclusões

O perfil dos compostos ácidos fenólicos de B. milleflora foi investigado, e foi possível verificar a presença maciça dos ácidos cafeoilquínicos nos extratos aquosos desta espécie vegetal, tendo como compostos majoritários os ácidos (E)-3- O-cafeoilquínico, (E)-3,5-dicafeoiloquínico e (E)-3,4-dicafeoilquínico. A composição não é constante no decorrer do ano, apresentando picos de máximo e de mínimo.

Agradecimentos

Apoio financeiro do PROAP-CAPES e do PROAP-UEPG; Bolsa de Doutorado (CNPq, M. A. Besten); Bolsa de Pesquisa (CNPq, D. S. Nunes).

Referências

AGOSTINI, F.; SANTOS, C.; ROSSATO, M.; PANSERA, M.; ZATTERA, F.; WASUM, R.; SERAFINI, L.A. Estudo do óleo essencial de algumas espécies do gênero Baccharis (Asteraceae) do sul do Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.15, n.3, p. 215-220, 2005.
HEIDEN, G.; IGANCI, J.R.V.; MACIAS, L. Baccharis sect. Caulopterae (Asteraceae, Astereae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Rodriguésia, v. 60, n.4, p. 943-983, 2009.
MARQUES, V.; FARAH, A., Chlorogenic acids and related compounds in medicinal plants and infusions. Food Chemistry, v. 113, p. 1370-1376, 2009.
SIMÕES-PIRES, C.; QUEIROZ, E. F.; HENRIQUES, A. T.; HOSTETTMANN, K. Isolation and on-line identification of antioxidant compounds from three Baccharis species by HPLC-UV-MS/MS with post-column derivatisation. Phytochemical Analysis, v. 16, p. 307-314, 2005a.
SIMÕES-PIRES, C.; DEBENEDETTI, S.; SPEGAZZINI, E.; MENTZ, L. A.; MATZENBACHER, N. I.; LIMBERGUER, R. P.; HENRIQUES, A. T. Investigation of the essential oil from eight species of Baccharis belonging to sect. Caulopterae (Asteraceae, Asterae): a taxonomic approach. Plant Systematics and Evolution, v. 253, p. 23-32, 2005b.

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